Carla Zambelli disse que 'não sobreviveria na cadeia' após ser condenada pelo STF; relembre

Política
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que anunciou sua saída do Brasil nesta terça-feira, 3, havia dito que "não sobreviveria na cadeia", após ser condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A parlamentar, porém, também afirmou que "se acontecer de ter a prisão, eu vou me apresentar para a prisão".

De acordo com a deputada, ela era portadora de enfermidades como síndrome Ehlers-Danlos, que afeta o tecido conjuntivo, síndrome hipercinética postural ortostática, que prejudica o coração, e depressão. "Meus médicos são unânimes em dizer que eu não sobreviveria na cadeia", afirmou, no dia 15 de maio.

Zambelli afirmou, na ocasião, seguiria a decisão, "ainda que seja injusta". "Eu sigo a lei, eu sigo ordem judicial. Se acontecer de ter a prisão, eu vou me apresentar para a prisão. Mas eu hoje não me vejo capaz de ser cuidada da forma como eu tenho que ser cuidada, com cuidados constantes."

A deputada afirmou que apresentaria os documentos "em momento oportuno" e esperava que os laudos seriam o bastante para a prisão domiciliar.

Originalmente, a deputada havia afirmado que iria à Europa para tratar problemas de saúde. No entanto, afirmou que pedirá licença não remunerada do seu cargo e passará a viver no continente. Segundo a deputada, ela atuará no fortalecimento da direita local, de maneira parecida com a que o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem feito nos EUA.

Zambelli foi condenada por ter orquestrado um ataque hacker aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). De acordo com as investigações, ela teria instruído o hacker Walter Delgatti Neto a invadir o sistema do órgão e emitir uma ordem de prisão falsa para o ministro Alexandre de Moraes, em seu próprio nome.

A deputa também responde a outra investigação no Supremo, por ter perseguido um homem munida de um revólver antes da eleição de 2022.

Após o anúncio da saída do País nesta terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF a prisão preventiva de Carla Zambelli.

Mais cedo, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), pediu à PGR a prisão da deputada e a inclusão do nome dela na lista de procurados da Interpol.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já embarcou de volta ao Brasil. A previsão é que Lula desembarque em Belém (PA) por volta das 19h30.

O presidente viajou a Santa Marta, na Colômbia, para participar da cúpula Celac-União Europeia neste domingo. O compromisso foi rápido. Lula chegou em Santa Marta por volta das 11h30, participou da reunião e já embarcou de volta a Belém.

Na segunda-feira, 10, ele participa da abertura oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, em Belém.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, alertou que as consequências econômicas da prolongada paralisação do governo federal estão se intensificando, dizendo que a situação está ficando "cada vez pior", à medida que as interrupções se espalham por setores-chave e pressionam as finanças públicas.

"Vimos um impacto na economia desde o primeiro dia, mas está ficando cada vez pior. Tivemos uma economia fantástica sob o presidente Trump nos últimos dois trimestres, e agora há estimativas de que o crescimento econômico para este trimestre poderia ser reduzido pela metade se a paralisação continuar", disse ele em entrevista à ABC neste domingo.

De forma semelhante, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, pontuou hoje que o crescimento do quarto trimestre pode ser negativo se o shutdown se prolongar.

Hassett, falando ao programa "Face the Nation" da CBS, observou que a escassez de controladores de tráfego aéreo estava causando grandes atrasos nas viagens na preparação para o feriado de Ação de Graças. "Essa época é uma das mais movimentadas do ano para a economia... e se as pessoas não estiverem viajando nesse momento, então realmente poderíamos estar olhando para um trimestre negativo", acrescentou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

O governo de Donald Trump tem usado como pretexto para intensificar sua presença militar no Caribe o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, destruiu barcos que trafegavam pela região alegando que se tratava de embarcações de traficantes. Os tripulantes foram mortos.

O discurso de Lula foi feito na Cúpula Celac-União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O presidente brasileiro disse que a América Latina é uma "região de paz" e pretende continuar assim.

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

O petista criticou a falta de integração entre os países latinoamericanos. Afirmou que "voltamos a ser uma reunião dividida" e com ameaças envolvendo o "extremismo político".

"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

O petista também lamentou o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, e manifestou suas condolências às vítimas da tragédia climática dos últimos dias.