Após críticas a frei Gilson, deputado propõe lei para criminalizar ataques a religiosos

Política
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O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) propôs nesta terça-feira, 11, um projeto de lei para criminalizar ataques contra religiosos em redes sociais.

A iniciativa é uma resposta a críticas de internautas ao sacerdote católico frei Gilson, que provocou embates entre apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos dias.

A lei propõe a tipificação do crime de ataque contra religiosos por meio de redes sociais, com pena de seis meses a dois anos de detenção e multa.

Ao divulgar o projeto em seu perfil no Instagram, Paulo Bilynskyj solicitou que os seguidores pedissem aos parlamentares de seus Estados que o apoiassem. "Não aceitaremos ataques contra o frei Gilson e fiéis", escreveu.

As penalidades previstas, caso o projeto seja aprovado, podem ser aplicadas a quem "promover, organizar ou realizar ataques em massa contra líderes religiosos ou fiéis, por meio das redes sociais, com o objetivo de incitar ódio, intolerância, violência, assédio moral, perseguição sistemática, difamação ou ameaça à integridade moral ou física da vítima".

Na proposta, o autor cita uma "crescente disseminação de discursos de ódio e campanhas de intimidação contra líderes religiosos e seus seguidores".

Ele afirma que o projeto está alinhado aos princípios constitucionais e compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na proteção dos direitos humanos e da liberdade religiosa, "promovendo um ambiente digital mais seguro e respeitoso para todas as crenças".

Quem é o frei Gilson

Gilson da Silva Pupo Azevedo tem 38 anos, se diz conservador e é membro da congregação Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo, da cidade capixaba de Nova Almeida.

Ele foi um dos quatro religiosos citados pela Polícia Federal (PF) nas investigações sobre golpe de Estado, mas não foi implicado na trama golpista, segundo o inquérito.

O canal dele no YouTube tem 6,6 milhões de inscritos, enquanto o perfil no Instagram é seguido por 7,8 milhões de pessoas. Além das canções religiosas, promove transmissões ao vivo e entrou em evidência depois de reunir mais de 1 milhão de fiéis em uma live na madrugada do dia 5 de março, início do período da Quaresma para os católicos.

O frade começou as transmissões de madrugada durante a pandemia de covid-19 e afirmou ter continuado ao considerar que as transmissões ao vivo poderiam ser um apoio para quem sofre de insônia ou está passando por "momentos difíceis".

Internautas de esquerda passaram a criticar o frei por posicionamentos defendidos por ele nas lives, acusando-o de ser "fascista" e "golpista". Já figuras da direita brasileira saíram em defesa do religioso. É o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Bolsonaro escreveu em seu perfil no X que Gilson é um "fenômeno em oração, juntando milhões pela palavra do Criador", e que por isso "vem sendo atacado pela esquerda". Já Nikolas defendeu que quem critica o sacerdote católico "odeia a Cristo".

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.