Brasileiros rejeitam mudança na Ficha Limpa e se dividem sobre anistia, diz Pesquisa Atlas

Política
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Pesquisa AtlasIntel divulgada neste domingo, 16, mostra que a população rejeita de forma expressiva mudanças na Lei da Ficha Limpa e se divide sobre a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Os dois temas são centrais na agenda do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.

 

Segundo o levantamento, 83% dos entrevistados são contra a redução do prazo de inelegibilidade para políticos enquadrados na Lei da Ficha Limpa, enquanto apenas 14% apoiam a medida. Já a anistia aos envolvidos nos ataques golpistas às sedes do Três Poderes em Brasília divide opiniões: 51% são a favor e 49% contra, empate técnico na margem de erro.

 

A pesquisa, realizada para o programa GPS CNN, contou com respostas de 817 pessoas recrutadas de forma aleatória na internet entre os dias 11 e 13 de fevereiro. A margem de erro é de três pontos porcentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

 

Os maiores apoiadores da anistia aos golpistas são os eleitores que votaram em Bolsonaro no segundo turno de 2022 (99%) e os que se declaram evangélicos (93%). Por outro lado, a maior oposição ao projeto vem dos que votaram em Lula, com 96% contrários à medida.

 

Os eleitores de Bolsonaro mostram maior tolerância à flexibilização da Ficha Limpa. Entre os que votaram nele no segundo turno da última eleição presidencial, 58% são contra a mudança, mas 34% apoiam a mudança na lei. Já entre os eleitores de Lula, o posicionamento é absoluto: 100% rejeitam a proposta.

 

Inelegível até 2030 por duas condenações do TSE, Bolsonaro agora defende o fim da Lei da Ficha Limpa como caminho para voltar à disputa presidencial em 2026. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o ex-presidente disse que quer "acabar" com a Lei da Ficha Limpa.

 

Os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porém, contradizem essa tese, como mostrou reportagem do Estadão. Na última eleição municipal, por exemplo, PT e PL tiveram quase o mesmo número de candidatos barrados, apesar de o partido de Bolsonaro ter lançado mais nomes que o de Lula.

 

Para reabilitar o ex-presidente, a bancada bolsonarista da Câmara dos Deputados passou a articular a aprovação de um Projeto de Lei do deputado Bibo Nunes (PL-RS) que reduz de oito para dois anos o período de inelegibilidade para políticos condenados. A mudança abriria caminho para Bolsonaro voltar a concorrer à Presidência, mas, segundo especialistas, dependeria do aval do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Percepção sobre outras propostas em tramitação

 

O levantamento também traz a opinião dos brasileiros sobre outras propostas em tramitação na Câmara e no Senado Federal. O aumento do número de deputados federais enfrenta rejeição quase unânime, com 97% dos entrevistados contrários.

 

A manutenção do controle do Congresso sobre emendas parlamentares impositivas divide opiniões: 50% são contra, 32% a favor e 19% não souberam responder. Já o corte de gastos públicos é a medida mais bem-aceita, com 54% de apoio e 28% de rejeição.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.