Bolsonaro apresentou 'minuta do golpe' a comandantes das Forças Armadas, disse Cid em delação

Política
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse à Polícia Federal (PF) em acordo de colaboração premiada que a chamada "minuta do golpe" chegou a ser apresentada pelo ex-presidente aos comandantes das Forças Armadas. Segundo Cid, Bolsonaro mostrou apenas os fundamentos a serem implementados, sem mostrar as ordens de prisão do ministro Alexandre de Moraes e a realização de novas eleições. Teriam participado dessa reunião, no Palácio do Alvorada, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Batista Júnior.

Cid disse que o ex-presidente "queria pressionar as Forças Armadas para saber o que estavam achando da conjuntura". Ele disse que Garnier era favorável a uma intervenção militar, enquanto Batista Júnior era "terminantemente contra qualquer tentativa de golpe de Estado", e Freire Gomes "um meio-termo dos outros dois generais".

O tenente-coronel também disse à PF que haviam três grupos orbitando Bolsonaro na época. Um deles, mais conservador, aconselhava o presidente a "mandar o povo para casa e colocar-se como líder da oposição". Estavam entre esse grupo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o então Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o então Comandante da Aeronáutica, o Brigadeiro Batista Junior.

Outro grupo, classificado por Cid como "mais moderado", entendia que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições e era "totalmente contra" um novo regime militar. Esse grupo era composto por generais da ativa, "que eram as pessoas que Bolsonaro mais gostava de ouvir", como o general Freire Gomes, comandante do Exército na época, e Paulo Sergio Nogueira, então ministro da Defesa. Esse grupo "temia que o grupo radical trouxesse um assessoramento e levasse o presidente Jair Bolsonaro a assinar uma 'doidera'", disse Cid.

O terceiro grupo foi denominado por Cid como "radicais", e era composto por pessoas que queriam achar uma fraude nas urnas - como o general Eduardo Pazzuelo, ex-ministro da Saúde, e o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto.

Entre os mais radicais, a favor de um braço armado e de um golpe de Estado, Cid citou o ex-assessor internacional de Bolsonaro, Filipe Martins. Segundo Cid, foi Martins quem apresentou a Bolsonaro a minuta do golpe, um "decreto que determinava diversas ordens que prendia todo mundo", como os ministros do Supremo Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), então na presidência do Congresso. Segundo o delator, Bolsonaro leu o documento e manteve apenas a ordem de prisão de Moraes.

Na noite desta terça-feira, 18, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou Bolsonaro e outros 33 denunciados por cinco crimes - tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima, e deterioração de patrimônio tombado. Caso o Supremo aceite a denúncia, eles se tornarão réus numa ação penal.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou na manhã deste sábado que o presidente da Rússia, Valdimir Putin, terá, "mais cedo ou mais tarde" que se sentar à mesa para iniciar "negociações sérias" de paz.

Segundo o premiê britânico, Putin está tentando adiar um acordo de cessar-fogo de 30 dias, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky "mostrou mais uma vez e sem qualquer dúvida que a Ucrânia é a parte interessada na paz".

As declarações foram feitas em coletiva de imprensa neste sábado, quando 26 líderes internacionais se reúnem no Reino Unido a fim de apoiar uma eventual trégua entre a Ucrânia e a Rússia.

"O grupo que eu convoquei hoje é mais importante do que nunca. Ele reúne parceiros de toda a Europa, bem como da Austrália e da Nova Zelândia e continua apertando as restrições sobre a economia da Rússia para enfraquecer a máquina de guerra de Putin e trazê-lo à mesa de negociações. E concordamos em acelerar nosso trabalho prático para apoiar um potencial acordou", afirmou o premiê.

Starmer disse ainda que o grupo entrará "em uma fase operacional" e que militares dos respectivos países se reunirão na próxima quinta-feira, 20, no Reino Unido "para colocar em prática planos fortes e robustos, para apoiar um acordo policial e garantir a segurança futura da Ucrânia".

Segundo o premiê, "o apetite da Rússia pelo conflito e pelo caos mina a segurança do Reino Unido", o que encarece o custo de vida, inclusive os custos de energia. "Então isso importa muito para o Reino Unido. É por isso que agora é a hora de se engajar em discussões sobre um mecanismo para gerenciar e monitorar falsas bandeiras", afirmou.

Na quinta-feira, Putin havia dito que concorda com a proposta de cessar-fogo, mas pontuou que o acordo deve levar a uma paz duradoura e eliminar as "causas raízes do conflito".

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou há pouco que o exército russo está acumulando tropas ao longo da fronteira leste do país. Isso, segundo ele, "indica que Moscou pretende continuar ignorando a diplomacia" e tem a intenção de atacar a região de Sumy.

"Está claro que a Rússia está prolongando a guerra. Estamos prontos para fornecer aos nossos parceiros todas as informações reais sobre a situação no front, na região de Kursk e ao longo de nossa fronteira", disse Zelensky, em publicação na rede social X.

A publicação também afirma que a situação na direção da cidade de Pokrovsk foi estabilizada, e que as tropas ucranianas continuam retendo agrupamentos russos e norte-coreanos na região de Kursk.

Segundo Zelensky, o programa de mísseis da Ucrânia teve "resultados tangíveis", com o míssil longo Neptune testado e usado "com sucesso" em combate.

O presidente também disse que o Ministério de Defesa da Ucrânia apresentou um relatório sobre novos pacotes de apoio de outros países. "Sou grato a todos os parceiros que estão ajudando", acrescenta.

O Hamas disse neste sábado que só libertará um refém americano-israelense e os corpos de quatro pessoas de dupla nacionalidade, que morreram em cativeiro, se Israel implementar o atual acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. A organização chamou a proposta de um "acordo excepcional" destinado a colocar a trégua de volta nos trilhos.

Um alto oficial do Hamas disse que as conversas há muito adiadas sobre a segunda fase do cessar-fogo precisariam começar no dia da liberação de reféns e não ultrapassar uma duração de 50 dias. Israel também precisaria parar de barrar a entrada de ajuda humanitária e se retirar de um corredor estratégico ao longo da fronteira de Gaza com o Egito.

O refém americano-israelense Edan Alexander, 21 anos, cresceu em Nova Jersey, nos EUA, e foi raptado da sua base militar durante o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra. Ele é o último cidadão americano vivo detido em Gaza.

O Hamas também exige a liberação de mais prisioneiros palestinos em troca dos reféns, disse o oficial, que falou sob condição de anonimato.

Não houve comentários imediatos de Israel, onde os escritórios do governo estavam fechados para o Sabbath (descanso) semanal. O escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas na sexta-feira de "manipulação e guerra psicológica" quando a oferta foi inicialmente feita, antes de o Hamas detalhar as condições.