Nunes critica pena de 14 anos para cabeleireira e diz que irá a ato pró-anistia com Bolsonaro

Política
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta segunda-feira, 24, que participará da manifestação bolsonarista, no dia 6 de abril próximo, em prol da anistia aos presos e condenados pelos atos de 8 de Janeiro.

Nunes criticou o voto do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acompanhado por Flávio Dino, para condenar a cabeleireira Debora Rodrigues a pena de 14 anos de prisão. Ela foi flagrada pichando "perdeu, mané" na estátua A Justiça, que fica na Praça dos Três Poderes e é o símbolo do Poder Judiciário brasileiro. O julgamento foi suspenso por um pedido de vista de Luiz Fux.

"Eu vou participar (do ato). Eu estou com o meu coração machucado de ver a situação da cabeleireira (com voto por) 14 anos de prisão. A gente tem que respeitar as decisões judiciais, mas é importante que a gente possa fazer uma reflexão sobre isso. Não tem sentido traficantes, pessoas perigosíssimas, terem penas tão reduzidas, estarem soltas, e a gente ter uma cabeleireira, que evidentemente errou por pintar ali uma estátua, por usar essa ferramenta perigosíssima, que é o batom, mas não pode ser colocado uma pena tão grave assim", afirmou o prefeito paulistano.

Nunes afirmou ainda que agentes públicos devem orientar e conversar sobre atos que possam comprometer a segurança jurídica do País. "Eu estou muito impactado negativamente com o voto de ministros em colocar 14 anos de prisão para uma pessoa, mãe de dois filhos. Então, com todo o respeito e a manifestação, a mobilização, desde que ela seja feita de forma ordeira, é algo legítimo de qualquer cidadão poder praticar. Então, eu acho que a gente precisa ter um alerta com relação a isso", afirmou o chefe do Poder Executivo de São Paulo.

Nas eleições do ano passado, em que derrotou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno, Nunes contou com apoio da ala bolsonarista de São Paulo. No acordo político, aceitou a indicação do Coronel Mello Araújo como vice, nome apontado por Jair Bolsonaro (PL).

Nunes aproveitou para alfinetar o desafeto Boulos. "Se a gente fizer uma comparação com outros atos, o Guilherme Boulos invadiu o Ministério da Fazenda, o Guilherme Boulos, junto com a sua tropa, depredou a Fiesp. Pegou quantos dias de prisão? Nenhum dia. Não teve nem que dar uma cesta básica", afirmou. Nunes ressaltou ainda não defender o ato da cabeleireira. Segundo ele, a ação da manifestante foi errada, mas a pena de 14 anos não é "razoável".

"Então, a gente precisa ter razoabilidade nas questões. Evidentemente, punir qualquer um que cometa qualquer tipo de agressividade, de dano ao patrimônio. Mas dizer que 14 anos para uma pessoa, uma mãe com dois filhos, que não tem nenhum antecedente criminal, a gente precisa ter razoabilidade. Acho que a gente precisa repensar isso. Não que ela não tenha que pagar pelo que fez. Mas acho que é só a questão da pena, da dosimetria que foi colocada", concluiu.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) atribui cinco crimes a Débora - golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Ela está presa na Penitenciária Feminina de Rio Claro, em São Paulo, desde a oitava fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2023.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.