Veja a íntegra de fala do advogado de Almir Garnier Santos denunciado por golpe

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Nesta terça-feira, 25, o advogado do almirante Almir Garnier Santos, Demóstenes Torres, apresentou a defesa do denunciado aos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em julgamento que pode torná-lo réu por, entre outros crimes, tentativa de golpe de Estado. Ele questionou a adesão de Garnier à trama golpista e disse que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contém contradições e "invencionices".

A defesa do almirante criticou a inclusão do acusado na denúncia e comparou sua atuação com a dos outros dois comandantes das Forças Armadas na época: Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica.

Veja a íntegra da defesa de Almir Garnier Santos:

Excelentíssimo senhor presidente da Primeira Turma julgadora do Supremo Tribunal Federal, ministro Cristiano Zanin; sua excelência o relator da PET 12100, ministro Alexandre de Moraes, senhora ministra; demais senhores ministros; sua excelência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet; senhores advogados; senhoras e senhores.

Primeiramente, gostaria de concordar com veemência com o que disse o procurador-geral da República a respeito da relevância dessa matéria. Nas páginas seis e sete da sua denúncia ele diz o seguinte: essa denúncia retrata acontecimentos de máxima relevância, que, impende, sejam expostos ao mais alto tribunal do país. Então, se a defesa e a acusação concordam que a matéria é da mais alta relevância, se muitos estão dizendo que é o julgamento mais importante da história do Supremo Tribunal Federal, e o Regimento Interno da casa prevê que, quando em razão da relevância da questão jurídica, convier pronunciamento do plenário, será afetado essa matéria ou afetada essa matéria ao plenário, daí por que nós estamos insistindo naquela preliminar que nós apresentamos, para que a matéria seja remetida ao plenário da casa e acredito que sem oposição, pelo que disse de sua excelência o procurador-geral da República.

As acusações contra Garnier estão consubstanciadas e foram devidamente aqui lidas. Trata-se de participação de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático e direito, golpe de estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Vamos juntar as três primeiras acusações de sua excelência o procurador-geral da República; organização criminosa armada, tentativa violenta de abolição do Estado democrático de direito e golpe de estado. Segundo o procurador-geral da República na página 258 da acusação, embora na trama tenha se imaginado utilização de fogos, armamentos, etc., no dia, os manifestantes ou golpistas, como queiram, eles estavam armados com pau, estilingue e ripas de prego, o que me parece insuficiente para caracterizar organização criminosa armada.

A organização, segundo sua excelência o procurador-geral de Justiça, foi constituída no dia 29 de setembro de 2021, quando o então presidente Jair Bolsonaro teria feito uma live de dentro do Palácio do Planalto dando curso prático ao plano de insurreição. Então, segundo sua excelência, teria começado ali, e isso durou até o dia 8 de janeiro de 2023, que é a data da manifestação popular ou da insurreição. Agora vejam os senhores, então essa organização começou no dia 29 de julho de 2021 e o almirante Almir Garnier só foi inserido nessa ação no dia 11 de novembro de 2022, um ano e quatro meses depois, quando ele assinou, segundo a Procuradoria-Geral de Justiça, por ordem de Jair Bolsonaro, uma nota oficial a favor da liberdade de expressão, em conjunto com o comandante do Exército e da Aeronáutica, publicada na página oficial da Força Aérea Brasileira.

Eu pergunto: se os três assinaram, porque só o almirante Garnier aderiu ao plano golpista? E os outros dois, por que os outros dois que participaram, assinaram, discutiram a nota não foram inseridos na denúncia? Freire Gomes [Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército entre março e dezembro de 2022] diz o porquê. Porque não foi feita a nota. Freire Gomes é arrolado como testemunha de acusação. Foi publicada não a mando de Jair Bolsonaro, porque tinha um propósito pacificador. E vamos lembrar o seguinte: sua Excelência, o procurador-geral da República, fala da reunião de 5 de julho de 2022 e dedica a ela 18 páginas, para ele é o momento crucial dessa organização criminosa porque falou-se em uso de força, foram palavras que ele disse aqui mesmo. No entanto, nesse dia estavam presentes nessa reunião e lamentavelmente não foram listadas na denúncia, Freire Gomes e Baptista Júnior [tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica durante o governo Bolsonaro], e estava ausente Almir Garnier. E lá foi quando teria o ex-presidente Jair Bolsonaro dado aquele ultimato, "quem tem alguma coisa aqui para falar, fale agora ou cale-se para sempre". E os dois, Freire Gomes e Baptista Júnior, permaneceram em silêncio e a Procuradoria-Geral da República não considerou que esse silêncio fosse um apoio manifesto ao golpe de Estado.

No dia 7 de dezembro é a segunda acusação, o segundo momento quanto a Almir Garnier. Diz sua Excelência, o procurador-geral da República, que foi apresentado, Bolsonaro apresentou aos comandantes, aos três, a minuta de golpe, e tenta convencê-los a fornecer apoio necessário à ruptura institucional. Só que segundo a Procuradoria-Geral da República, Garnier se colocou à disposição e segundo a Procuradoria-Geral da República quem disse isso foi ou foram Baptista Júnior e Freire Gomes. Agora, lamentavelmente, Baptista Júnior nesse momento estava dando uma palestra em Pirassununga, portanto ele não tinha como ter ouvido isso. E a própria Procuradoria-Geral da República faz essa afirmação e depois lá na frente diz que ele estava em Pirassununga, então não era de desconhecimento. Portanto, Batista Júnior não falou isso. E segundo, Freire Gomes também não disse isso, está aí no depoimento prestado da Polícia Federal, ele apenas afirma que o documento apresentado estava em estudo e quando concluído seria reportado aos comandantes.

Daí aparece o terceiro momento em que o almirante Garnier teria participado decisivamente dessa organização criminosa. No dia 14 de dezembro, o ministro da Defesa reúne os três comandantes e Garnier, segundo palavras da Procuradoria-Geral da República, anuiu ao golpe. Mas, anuiu como? Ficou calado. Mas naquele dia fatídico, o 5 de julho, os dois outros comandantes não ficaram calados quando teriam ouvido do presidente Bolsonaro para que eles se manifestassem quem tivesse algo contra inclusive o uso da força? Então, por que houve a presunção de inocência para os dois no dia 5 de julho e aqui há uma presunção de condenação em relação ao almirante Garnier porque ele ficou calado? E mais, ele teria entrado na organização criminosa, segundo o procurador-geral da República, para influenciar os demais. Como é que alguém entra em algo para influenciar os demais e permanece calado? Qual o método que ele teria utilizado para convencer os demais? Telepatia? Porque ele ficou calado. E ele ficar em silêncio pressupõe que ele é culpado? Tem vários momentos no direito em que isso não é admitido.

A verdade, senhores, também houve mensagem entre terceiros. "Braga Netto manda elogiar Garnier e atacar Baptista Júnior", tem mensagem. "Sérgio Cavaliere e Mauro Cid dizem que Garnier tinha tanques para agir", Riva, que não foi identificado pela Polícia Federal, diz que Bolsonaro deveria ter iniciado o golpe só com a Marinha. Qual é a verdade, senhores? As tropas da Marinha só podem ser movimentadas com autorização do Comando de Operações Navais e o comandante do Comando de Operações Navais era o atual comandante da Marinha, Olsen [almirante-de-esquadra Marcos Sampaio Olsen, atual comandante da Marinha do Brasil], e o atual comandante da Marinha diz claramente numa nota que eu até fico abismado que essa nota não tenha sido publicado, uma nota do dia 27 de novembro, essa nota depois de concluído o relatório diz claramente que isso jamais aconteceu. Até porque se tivesse acontecido Olsen teria que estar aqui. Então ele disse: "Em relação às matérias veiculadas na mídia que mencionam tanques nas ruas prontos para o golpe, a Marinha do Brasil afiança que em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para execução de ações que tentassem abolir o Estado democrático de direito". Esse era o homem encarregado de mobilizar as tropas, então isso também não aconteceu.

O fato é que os romancistas da Polícia Federal não quiseram pedir de volta os autos para analisar isso, até porque a Marinha aqui se coloca à disposição para esclarecer esses fatos. Foram analisados mais de 250 milhões de áudios e mensagens pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, nenhum foi enviado ou recebido pelo almirante Garnier. Foi feita busca e apreensão na casa dele, apreendido aparelho celular, aprendida a agenda e tudo mais, e nada foi encontrado contra o almirante Garnier.

No caso do crime de dano ao patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado é um nonsense, não existe nada, a Polícia Federal não concluiu isso, ele não foi indiciado por isso. Simplesmente na denúncia jogaram isso, e de qual é o motivo? Ele fazia parte da organização criminosa. Então, não há acusação, não há ato, ao contrário do que foi dito aqui. No caso específico desses dois crimes, o artigo 41 foi violado, a denúncia é inepta, ela não menciona de que forma o almirante Garnier contribuiu para os atos do dia 8 de janeiro. Falta liame subjetivo e todos nós sabemos o seguinte, precisa ter um mínimo de lastro probatório, um mínimo. Um fato típico ele é composto, na teoria mais simples que é ensinada em todas as faculdades, por uma conduta e um resultado, ainda que seja uma tentativa. Mas tem que ter um nexo causal, tem que ter uma ligação, e não há nenhuma ligação não só nesses crimes, mas nos demais também.

E daí, senhoras e senhores, nós estamos pedindo a rejeição da denúncia por falta de justa causa, o artigo 395 3 do Código de Processo Penal. Tem que ter elementos mínimos; contra o almirante Garnier só há invencionices e não precisa mergulhar na prova para isso, não. Isso está na denúncia, nas contradições da própria denúncia, e é caso de apreciação porque o artigo 395 3 diz claramente, rejeitar a denúncia que não tenha justa causa.

Diante de tudo isso, tinha ainda muito a ser dito, mas o tempo é muito limitado, eu peço a vossas excelências: primeiro, que afetem ao plenário da Casa esse processo, porque o próprio procurador-geral da República diz que ela é de alta relevância, e que rejeite a denúncia, porque em uma parte ela é inepta e outra parte não há justa causa para recebê-la. Agradeço a Vossas Excelências.

*Este conteúdo foi transcrito com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

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Um terremoto de magnitude 8,0 atingiu a península de Kamchatka, no leste da Rússia, na noite desta terça-feira, 29 (horário de Brasília, manhã de quarta em Moscou), informou o Serviço Geológico dos EUA (USGS). Há alerta de tsunami.

O epicentro foi no mar, a cerca de 100 quilômetros da costa Kamchatka. O terremoto foi superficial e forte o suficiente para causar ondas altas ou tsunamis.

A Península de Kamtchatka tem cerca de 1.250 km de extensão e fica entre o Oceano Pacífico e o Mar de Okhotsk. A região abriga pequenas comunidades e formações vulcânicas ativas e está sujeita a terremotos e atividade sísmica intensa.

Segundo a agência de notícias russa Ria Novosti, o governador Kamchatka, Vladimir Solodov, disse que esse foi o terremoto mais forte da região em décadas. Em Severo-Kurilsk, cidade da península, o prefeito ordenou a retirada de civis.

A península não tem uma densidade populacional alta. Até o momento, não há registro de feridos e mortos.

Bombas e mísseis balísticos atingiram uma prisão ucraniana e uma instalação médica durante a noite desta terça-feira, 29, enquanto os ataques implacáveis da Rússia em áreas civis mataram pelo menos 27 pessoas em todo o país. E tudo isso ocorre a despeito da ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de punir em breve a Rússia com sanções e tarifas se continuar a guerra.

Quatro poderosas bombas planadoras russas atingiram uma prisão na região sudeste de Zaporizhzhia, na Ucrânia, disseram as autoridades. Elas mataram pelo menos 16 prisioneiros e feriram mais de 90 outros, informou o Ministério da Justiça da Ucrânia.

Na região de Dnipro, as autoridades alegaram que mísseis russos destruíram parcialmente um prédio de três andares e danificaram instalações médicas próximas, incluindo um hospital de maternidade e uma ala de hospital da cidade. Pelo menos três pessoas foram mortas, incluindo uma mulher grávida de 23 anos.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que os ataques russos durante a noite atingiram 73 cidades, vilas e aldeias. "Estes foram ataques conscientes e deliberados - não acidentais", acrescentou ele no Telegram.

Trump disse nesta terça-feira que está dando ao presidente russo, Vladimir Putin, 10 dias para parar a matança na Ucrânia após três anos de guerra, antecipando um prazo de 50 dias que havia dado duas semanas atrás.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão/Broadcast. Saiba mais em nossa Política de IA.

Apesar das alegações do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, de que não há fome extrema na Faixa de Gaza, a entrega atual de ajuda humanitária no território é insuficiente para conter a crise profunda de desnutrição, segundo cálculos do jornal israelense Haaretz.

A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), uma organização privada apoiada por Israel e Estados Unidos que tem se ocupado da distribuição de ajuda no território desde que Tel-Aviv impôs um bloqueio de entrada, divulgou esta semana que distribuiu mais de 85 milhões de refeições desde que começou as operações há mais de 50 dias.

O número, porém, está muito aquém do necessário para que os palestinos não passem fome. Segundo cálculos feitos pelo Haaretz, se há mais de 2 milhões de palestinos em Gaza atualmente que necessitam de ao menos três refeições por dia para não serem malnutridos, seriam necessárias 353 milhões de refeições neste período.

"Mesmo que, por algum milagre, os habitantes de Gaza tivessem conseguido dividir igualmente entre si os alimentos distribuídos pela organização, cozinhá-los e extrair todas as calorias e nutrientes que continham, isso ainda seria apenas uma pequena fração dos alimentos de que precisam para sobreviver. E essa lacuna revela apenas a ponta do iceberg da matemática da fome", escreve a publicação.

O jornal destaca também a limitação dos produtos fornecidos pela fundação. De acordo com a publicação, cada pacote de ajuda, em geral, contêm quatro quilos de farinha, três de macarrão, um pote de tahine, quatro quilos de grão-de-bico e lentilhas, uma garrafa de óleo, um quilo de sal e dois quilos de arroz. Alimentos que requerem cozimento.

"Mas isso é uma missão impossível em Gaza hoje, onde quase ninguém tem uma cozinha funcionando, ou mesmo gás para cozinhar", ressalta o jornal. "Além disso, há uma grave escassez de água limpa, que também é necessária para cozinhar esses alimentos. E isso sem mencionar o óbvio: as dificuldades de guardar e armazenar alimentos por alguns dias em meio a repetidos voos e deslocamentos."

Outro problema é logístico. A GHF concentra as distribuições em apenas quatro centros. Isso obriga os palestinos a se deslocarem até os locais, contrariando os padrões de distribuição humanitária que costuma ir até os necessitados. Segundo o Haaretz, esses locais funcionam por um período curto de tempo, geralmente 15 minutos, que é tempo que leva para os alimentos acabarem. Além disso, os horários não são definidos e avisados com antecedência, forçando as pessoas a esperarem.

Essa dinâmica cria uma situação perigosa nos centros de distribuição, com aglomeração de pessoas famintas, disputando pacotes limitados de ajuda. Testemunhas e profissionais de saúde afirmam que as forças israelenses mataram centenas de pessoas ao abrir fogo contra palestinos que tentavam chegar a esses centros de distribuição ou ao se aglomerarem ao redor dos caminhões de ajuda que chegavam. O Exército israelense afirma ter disparado tiros de advertência para dispersar as ameaças.

A investigação do jornal israelense também aponta que, os palestinos que conseguem sobreviver aos tumultos em frente aos centros de distribuição saem coletando os pacotes que consegue carregar, sem que haja uma distribuição igualitária - e que priorizasse grupos vulneráveis como crianças, mulheres e pessoas com alguma necessidade especial.

Em meio a isso, há relatos de quem esteja lucrando com os pacotes de ajuda que consegue coletar. Alguns homens que conseguem pegar alimentos - alguns deles mais caros como atum, queijo e óleo - vendem em locais distantes dos centros. Quanto mais longe da distribuição, mais caro.

Por fim, o jornal denuncia a falta de variedade nos alimentos distribuídos. Não há alimentos especializados para pessoas com doença celíaca, doença cardíaca ou doença renal. E, mais grave ainda, há uma grande escassez de fórmulas infantis.

Mortes por fome

Indo contra todos os relatórios internacionais e as imagens de bebês esqueléticos em Gaza, o premiê Netanyahu afirmou que ninguém em Gaza está passando fome: "Não há política de fome em Gaza, e não há fome em Gaza. Permitimos que a ajuda humanitária chegue a Gaza durante toda a guerra - caso contrário, não haveria moradores em Gaza."

Mas Netanyahu viu seu maior aliado, o presidente Donald Trump, discordar da afirmação, observando as imagens de pessoas famintas: "Essas crianças parecem estar com muita fome", disse.

Na segunda à noite, Netanyahu foi dúbio e emitiu um comunicado no qual reconheceu que a situação no território palestino é "difícil" e disse que Israel está trabalhando para aumentar o fluxo de ajuda humanitária em Gaza.

A Organização Mundial da Saúde informou no domingo, 27, que houve 63 mortes relacionadas à desnutrição em Gaza neste mês, incluindo 24 crianças menores de 5 anos - um aumento em relação ao total de 11 mortes nos seis meses anteriores do ano.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, eleva o número ainda mais, relatando 82 mortes neste mês por causas relacionadas à desnutrição: 24 crianças e 58 adultos. Na segunda-feira, o Ministério informou que 14 mortes foram registradas em 24 horas.

Após pressão internacional, Israel anunciou, no fim de semana, pausas diárias nos ataques aéreos e para permitir a entrada de ajuda estrangeira em Gaza. Mas a população local afirma que pouco ou nada mudou em campo. A ONU descreveu a medida como um aumento de uma semana na ajuda humanitária, e Israel não informou quanto tempo essas medidas durariam.

O Exército israelense afirma que mais de 95 mil caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza desde o início da guerra. Isso representa uma média de 146 caminhões por dia, bem abaixo dos 500 a 600 caminhões por dia que a ONU considera necessários.

Além disso, Israel também autorizou o envio de ajuda pelo ar, o que é um risco aos palestinos já que os produtos podem cair em cima das pessoas ou até se perderem no mar.

"Essa ajuda, entregue dessa forma, é um insulto ao povo palestino", disse Hasan Al-Zalaan, que estava no local de um lançamento aéreo enquanto alguns brigavam pelos suprimentos e latas amassadas de grão-de-bico que estavam espalhados pelo chão.

Israel afirma que o grupo terrorista Hamas é a razão pela qual a ajuda humanitária não chega aos palestinos em Gaza e acusa seus combatentes de desviarem ajuda para apoiar seu domínio no território. A ONU nega que o saque de ajuda humanitária seja sistemático e que diminua ou cesse completamente quando uma quantidade suficiente de ajuda é permitida entrar em Gaza.

A ONU diz que entregar a ajuda permitida em Gaza tem se tornado cada vez mais difícil. Quando ela chega, é deixada dentro da fronteira com Gaza, e a organização precisa obter permissão militar israelense para enviar caminhões para buscá-la. Mas a ONU afirma que os militares negaram ou impediram pouco mais da metade dos pedidos de movimentação de seus caminhões nos últimos três meses.

Se a ONU conseguir recolher a ajuda, multidões famintas e gangues armadas invadem os comboios e saqueiam suprimentos. A polícia civil comandada pelo Hamas já forneceu segurança em algumas rotas, mas isso parou depois que Israel os atacou com ataques aéreos.