Mulheres convergem em igualdade e segurança, mas divergem em feminismo e religião, diz pesquisa

Política
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Apesar das diferenças ideológicas, mulheres brasileiras concordam em pautas como igualdade salarial, segurança pública e maior participação feminina na política, aponta a pesquisa Mulheres em Diálogo, do Instituto Update. O estudo, no entanto, revela divisões profundas em temas como feminismo e a influência da religião na política.

O levantamento, realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa IDEIA, ouviu 668 brasileiras com 16 anos ou mais por telefone. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%.

"A pesquisa revela consensos entre as mulheres e mostra que há espaço para diálogo, especialmente em áreas como saúde, segurança e igualdade salarial. Muitas vezes, o foco está nas divergências, quando há diversas pautas comuns que podem impulsionar os direitos femininos. Entender essas nuances é o ponto de partida para construir pontes e ampliar o debate. Olhar para consensos e dissensos nos permite criar outras narrativas para avançar nos direitos das mulheres", afirma Carolina Althaller, diretora executiva do Instituto Update.

A pesquisa traz um eleitorado feminino fragmentado: no total, 24% das mulheres se identificam como de direita, 22% como de esquerda e 16% como de centro. Além disso, 19% disseram já ter tido posição política, mas hoje não se identificam com nenhuma corrente, enquanto 7% nunca tiveram um posicionamento definido. Ainda segundo o levantamento, 5% são de centro-esquerda, 4% de centro-direita e 3% não sabem.

A segurança pública se destaca, de longe, como a principal preocupação das brasileiras: 77% apontam a violência como o maior problema do País na atualidade. O receio com a violência é transversal, mas se manifesta com mais força entre mulheres da classe C (85%) e aquelas identificadas com a direita e centro-direita (89%).

Outro consenso é a defesa da igualdade salarial: 94% acreditam que homens e mulheres devem receber o mesmo salário para funções equivalentes. O apoio a essa pauta é ainda mais forte entre jovens, mulheres pretas, com menor escolaridade e pertencentes às classes C e D/E.

A ampliação da participação feminina na política também aparece como uma demanda comum: 72% concordam plenamente que a representatividade de mulheres em cargos eletivos deve aumentar. Além disso, 77% já votaram em uma candidata e 66% afirmam se sentir representadas por mulheres na política.

"Percebemos que essa é uma causa estratégica capaz de unir mulheres de diferentes espectros ideológicos. A concordância com a maior participação de mulheres na política é superior a 60% em todas as categorias de orientação política. 77% das entrevistadas já votaram em uma mulher e 66% se sentem representadas pelas mulheres na política", diz o estudo, assinado pela cientista política Camila Rocha e pela cientista social Esther Solano.

O levantamento apontou forte adesão a medidas de saúde e bem-estar feminino. A isenção de impostos sobre produtos como absorventes e coletores menstruais é defendida por 79% das entrevistadas, enquanto 60% apoiam a licença remunerada para mulheres que enfrentam sintomas graves durante a menstruação. No entanto, algumas demonstram preocupação de que essa política possa gerar discriminação no mercado de trabalho.

Pautas morais e religiosas dividem opiniões

Embora haja consenso em algumas pautas, temas como aborto, feminismo e religião na política ainda dividem o eleitorado feminino. O feminismo, por exemplo, desperta opiniões contrastantes: 48% das entrevistadas se identificam com o movimento, enquanto 43% rejeitam o rótulo. A adesão é maior entre jovens com maior escolaridade, enquanto mulheres mais velhas ou com valores conservadores tendem a refutar a ideia.

A relação entre religião e política segue tendência parecida. Enquanto 53% defendem que valores religiosos devem influenciar decisões políticas, 43% discordam dessa ideia. O apoio à influência religiosa é maior entre evangélicas e católicas praticantes, enquanto mulheres sem religião e católicas menos assíduas tendem a rejeitá-la.

Outro tema controverso é o uso de banheiros femininos por mulheres trans. O levantamento indica que 57% das entrevistadas expressam desconforto com essa possibilidade. Embora a resistência seja mais forte entre as identificadas com a direita, a pesquisa sugere que o tema também gera dúvidas e desconforto entre mulheres de esquerda e centro-esquerda.

A descriminalização do aborto tem rejeição ampla: apenas 16% apoiam a legalização. Aqui, porém, há diferenças importantes no recorte ideológico. Entre as mulheres que se identificam como progressistas, 61% são contrárias à legalização, percentual que sobe para 82% entre as conservadoras.

Ainda assim, há um ponto de convergência: 72% das entrevistadas, independentemente da posição política, discordam da prisão para mulheres que realizam abortos fora das condições permitidas por lei.

"Isso mostra uma realidade complexa: muitas rejeitam a prática, mas também são contra uma resposta punitivista. Esses dados reforçam a importância de comunicar mais e melhor sobre os impactos da criminalização do aborto. Entender essas nuances pode ser o ponto de partida para construir pontes e ampliar o diálogo, ampliando o debate sobre os direitos reprodutivos, sem gerar rejeição automática de parcelas significativas da sociedade", dizem as pesquisadoras Camila Rocha e Esther Solano.

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O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, alertou nesta segunda-feira (31) que responderá a qualquer ataque dos Estados Unidos de maneira firme, após o presidente americano, Donald Trump, ameaçar novas sanções como parte da campanha de "pressão máxima" que impôs contra o país e sugerir ação militar.

"Eles ameaçam cometer atos de maldade, mas não temos certeza de que tais ações ocorrerão", disse o líder supremo. "Não consideramos muito provável que problemas venham de fora. No entanto, se vierem, eles sem dúvida enfrentarão um forte ataque retaliatório", ressaltou.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã convocou o encarregado de negócios suíço no Irã na segunda-feira para reclamar sobre os "males contínuos" de Israel e a ameaça de ação militar de Trump. O porta-voz ministerial, Esmail Baghaei, disse que as falas do presidente republicano são uma "afronta chocante à própria essência da paz e segurança". "A violência gera violência, a paz gera paz. Os EUA podem escolher o curso", escreveu em publicação no X. Fonte: Associated Press.

O advogado de Marine Le Pen, Rodolphe Bosselut, afirmou que vai recorrer da condenação e da inelegibilidade da líder da extrema-direita da França. "Nós vamos recorrer, esse é o primeiro ponto. A situação é totalmente inacreditável. Há um princípio de crise", ressaltou Bosselut.

O advogado de Le Pen acrescentou que "porém, não há recurso contra a execução provisória" da condenação.

Le Pen foi considerada culpada por desvios de recursos por um tribunal francês, deixando-a inelegível por cinco anos, com efeito imediato. Ela é considerada uma das principais rivais do atual presidente do país, Emmanuel Macron, que está em seu segundo e último mandato.

Os serviços de emergência e milhares de voluntários corriam contra o tempo neste domingo, 30, em busca de sobreviventes do terremoto de sexta-feira, 28, que deixou quase 1,7 mil mortos em Mianmar e 18 na vizinha Tailândia.

Na região de Mandalay, próxima do epicentro, uma réplica de magnitude 5,1 ocorreu no domingo de manhã, fazendo com que as pessoas saíssem correndo de hotéis e abrigos aos gritos em busca de segurança. Um tremor semelhante foi sentido na noite de sábado. Muitos dos 1,5 milhão de habitantes da cidade passaram a noite ao ar livre, sem abrigo ou com medo de que novos tremores derrubassem edifícios já fragilizados.

O cheiro de corpos em decomposição tomou as ruas dessa que é a segunda maior cidade de Mianmar, enquanto pessoas trabalhavam com as próprias mãos para remover escombros na esperança de encontrar alguém ainda vivo.

O tremor derrubou dezenas de prédios e danificou outras infraestruturas, incluindo o aeroporto da cidade. Os esforços de resgate foram dificultados por estradas rachadas, pontes destruídas e falhas nas comunicações.

Ao mesmo tempo, a janela de oportunidade para encontrar sobreviventes está se fechando rapidamente. A maioria dos resgates ocorre nas primeiras 24 horas após um desastre, e as chances de sobrevivência diminuem drasticamente a cada dia que passa.

SEM RECURSOS

Essa busca, porém, tem sido conduzida principalmente por moradores locais, sem a ajuda de equipamentos pesados, usando as mãos e pás para remover os escombros sob um calor de 41°C, com poucas escavadeiras disponíveis.

As equipes de resgate trabalham sob ordens de uma repressiva junta militar. Os esforços oficiais de socorro na capital, Naypyitaw, priorizaram prédios governamentais e moradias de funcionários, deixando moradores e grupos de ajuda humanitária para escavar os escombros sob o forte odor da morte no ar.

Os trabalhos estão concentrados principalmente em Mandalay e Naypyitaw, consideradas as áreas mais atingidas, mas muitas outras regiões foram afetadas e ainda havia poucas informações sobre os danos. "Recebemos relatos de centenas de pessoas presas em diferentes áreas", disse Cara Bragg, gerente da organização Catholic Relief Services em Mianmar.

GUERRA CIVIL

Além dos danos causados pelo terremoto, os resgates são dificultados pela violenta guerra civil que assola o país. Em 2021, os militares tomaram o poder do governo eleito de Aung San Suu Kyi, líder política e ganhadora do Nobel da Paz, desencadeando uma forte resistência armada.

As forças militares perderam o controle de grandes áreas do país, tornando muitas regiões perigosas ou inacessíveis para as equipes de resgate. De acordo com as Nações Unidas, mais de 3 milhões de pessoas já estavam deslocadas devido à guerra e quase 20 milhões necessitam de ajuda humanitária. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.