CPIs sobre PCC, Comando Vermelho e milícias avançam no Senado e na Câmara

Política
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O Senado e a Câmara poderão instalar em breve comissões parlamentares de inquérito (CPIs) para investigar facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), além das milícias. No Senado, o requerimento foi protocolado nesta quinta-feira , 06, pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE). Já na Câmara, um pedido foi apresentado por Kim Kataguiri (União-SP). No requerimento de Kim, o foco são as reuniões de supostos integrantes das facções com representantes do governo Lula (PT), reveladas por reportagens do Estadão.

A proposta mais avançada é a de Alessandro Vieira, no Senado. Segundo ele, o requerimento já tem as 27 assinaturas necessárias, e conta com o apoio do novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). No pedido, Vieira fala sobre a necessidade de investigar as causas do aumento do poder das facções e de estudar os casos dos Estados que conseguiram conter o problema, como Santa Catarina.

Dentre as 27 assinaturas coletadas por Vieira, predominam nomes de oposição - caso de Sérgio Moro (União-PR), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ). "Se está diante de um preocupante estado de coisas, o qual torna imprescindível a atuação investigativa do Poder Legislativo, através de CPI especialmente constituída para tanto, como forma de oferecer ao país soluções legislativas", diz um trecho do requerimento.

O pedido de Kim Kataguiri tem como objeto a possível influência do PCC e do Comando Vermelho nas políticas públicas para o setor carcerário. No pedido, o deputado federal cita a participação de dirigentes da ONG Pacto Social & Carcerário de S.P em reuniões nos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos; e as reuniões de Luciane Barbosa Farias, a Dama do Tráfico, nas duas pastas. Ambos os casos foram revelados pelo Estadão. No fim de janeiro, os líderes da Pacto Social foram denunciados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), sob a acusação de integrar o PCC e de atuar de acordo com as ordens da facção.

"A participação dessas ONGs (como a Pacto Social) na formulação do Plano Pena Justa (determinado pelo Supremo Tribunal Federal) levanta suspeitas graves, que merecem ser investigadas. Temos cada vez mais indícios da complexidade e do tamanho do crime organizado no nosso país. E esse nível de infiltração dele na política institucional pode significar que estamos indo por um caminho sem volta. Acredito que teremos facilidade em coletar as 171 assinaturas necessárias (para a CPI)", diz Kataguiri. O deputado, que integra o Movimento Brasil Livre (MBL), pretende começar a coleta de assinaturas na segunda-feira.

"A crise na Segurança Pública é provavelmente o maior problema nacional, com impactos negativos em todos os aspectos da vida dos brasileiros, mas há muito tempo o debate fica restrito a trocas de farpas entre adeptos do populismo penal (bandido bom é bandido morto) e da abordagem exclusivamente sociológica (pomba branca e passeata pela paz)", diz Alessandro Vieira.

"Por que alguns Estados apresentam bons números históricos, como Santa Catarina, ou conseguiram reduções expressivas nos indicadores de violência, como Sergipe, enquanto outros seguem em uma situação trágica, a exemplo do Rio de Janeiro e do Amapá? É uma pauta urgente do Brasil e precisa fugir da armadilha paralisante da polarização", argumenta o senador.

Relembre os casos

Em novembro de 2023, o Estadão revelou que a mulher de um líder do Comando Vermelho no Amazonas participou de reuniões com dirigentes dos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos no governo Lula (PT). Ex-estudante de Direito, Luciane Barbosa Farias é casada com Clemilson Farias, o Tio Patinhas, ex-líder do Comando Vermelho no Amazonas. Ela se reuniu com o então titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) do Ministério da Justiça, Rafael Velasco Brandani, levada pela advogada criminalista Janira Rocha. Janira recebeu pagamentos de cerca de R$ 23 mil de um integrante do Comando Vermelho dias antes de uma das reuniões.

Na semana passada, a Justiça Federal decretou a prisão de Luciane Barbosa Farias pelos crimes de associação para o tráfico, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Ela se encontra foragida até o momento.

Além de Luciane Barbosa Farias, também se reuniram com dirigentes dos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos os representantes da ONG Pacto Social & Carcerário de S.P. Em meados de janeiro, a ONG foi alvo da operação Fake Scream, deflagrada pela Polícia Civil de São Paulo e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP. A investigação começou em 2021, quando policiais interceptaram um informe sobre as atividades da ONG destinado a presos do PCC.

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Um terceiro mandato presidencial não é algo que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "esteja considerando", afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, durante almoço com jornalistas da Associação de Correspondentes da Casa Branca (WHCA, na sigla em inglês) organizado pela Axios. Uma nova candidatura do republicano violaria a Constituição do país.

Ontem, o site de produtos da Trump Store passou a vender bonés com a frase "TRUMP 2028". Sobre o acessório, Leavitt disse que "é só um boné". O líder americano, no entanto, declarou no mês passado que "não estava brincando" sobre cumprir mais um mandato, e ressaltou que "há métodos para fazer isso".

Já em relação ao controle diário da rotação de repórteres em eventos presidenciais, Leavitt negou que o critério de escolha seja "ideológico". "Não tem a ver com ideologia. Tem a ver com ampliar a diversidade de veículos que têm acesso. Eu não vejo isso como restrições. Enxergamos como uma ampliação do acesso a mais veículos, mais vozes, mais notícias, jornalistas e publicações", pontuou.

Um oficial militar russo de alta patente morreu quando o carro em que estava explodiu na sexta-feira na cidade de Balashikha, a leste de Moscou, informou o Comitê Investigativo da Rússia.

O Comitê identificou o oficial como tenente-general Iaroslav Moskalik, vice-chefe da Diretoria Principal de Operações do Estado-Maior das Forças Armadas Russas, e informou ter aberto um processo criminal sobre o incidente.

"De acordo com os dados disponíveis, a explosão ocorreu como resultado da detonação de um dispositivo explosivo caseiro repleto de elementos destrutivos", afirmou o Comitê Investigativo em um comunicado.

Moskalik, 59 anos, fez parte de várias delegações estrangeiras russas de alto nível nos últimos anos, inclusive em pelo menos duas rodadas de negociações com a Ucrânia e autoridades ocidentais em 2015 e 2019, bem como uma visita em 2018 ao regime de Assad na Síria.

Pessoas próximas ao Ministério da Defesa dizem que sua influência dentro das Forças Armadas russas estava aumentando.

Mikhail Zvinchuk, um popular blogueiro militar russo com vínculos com o establishment da defesa, disse: "De acordo com as conversas nos bastidores, um cenário para a remodelação do pessoal no estado-maior geral tinha Moskalik sendo considerado como um possível chefe do centro de gestão da defesa nacional, principalmente devido à sua abordagem metódica e ponderação."

Natureza semelhante a ataques reinvindicados pela Ucrânia

A explosão parece ter sido de natureza semelhante a ataques anteriores contra russos que foram reivindicados pela Ucrânia e pode lançar uma sombra sobre as negociações de sexta-feira entre Moscou e Washington.

O presidente russo, Vladimir Putin, se reuniu nesta sexta-feira no Kremlin com o enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, para discutir as negociações de paz sobre a Ucrânia.

O Kremlin publicou um pequeno clipe que mostra Putin e Witkoff apertando as mãos e trocando gentilezas antes de se sentarem em lados opostos de uma mesa oval branca para iniciar a reunião a portas fechadas.

Putin foi acompanhado na reunião com Witkoff, que não possui credenciais diplomáticas formais, por seu conselheiro sênior de política externa, Yuri Ushakov, e pelo enviado de investimentos Kirill Dmitriev.

Trump tem valorizado a visita de Witkoff - sua quarta à Rússia nos últimos meses - alegando que um acordo de paz está ao alcance. "Os próximos dias serão muito importantes. As reuniões estão ocorrendo neste momento", disse Trump aos repórteres na quinta-feira. "Acho que vamos fazer um acordo... acho que estamos chegando muito perto."

Em uma entrevista à revista Times publicada na sexta-feira, Trump disse que "a Crimeia ficará com a Rússia", o mais recente exemplo do líder dos EUA pressionando a Ucrânia a fazer concessões para acabar com a guerra enquanto permanece sob cerco.

Durante a entrevista, Trump posou ao lado de um retrato de si mesmo que teria sido dado a ele por Putin, um aceno simbólico aos laços calorosos entre os dois líderes que enervaram a Ucrânia e grande parte da Europa.

A Reuters publicou na sexta-feira dois conjuntos de documentos que descrevem as propostas dos EUA e da Ucrânia para acabar com a guerra, revelando diferenças significativas em questões que vão desde concessões territoriais até sanções.

É improvável que o aparente assassinato ucraniano nas profundezas do território russo seja bem visto pelo governo Trump, que está desesperado para mostrar um progresso tangível na paz antes do 100º dia de Trump no cargo na próxima semana.

Apesar da recusa de Putin em concordar com um cessar-fogo e com os contínuos ataques com mísseis contra a Ucrânia, o presidente dos EUA criticou Volodmir Zelenski por causa das negociações de paz paralisadas, ao mesmo tempo em que adotou um tom mais cauteloso em relação ao líder russo.

O comitê investigativo russo disse que as explosões foram causadas pela detonação de um dispositivo explosivo improvisado com estilhaços. O comitê, que investiga crimes graves, disse que havia aberto um processo criminal.

O Baza, um canal do Telegram com fontes nas agências policiais da Rússia, disse que uma bomba em um carro estacionado na cidade de Balashikha, na região de Moscou, foi detonada remotamente quando o general, que morava no local, passou por ele.

Um vídeo que circula nas mídias sociais russas capturou o momento em que o carro explodiu, enquanto outras imagens mostraram o veículo completamente queimado.

Atentados ucranianos

Kiev ainda não comentou o incidente. Desde o início da invasão em grande escala, a Ucrânia tem como alvo dezenas de oficiais militares russos e autoridades instaladas na Rússia que Kiev acusou de cometer crimes de guerra no país. No entanto, pouco se sabe sobre as células clandestinas da resistência ucraniana envolvidas em assassinatos e ataques à infraestrutura militar na Rússia e em áreas controladas pela Rússia.

Em dezembro passado, os serviços de segurança da Ucrânia tinham como alvo outro general russo de alto escalão que foi morto depois que um dispositivo explosivo escondido em uma scooter elétrica foi detonado do lado de fora de um prédio de apartamentos em Moscou.

Na época, Keith Kellogg, representante especial nomeado por Donald Trump para a Ucrânia e a Rússia, criticou o assassinato do tenente-general Igor Kirillov, dizendo que isso poderia violar as regras de guerra.

Além de figuras militares, a Ucrânia tem como alvo proeminentes propagandistas russos pró-guerra, entre elas Daria Dugina, filha do ideólogo russo ultranacionalista Aleksander Dugin, que foi morta em 2023 quando uma bomba explodiu o Toyota Land Cruiser que ela dirigia. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Questionado sobre um acordo entre Rússia e Ucrânia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira, 25, que os países estão se aproximando. Ele citou que o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, estão em reunião na manhã desta sexta-feira.

Os comentários foram feitos minutos antes de o republicano embarcar com a primeira-dama, Melania Trump, para Roma, na Itália, devido ao funeral do papa Francisco.

A afirmação do presidente dos EUA nesta sexta-feira vem no dia seguinte a uma rara crítica dele realizada a Putin.

Após um ataque russo a Kiev, Trump postou na quinta-feira em sua rede social: "Vladimir, pare!"

Apesar da reprimenda, Trump não mudou a proposta dos EUA para um acordo de paz, que inclui o reconhecimento da anexação da Crimeia pela Rússia e a entrega de outros territórios, algo que o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse ser inaceitável.