STF retoma julgamento sobre responsabilidade de redes por conteúdos

Política
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O Supremo Tribunal Federal (STF) deve retomar nesta quarta-feira, 4, o julgamento sobre a responsabilização das plataformas digitais por conteúdos ilícitos publicados pelos usuários. O próximo a votar será o ministro André Mendonça, que pediu vista em dezembro do ano passado. A expectativa é que Mendonça abra uma divergência em relação aos três ministros que já votaram.

Mendonça já indicou que deve seguir uma linha mais protetiva à liberdade de expressão em seu voto. Ao pedir vista, o ministro disse que deve fazer uma distinção para a retirada de conteúdos com crimes contra a honra de pessoas privadas e críticas legítimas a agentes públicos. O voto do ministro será extenso e lido na íntegra, de acordo com interlocutores.

"Acusar alguém de ditador, por exemplo, para uma pessoa comum pode ser extremamente injusto, mas talvez a um político, em função de alguma atitude, faz parte do debate público e precisamos preservar. Não é o ideal dos mundos, mas acho que a democracia enriquece pelas críticas ácidas e até mesmo injustas que as pessoas públicas estão sujeitas", afirmou na ocasião.

O tema é discutido por meio de duas ações, relatadas por Dias Toffoli e Luiz Fux. As ações questionam o artigo 19 do Marco Civil da Internet (MCI), que isenta as plataformas de responsabilização por conteúdos publicados por terceiros. No regime atual, as redes sociais apenas respondem por danos causados pelas postagens caso descumpram uma ordem judicial de remoção. Há duas exceções: violação aos direitos autorais e divulgação de fotos íntimas sem consentimento.

Como já mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, no ano passado, a tendência é que a Corte torne mais duras as regras para responsabilização das redes sociais.

A maioria dos ministros já se manifestou, em algum momento, a favor de mudanças no regime de responsabilidade das redes. Alguns deles já criticaram publicamente o artigo 19. Na última segunda-feira, 2, o ministro Gilmar Mendes disse que o julgamento pode ser um "esboço" para a regulação das redes e que o artigo 19 está "ultrapassado".

Até o momento, três ministros já votaram.

Voto de Toffoli

Para Toffoli, o artigo 19 do MCI é inconstitucional. Para substituir o regime atual, ele propôs duas regras. Como regra geral, ele defendeu que os conteúdos ilícitos e ofensivos devem ser removidos após a notificação do usuário. Caso não removam em "prazo razoável", as plataformas estão sujeitas à responsabilização, como multas. Nesse ponto, a sugestão do ministro é ampliar o artigo 21 do MCI, que já determina que as plataformas removam conteúdos com violação a direitos autorais e divulgação de fotos íntimas sem consentimento após a notificação da vítima, sem necessidade de ordem judicial.

O ministro também sugeriu um tratamento especial para casos que ele considera "especialmente graves", como terrorismo, riscos ao Estado democrático de direito, à saúde pública ou ao processo eleitoral, racismo e violência contra pessoas vulneráveis. Nessas situações, que ele enumerou em seu voto, as plataformas devem agir antes mesmo da notificação do usuário - ou seja, de forma proativa.

Voto de Fux

Fux também votou para declarar o artigo 19 inconstitucional, mas defendeu que as plataformas devem remover conteúdos ilícitos de forma imediata, no momento em que tiverem "ciência inequívoca dos atos ilícitos, seja por quanto evidente, seja porque devidamente informado".

Em seu voto, o ministro listou conteúdos considerados "evidentemente ilícitos" que devem ser removidos antes mesmo de notificação do usuário. Ele classificou nesta categoria o discurso de ódio, crime, racismo, pedofilia, incitação à violência, abolição violenta ao estado de direito e apologia ao golpe de Estado.

Nos casos de postagens enquadradas em injúria, calúnia e difamação, as plataformas também devem agir logo após a notificação da vítima. De acordo com sua proposta, cabe às plataformas o dever de disponibilizar meios "eficientes, funcionais e sigilosos" para o usuário realizar essa denúncia.

Voto de Barroso

Barroso defendeu mudanças na legislação atual, mas sua posição está mais alinhada ao pleito das plataformas digitais do que os votos dos relatores. Na sua visão, o artigo 19 é apenas parcialmente inconstitucional e deve prevalecer em alguns casos, como em crimes contra a honra. Barroso propôs que a remoção de conteúdos ofensivos, como calúnia, injúria ou difamação, só deva ser feita após ordem judicial para proteger a liberdade de expressão.

Outra diferença do voto de Barroso em relação aos relatores é no caso do monitoramento ativo. Toffoli e Fux defenderam que as plataformas devem agir por conta própria, sem provocação dos usuários ou da Justiça, para remover determinados conteúdos com maior gravidade. No lugar dessa regra, Barroso propôs que as plataformas tenham o dever de cuidado e sejam responsabilizadas apenas por falhas sistêmicas na moderação.

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O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que a instruiu as Forças Defesa do país (IDF) a criou "plano de execução" para conter ameaças futuras do Irã, dias após os dois países terem firmado um cessar-fogo no conflito de 12 dias. Em publicação no X, ele disse que o plano incluía manter a superioridade aérea israelense, impedir o avanço nuclear e a produção de mísseis, e responder Teerã por "apoiar atividades terroristas contra o Estado de Israel".

"Trabalharemos regularmente para frustrar ameaças desse tipo. Sugiro que o chefe de Teerã entenda e tome cuidado: depois de 7 de outubro, a imunidade acabou", ameaçou o ministro de Israel.

Na postagem, Katz diz que Israel frustrou a infraestrutura nuclear iraniana e agradeceu aos aliados americanos "pela assistência". "Destruímos os sistemas de produção de mísseis e danificamos severamente os lançadores. Eliminamos a elite de segurança e os principais cientistas no avanço do programa nuclear", acrescentou.

O Ministério das Relações Exteriores da Índia confirmou, nesta sexta-feira, que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, estará no Brasil para a Cúpula dos Brics, que será realizada no Rio de Janeiro, e deve realizar "várias reuniões bilaterais".

De acordo com o comunicado oficial, ele deve trocar opiniões sobre questões globais importantes, incluindo reforma da governança global, paz e segurança, fortalecimento do multilateralismo, uso responsável da inteligência artificial, ação climática, saúde global, questões econômicas e financeiras.

"Para a visita de Estado ao Brasil, o primeiro-ministro viajará para Brasília, onde manterá discussões bilaterais com o presidente Lula sobre o alargamento da Parceria Estratégica entre os dois países em áreas de interesse mútuo", informa o ministério.

Antes da chegada ao Brasil, Modi visitará Gana, Trinidad e Tobago e a Argentina, onde se encontrará com o presidente argentino, Javier Milei. Na sequência, o líder indiano viajará para a Namíbia.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comemorou nesta sexta-feira (27) a decisão da Suprema Corte dos EUA que limitou o alcance de decisões judiciais que barravam suas ordens executivas em todo o país. A medida, tomada por 6 votos a 3, foi considerada uma vitória importante para a Casa Branca ao restringir as chamadas injunções nacionais emitidas por juízes federais de primeira instância.

"Grande decisão da Suprema Corte. Estou muito feliz", afirmou Trump em coletiva de imprensa. Segundo ele, o governo poderá agora "prosseguir com vários programas da nossa agenda". Entre as medidas que espera implementar com base na decisão, Trump citou o fim da cidadania automática para filhos de imigrantes nascidos nos EUA e barrar o uso de recursos públicos para procedimentos médicos de pessoas transgênero.

Trump ainda agradeceu à Suprema Corte por "resolver o problema das injunções" e indicou que também pretende avançar com o corte de financiamento para as chamadas 'cidades santuário', municípios que limitam a cooperação com autoridades federais de imigração.