Corregedor dá 15 dias para TJ-MT provar que juízes devolveram 'vale-peru'

Política
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O ministro Mauro Campbell, corregedor-nacional de Justiça, deu prazo de 15 dias para que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso comprove que os juízes da Corte estadual já devolveram o "vale-peru" de R$ 10 mil pago à classe em dezembro a título de auxílio-alimentação. Campbell quer saber se "todos os magistrados promoveram a devolução da quantia paga a maior" - o valor do benefício mensal é de R$ 2 mil.

Em nota, o tribunal informou que vai se manifestar "oportunamente nos autos". "A documentação comprobatória de que todos os magistrados já devolveram a verba será encaminhada ao ministro dentro do prazo legal", informou a Corte.

O penduricalho foi concedido aos magistrados no crepúsculo de 2024 pela então presidente do TJ, desembargadora Clarice Claudino da Silva. Ela também liberou R$ 8 mil a cada servidor da Corte.

Na ocasião, diante da repercussão que o "vale-peru" ganhou, atraindo uma tempestade de críticas sobre o Judiciário, a desembargadora recebeu ordem do corregedor Campbell para suspender o penduricalho.

Ao barrar o privilégio, o ministro destacou a "grande repercussão na mídia brasileira a respeito da majoração excepcional e específica do auxílio alimentação dos servidores e magistrados do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso para o mês de dezembro de 2024". Ele advertiu que "não houve justificativa plausível, nem mesmo autorização desse pagamento".

Campbell anotou, ainda, que o aumento específico e pontual deveria ser analisado "com mais profundidade, haja vista a impressão, em análise perfunctória, de possível desconfiguração dessa rubrica" (auxílio-alimentação).

O benefício, no entanto, caiu na conta dos magistrados e servidores, mesmo após a decisão do ministro. Quando o Tribunal de Mato Grosso foi intimado da decisão, os valores já estavam no banco para pagamento, o que teria impossibilitado o cumprimento da ordem do CNJ. A solução encontrada foi pedir que os servidores devolvessem o dinheiro.

O imbróglio "vale-peru" foi parar no gabinete do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), onde associações de servidores se insurgiram contra a ordem para devolução do valor, sob alegação que o receberam de "boa fé", ou seja, não haviam solicitado o benefício que caiu na conta-salário de todos.

Com base em um pedido de informações de Zanin ao Conselho Nacional de Justiça, Campbell instou o Tribunal de Justiça de Mato Grosso a informar, também, "como será feita a devolução do valor pelos servidores".

O tribunal alega que o objetivo do benefício foi cobrir "de maneira digna, as despesas alimentares dos servidores e magistrados". Segundo o Tribunal de Justiça, 311 dos 317 magistrados devolveram o dinheiro espontaneamente após a determinação da presidência. Os demais foram descontados direto no holerite, de acordo com a Corte. Ainda segundo o tribunal, os servidores estão sendo descontados em parcelas mensais.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.