O que faz o ajudante de ordens? Cargo ocupado por Mauro Cid no governo Bolsonaro hoje está vago

Política
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou nesta quarta-feira, 19, o sigilo da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens da Presidência revelou detalhes sobre a atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 e no gabinete do ódio no Palácio do Planalto.

Um ajudante de ordens é um oficial militar designado para prestar assistência direta ao presidente da República. Ele atua como uma espécie de secretário pessoal, acompanhando o chefe do Executivo em agendas oficiais, reuniões reservadas e até no carro presidencial. Tradicionalmente, essa função é exercida por um militar da ativa, que tem acesso privilegiado a informações sensíveis, como contatos pessoais e a mala presidencial.

O presidente Lula, no entanto, optou por não ter um ajudante de ordens. Ao Estadão, o petista já afirmou que "perdeu a confiança" em parcela dos militares da ativa.

"Eu perdi a confiança, simplesmente. Na hora que eu recuperar a confiança, eu volto à normalidade", admitiu Lula ao ser questionado sobre se sentia ameaçado. Esta é a primeira vez que Lula abre mão de um ajudante de ordens. No lugar, o presidente se cercou de assessores de sua confiança.

A decisão ocorreu dias após os atos golpistas de 8 de janeiro. Após a fala, o governo federal dispensou 56 praças e oficiais das Forças Armadas e da Polícia Militar do Distrito Federal que exerciam funções de confiança no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e na Secretaria-Geral da Presidência (SGP).

Mauro Cid revelou detalhes sobre Bolsonaro e o plano de golpe

Mauro Cid atuou como ajudante de ordens do ex-presidente entre 2018 e 2022. Na delação, Cid se comprometeu a revelar detalhes sobre o esquema de ataques a opositores e instituições, tentativa de golpe de Estado, ataques às vacinas e medidas sanitárias na pandemia e uso indevido da estrutura do Estado para benefícios pessoais.

O tenente-coronel afirmou à Polícia Federal que entregou ao ex-presidente US$ 86 mil decorrentes da venda de joias recebidas como presentes enquanto chefe de Estado. O esquema da entrada ilegal de joias sauditas no País por Bolsonaro foi revelado em março de 2023 pelo Estadão.

No depoimento, Cid se queixou de Bolsonaro ter "se dado bem, ficado milionário", enquanto ele próprio "perdia tudo" e sua carreira estava "desabando". O ex-ajudante de ordens contou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estariam no grupo mais agressivo dos conselheiros do então presidente que defendiam a insistência na busca por fraude em urnas eletrônicas e por um golpe de Estado com um braço armado.

Além disso, o tenente-coronel também contou sobre o gabinete do ódio, também revelado pelo Estadão em 2019, afirmando que os participantes atuavam em uma "salinha pequenininha" que "não tinha nem janela" no mesmo andar do gabinete do ex-presidente. A defesa de Bolsonaro diz que delação de Mauro Cid é 'fantasiosa' e que nada o liga à tentativa de golpe.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.