Rui Falcão desafia grupo de Lula e lança candidatura à presidência do PT

Política
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O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) lançou nesta quarta-feira, 9, sua candidatura à presidência do PT com um discurso que se contrapõe ao do ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, nome apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o partido. A entrada de Falcão no páreo atrai o apoio da esquerda do PT, mas também desafia o grupo de Lula, uma vez que a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) está rachada.

"Minha candidatura não é contra Edinho nem contra Lula, tanto que estou empenhado na reeleição dele, em 2026. Mas queremos uma reconexão com a nossa base social. O PT não pode ser um partido só de parlamentares, tendências e chefes do Executivo", disse o deputado.

Falcão já presidiu o PT nos anos 90 e também de 2011 a 2017. Sob o slogan "Pela base, construir a esperança", o lançamento de sua campanha ocorre em um momento de contestação da candidatura de Edinho por parte de uma ala de sua própria corrente, a CNB, que quer manter a tesoureira do partido, Gleide Andrade. Edinho não aceita, sob o argumento de que é preciso renovação na Secretaria de Finanças.

A disputa no PT tem até mesmo denúncias de abuso do poder econômico, prática que o partido sempre condenou. Em ofício endereçado à cúpula da sigla, o dirigente Valter Pomar - que registrou sua candidatura à presidência do PT pela tendência Articulação de Esquerda - quis saber se o Diretório Nacional estava pagando jatos para o ex-prefeito de Araraquara fazer viagens de campanha.

Após a negativa do senador Humberto Costa, presidente interino do PT, e da tesoureira Gleide, Pomar não deixou por menos. "Tendo em vista a ênfase que Edinho vem dando ao tema da tesouraria do partido, imagino que ele compreenda a necessidade de ser transparente nesta e noutras questões", escreveu. "Afinal, a democracia petista não rima com abuso de poder econômico nem com dinheiro de empresários interferindo no PED", completou ele, numa referência ao Processo de Eleições Diretas, com voto dos filiados, que escolherá a nova cúpula petista.

Edinho não quis se manifestar. Falcão, por sua vez, disse que não cabia a ele responder ao questionamento. As eleições que vão renovar o comando do PT, em todo o País, estão marcadas para 6 de julho e as inscrições de candidaturas podem ser feitas até maio. Além de Edinho, Falcão e Pomar, o outro postulante a comandar o PT é Romênio Pereira. Atual secretário de Relações Internacionais do partido, Romênio integra a corrente Movimento PT.

Em 2022, tanto Edinho como Falcão foram coordenadores da campanha de Lula. Os dois, no entanto, têm visões opostas sobre os rumos do partido e do governo.

O ex-prefeito de Araraquara defende a aproximação do PT com o centro político. "Estou otimista na nossa capacidade de furar a bolha da polarização. Temos de fazer um esforço para aprofundar o diálogo com quem não está conosco", argumenta Edinho. Na outra ponta, Falcão afirma não ser possível "fazer média" com os adversários.

"O que quer dizer o fim da polarização? Estamos num embate com a direita. É preciso quebrar o ovo da serpente. O fascismo prosperou onde as pessoas foram repelidas da política", destacou o deputado. "Não podemos perder a identidade do PT nem nos transformar em um braço institucional do governo."

Antes mesmo de Gleisi Hoffmann deixar a presidência do PT, há um mês, para assumir a Secretaria de Relações Institucionais - ministério que cuida da articulação do governo com o Congresso -, a disputa nas fileiras do partido já indicava conflitos intransponíveis.

Embora um dos focos da briga seja o controle da tesouraria do PT, que tem a chave do cofre onde são depositados os fundos partidário e eleitoral, uma soma de quase R$ 800 milhões por ano, o racha é também sobre a concepção de país e o futuro do PT pós-Lula.

Nesse embate há não só acusações de filiações em massa no partido, uso da máquina pública e até de recursos empresariais para a obtenção de votos em favor de determinado candidato como uma queda de braço para ver quem comandará a campanha por um novo mandato de Lula, em 2026, ou mesmo quem será seu herdeiro político. Até agora, porém, esse nome está longe de ser construído.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e o presidente dos EUA, Donald Trump, concordaram sobre a necessidade de uma ação "urgente" para colocar fim à situação em Gaza, que "atingiu novos níveis", em comunicado publicado nesta segunda-feira, após o encontro dos dois líderes na Escócia. De acordo com o texto, os lados se comprometeram a trabalhar em conjunto "para pôr fim à miséria e à fome e a continuar a pressionar pela libertação imediata dos reféns restantes".

Segundo a nota publicada pelo governo britânico, Starmer e Trump reforçaram o apelo por um cessar-fogo imediato para abrir caminho à paz na região. O premiê britânico disse estar trabalhando com outros líderes europeus para alcançar uma "paz duradoura".

Sobre o conflito na Ucrânia, os líderes concordaram que devem "manter o ímpeto" para pôr fim à guerra com a Rússia, incluindo a pressão econômica sobre o presidente russo, Vladimir Putin, para que Moscou "sente à mesa de negociações sem mais demora".

Ainda, segundo o comunicado, Starmer e Trump conversaram sobre os benefícios do acordo para os trabalhadores do Reino Unido e dos EUA e concordaram em continuar a trabalhar juntos "para fortalecer ainda mais sua estreita e sólida relação econômica".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 28, que estabeleceu um novo prazo de "10 ou 12 dias" para que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concorde com um cessar-fogo na Ucrânia.

"Vou estabelecer um novo prazo, de cerca de 10 ou 12 dias a partir de hoje. Não há motivo para esperar. Eram 50 dias, eu quis ser generoso, mas simplesmente não vemos nenhum progresso sendo feito", disse Trump, durante uma reunião em Turnberry, na Escócia, com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.

No dia 14 de julho, o presidente americano havia dado um prazo de 50 dias para que Moscou e Kiev concordassem com uma trégua. Durante a coletiva de imprensa, Trump afirmou estar "decepcionado" com Putin por não ter encerrado a guerra na Ucrânia.

O republicano apontou que conversou diversas vezes com o presidente russo desde que retornou a Casa Branca em janeiro e está frustrado com os resultados das conversas. "Depois das nossas ligações o Presidente Putin sai e começa a lançar foguetes em alguma cidade como Kiev e mata muitas pessoas em um asilo ou seja lá o que for. Você tem corpos espalhados por toda a rua. E eu digo que não é assim que se faz."

Os oficiais ucranianos foram rápidos em agradecer Trump por encurtar o prazo para a Rússia terminar a guerra na Ucrânia. Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse em uma publicação nas redes sociais que os comentários do republicano demonstravam que ele estava comprometido com a "paz através da força". "Putin respeita apenas o poder - e essa mensagem é alta e clara."

A Nasa perderá cerca de 3,9 mil funcionários como parte do plano de reduzir o quadro de pessoal federal iniciado por Donald Trump, embora o presidente continue determinado a que a agência espacial americana realize missões tripuladas à Lua e a Marte.

A agência aeroespacial informou em um comunicado na última sexta-feira, 25, que cerca de 3 mil funcionários aderiram à segunda rodada do plano de demissões voluntárias. Na primeira rodada, 870 trabalhadores aceitaram deixar a Nasa.

A equipe da Nasa passou de 18 mil funcionários para pouco mais de 14 mil desde o retorno de Trump à Casa Branca, o que representa uma redução de mais de 20%. Os funcionários da agência que decidiram aderir ao programa de demissões voluntárias devem deixar os seus cargos de forma gradual.

'Segurança é prioridade'

"A segurança continua sendo uma prioridade máxima para nossa agência, enquanto equilibramos a necessidade de nos tornarmos uma organização mais ágil e eficiente e trabalhamos para garantir que continuemos plenamente capazes de buscar uma era dourada de exploração e inovação, incluindo a Lua e Marte", explicou a direção da Nasa.

O orçamento proposto pelo governo de Trump para a agência destacava o retorno do homem à Lua e a realização de uma missão tripulada a Marte pela primeira vez, ao mesmo tempo que cortava drasticamente os programas científicos e climáticos. A administração também removeu sistematicamente menções às mudanças climáticas dos sites governamentais, ao mesmo tempo que reduziu drasticamente o financiamento federal para pesquisa sobre aquecimento global.

Além disso, autoridades de Trump têm recrutado cientistas para ajudá-los a revogar a "declaração de risco" de 2009, que determinou que os gases de efeito estufa representam ameaça à saúde pública e ao bem-estar.

Corrida Espacial

A Casa Branca afirma que quer focar os recursos para "ganhar da China a corrida para voltar à Lua e levar o primeiro humano a Marte". Pequim tem como meta fazer seu primeiro pouso lunar tripulado em 2030.

A Nasa continua sendo dirigida por um administrador interino depois que a escolha inicial da administração para liderar a agência, o bilionário tecnológico Jared Isaacman, apoiado pelo ex-assessor do presidente Trump, o empresário Elon Musk, foi rejeitada pelo presidente republicano.

Trump havia anunciado ainda em dezembro, na transição presidencial, a escolha de Isaacman como o próximo administrador da Nasa. O bilionário tem sido um colaborador próximo de Musk desde que comprou seu primeiro voo fretado na SpaceX em 2021.