Comissão do Senado aprova audiência para ouvir ex-procurador de Dirceu e coronel do 8/1

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A Comissão de Segurança Pública do Senado aprovou, nesta terça-feira, 1º, um requerimento para realização de audiência pública para ouvir o empresário Fernando Neto (PT), ex-procurador do ex-ministro José Dirceu, e o coronel Jorge Eduardo Naime, chefe de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal no 8 de Janeiro.

A iniciativa do senador Eduardo Girão (Novo-CE) foi aprovada horas depois de o Estadão revelar que Fernando Neto orientou Naime sobre como agir nos bastidores do 8 de Janeiro e ainda prometeu a ele um cargo no governo federal. A audiência foi aprovada de forma simbólica pelo colegiado. Ainda não há uma data para a realização dos depoimentos.

A comissão é presidida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), que tem o controle dos trabalhos e da pauta do colegiado.

A reportagem mostrou que os diálogos do empresário Fernando Neto com o coronel Jorge Naime aparecem em relatório da Polícia Federal sobre o 8 de Janeiro produzido a partir das trocas de mensagens de policiais investigados.

Cerca de meia hora após o início da destruição na Praça dos Três Poderes, o militar conversava com Fernando Neto. No celular do policial o nome está salvo como "Fernando Neto PT". O petista enviou o número do telefone de Cappelli ao coronel, que perguntou: "O que falo?".

Em dois áudios, Fernando Neto orientou Naime sobre como se apresentar ao interventor.

"Que o comandante-geral foi afastado… que você é o comandante das operações especiais, que estava de férias. Só que você, visto a situação, se colocou à disposição para retornar das férias e assumir as operações a partir de agora. Se coloca à disposição dele e fala que você está integralmente à disposição", disse, antes de complementar: "Tira do teu colo pelo amor de Deus… só isso!".

Dias depois, Naime disse a Fernando que havia sido preterido pelo interventor, Ricardo Cappelli. O empresário, em resposta, disse que o prazo da intervenção acabaria em breve e que, caso o militar não voltasse para o comando-geral, ele o enviaria ao governo federal.

"Se não voltar pro comando geral com a Celina [Leão, governadora em exercício] vou te mandar pro Gov Federal", escreveu o empresário. Naime não foi para nenhum dos dois lugares. Acabou preso semanas depois, no início de fevereiro.

Procurado, Fernando Neto não quis comentar. Naime, que foi para a reserva da PM distrital em julho passado, disse, por meio da defesa, que Fernando Neto se apresentava como integrante da equipe de transição do novo governo.

"Desde o início do governo de transição, Neto se apresentou a Naime como articulador e membro da equipe de transição. Naime não tinha como verificar a veracidade dessa informação, mas sempre se comprometeu a atender todas as demandas apresentadas", disse, em nota.

O coronel disse ainda que "foi acionado pelo próprio PT", em referência a Fernando Neto, a quem se refere como alguém que "até hoje, atua como assessor de José Dirceu, figura proeminente no PT".

A versão contradiz o que o próprio Fernando Neto disse ao Estadão, em novembro: "Não tenho nenhuma relação com o ex-ministro". Dirceu, por meio da sua assessoria, reafirmou o rompimento com o empresário quando tomou conhecimento de que seu nome estava sendo usado por ele.

Jorge Naime é um dos integrantes da cúpula da PM do DF que figuram como réus na ação penal que aponta omissão de policiais militares no 8 de Janeiro. Ele afirma que estava de férias e "não tinha conhecimento da dimensão dos eventos quando foi acionado e retornou voluntariamente ao serviço".

Em outra categoria

O CEO da Tesla, Elon Musk, chamou de "fake news" a informação de que deve se afastar, já nas próximas semanas, de suas funções à frente do Departamento de Eficiência Governamental (Doge), como informou o Politico.

Musk compartilhou em seu perfil no X a publicação da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que já havia negado que o presidente Donald Trump tenha reforçado a seus aliados que o bilionário deixaria o cargo público em breve.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, negou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha reforçado a aliados que Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), deve se afastar nas próximas semanas, como publicado mais cedo pelo Politico. "Trump já disse publicamente que Elon deixará o serviço público depois de terminar seu incrível trabalho no Doge", escreveu Leavitt no X.

Mais cedo, uma pesquisa apontou que 58% dos entrevistados desaprovam a gestão de Musk à frente do Doge, enquanto 41% a aprovam - a menor taxa registrada desde o início do novo mandato de Trump.

O próprio Musk já havia afirmado que suas empresas estavam "sofrendo" por sua presença no governo, referindo-se aos ataques contra a Tesla e à queda das ações da companhia. O bilionário também mencionou que esperava concluir os cortes no Doge até o fim de maio.

O governo de unidade da África do Sul corre o risco de entrar em colapso, após o segundo maior partido político do país, a Aliança Democrática (DA), romper com parceiros como o partido Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) e votar contra o orçamento nacional, nesta quarta-feira, 2. A justificativa foi a impossibilidade de apoiar um aumento de impostos que sobrecarregaria ainda mais a maioria pobre da população do país.

O orçamento contestado aumentaria o Imposto sobre Valor Agregado - que é pago sobre bens e serviços, incluindo alimentos e eletricidade - em meio ponto porcentual a partir do mês que vem, com outro meio ponto porcentual introduzido no ano que vem. É esperado que o aumento gere mais de 15 bilhões de rands (cerca de US$ 800 milhões) em receita por ano para financiar programas de saúde, educação e serviços sociais.

O líder do partido rival de esquerda Economic Freedom Fighters (EFF), Julius Malema, comemorou o atrito. "Estamos felizes por termos conseguido quebrar esse chamado governo de unidade nacional. O que está unindo vocês se vocês não conseguem concordar com algo como um orçamento nacional?", disse.

O ministro das Finanças sul-africano, Enoch Godongwana, levantou dúvidas sobre a capacidade do DA de permanecer no governo. "Não acho que você pode votar contra um orçamento, e amanhã você quer crescer e fazer parte de sua implementação. Não pode ser", defendeu. Fonte: Associated Press.