Caiado lança seu nome se diferenciando de Bolsonaro e com foco na segurança

Política
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Ao lançar nesta sexta, 4, sua pré-candidatura à Presidência da República, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), fez críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mandou recados indiretos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda que sem citá-lo. Caiado elegeu o tema segurança pública como foco de seu discurso neste primeiro ato como potencial presidenciável.

Ele voltou a atacar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública "O Caiado já desmascarou o presidente Lula na frente dele dizendo 'você quer tirar prerrogativa de Estado, isso aí é presente para a bandidagem'", afirmou o governador para a plateia reunida em Salvador - evento que foi marcado pela ausência de vários líderes do seu partido, o União Brasil.

A PEC da Segurança é uma proposta do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que pretende criar um SUS da segurança. O objetivo é reestruturar e fortalecer o sistema de segurança por meio da integração entre os entes federados. Caiado se coloca como contrário à iniciativa e afirmou no evento que não existe "estado democrático de direito onde governo é complacente com o crime".

Na última quarta-feira, 2, foi divulgada uma pesquisa Genial/Quaest que mostra que a violência é apontada como o maior problema no Brasil atual para 29% dos entrevistados. O levantamento também mostrou que Lula tem 56% de desaprovação, a maior desde o início do terceiro mandato.

Segundo o chefe do Executivo goiano, o governo federal vem perdendo popularidade porque não sabe dialogar com a juventude brasileira. Caiado afirmou que o governo petista tem atitude de gente "incompetente e que não gosta de trabalhar". "Na hora que ele implanta uma taxa de juros a 14,25% e processo inflacionário no País, ele passa a responsabilidade para os Estados e municípios", disse. "Lula, você não dá conta de governar."

Em outra crítica à gestão Lula, ele afirmou que a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi escolhida para uma tarefa que "reconhecidamente" ela não consegue desempenhar. "A única coisa que ela não sabe é articular. É um elefante na casa de louça", criticou.

'Liturgia'

Caiado também deu recados que o diferenciam de Bolsonaro, embora sem citar o político do PL. "(Vou exercer) A Presidência da República na sua plena prerrogativa de presidente, com a liturgia de presidente da República, sabendo conviver com os demais Poderes, mas cada um dentro do seu limite e cada um sabendo que os Poderes são autônomos, mas os Poderes têm que ser harmônicos e que não cabe enfrentamento de Poderes na hora que nós queremos construir a paz em nosso país", disse ele.

'Barra da saia'

Antes, afirmou que é "desencabrestado". "Não sou candidato de bolso de colete, nem candidato de barra de saia de ninguém, não. Eu sou candidato e eu vou pro povo. Eu vou debater. Quando ninguém tinha coragem de defender direito de propriedade era o Caiado lutando com 36 anos de idade nesse Brasil."

Bolsonaro tem desautorizado o lançamento de outros nomes da direita, afirmando que é o candidato do campo para 2026, mesmo estando inelegível até 2030 por duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Durante seu mandato no Palácio do Planalto, o ex-presidente protagonizou fortes enfrentamentos com o Legislativo e, especialmente, com o Judiciário - que acusa até hoje de ter tido papel preponderante para sua derrota em 2022.

Desde as eleições municipais do ano passado, o governador de Goiás busca se colocar como uma alternativa de direita ao bolsonarismo, disputando o espólio do ex-presidente.

A desavença entre Caiado e Bolsonaro se intensificou em 2024. Na disputa pela capital de Goiás, Caiado apoiou Sandro Mabel, que venceu no segundo turno o bolsonarista Fred Rodrigues (PL), com 55,53% dos votos válidos ante 44,47%. Durante as eleições, o ex-presidente chegou a chamar o governador de "covarde".

Caiado também foi condenado pela Justiça Eleitoral a oito anos de inelegibilidade. O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás o sentenciou por abuso de poder político na disputa municipal do ano passado. O governador nega que tenha utilizado a estrutura do governo estadual para a campanha de Mabel pela prefeitura de Goiânia. Ainda cabem recursos sobre a decisão no próprio TRE e no TSE.

Rueda

A solenidade de lançamento da pré-candidatura de Caiado não contou com a presença do presidente do União Brasil, Antônio Rueda. A ausência do principal dirigente partidário explicitou um racha na legenda, que possui três ministérios no governo Lula. Caiado foi ciceroneado pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que é secretário-geral do partido.

O governador tem demonstrado falta de sintonia com a legenda. Nesta semana ele criticou a ideia de federação do União Brasil com o PP. A junção das duas legendas foi aprovada pela Executiva Nacional do PP no dia 18 de março.

"Acredito que forçar essa federação seria um tiro no pé dos dois partidos. O União Brasil e o PP são partidos grandes, consolidados na maioria dos Estados, e fazer essa junção agora não é algo simples. Em cada Estado existe uma realidade distinta e vejo que a resistência a essa proposta está muito grande no União Brasil."

Representantes do partido no Congresso também demonstram publicamente desconfiança em relação ao projeto eleitoral de Caiado. À Coluna do Estadão, o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB), disse no início do mês passado que a legenda só apoiará a candidatura do governador de Goiás à Presidência se ele demonstrar sua viabilidade como candidato.

Efraim citou a campanha de Soraya Thronicke, candidata ao Planalto em 2022 pelo União Brasil, como um caso que o partido não gostaria de repetir. "O União Brasil tem respeito pela posição dele e deu a ele a missão de percorrer o Brasil em 2025, se viabilizar na condição de pré-candidato à Presidência da República para que a gente possa tomar a decisão política em 2026", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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