Gleisi diz que não dá para comparar Moraes a Moro e chama denúncia da PGR de 'grande presente'

Política
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A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse que não é possível comparar a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes com a do senador Sérgio Moro (União-PR), ex-juiz responsável pela Operação Lava Jato. A deputada afirmou ainda que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi um "grande presente" para o partido.

As declarações foram dadas durante o evento de comemoração dos 45 anos da sigla, realizado nesta sexta-feira, 21, no Rio de Janeiro. "Comemoramos o aniversário do PT com um grande presente: a denúncia da PGR contra Bolsonaro. E essa denúncia tem uma data, 2021, quando o Lula foi inocentado. É nessa data que começam os ataques à democracia. Bolsonaro sabia que seria difícil derrotar Lula", afirmou a presidente do partido durante seu discurso.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas no inquérito do golpe na última terça-feira, 18. No dia seguinte, o ministro Alexandre de Moraes derrubou o sigilo da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, considerada um ponto de virada de inquéritos sensíveis contra o ex-presidente.

Moraes avisou a Cid que, se ele caísse em novas contradições durante o depoimento, sairia preso da audiência e que o acordo de colaboração seria revogado, retomando as investigações contra seus familiares.

Gleisi chegou a citar, em entrevista coletiva, que assistiu ao vídeo da oitiva do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e relembrou os depoimentos do presidente Lula ao então juiz Sérgio Moro, durante a Operação Lava Jato. Para a petista, o ministro do STF foi "duro", mas foi "extremamente correto".

"Não tem comparação. Não tem. O Alexandre pode ter sido duro. E eu acho que o magistrado é, quando faz as inquirições. Mas ele foi extremamente correto. Eu não vi coação ali, não vi pressão. Eu vi ele sendo firme, perguntando, firme para quem estava delatando, dizendo: 'Você vai dizer a verdade, é isso?'", afirmou Gleisi.

Na avaliação da deputada, Moraes está conduzindo o processo "muito bem". Ela destacou a prisão do general Walter Braga Netto como sendo a única até o momento, o que prova que o ministro estaria "respeitando o devido processo legal".

"Não foram as prisões que o Moro fez contra o Lula, contra as nossas lideranças na Lava Jato [...] lá nós não tivemos direito, inclusive, de ser ouvidos", afirmou. Gleisi citou ainda que o ex-presidente Bolsonaro tem o direito de se defender, mas que "a situação dele é muito complexa, é muito complicada".

Na denúncia da PGR, Bolsonaro é apontado como líder de uma organização criminosa "baseada em projeto autoritário de poder" e "com forte influência de setores militares". A defesa do ex-presidente afirmou que as acusações são precárias e que não há provas contra ele.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.