Barroso sobre big techs: quando o Congresso legislar a respeito, sua vontade será aplicada

Política
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O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quarta-feira, 4, que a Corte esteja invadindo competências do Congresso ao julgar a responsabilidade das plataformas e redes sociais por publicações de usuários.

"Estabelecer os critérios que vão reger os casos que chegarem ao Judiciário é nosso dever e nada tem de invasão à competência dos outros Poderes e muito menos tem a ver com censura", defendeu Barroso.

Em pronunciamento no plenário antes da retomada da votação, o presidente do STF afirmou que os critérios definidos pela Corte "só prevalecerão" até que o Congresso aprove legislação sobre o tema.

"E quando o Congresso legislar a respeito é a vontade do Congresso que vai ser aplicada pelo Supremo Tribunal Federal, desde que evidentemente compatível com a Constituição", afirmou o ministro.

A pauta está travada no Legislativo desde o fracasso do PL das Fake News, após amplo lobby das big techs para enterrar o projeto de lei.

Barroso argumentou ainda que o STF tem o dever de definir critérios claros para serem aplicados em casos concretos que chegarem ao Judiciário.

"O Judiciário não está legislando e muito menos regulando em caráter geral abstrato e definitivo as plataformas digitais", seguiu o ministro.

"Por evidente, para nós decidirmos os casos concretos colocados perante o tribunal, precisamos estabelecer os critérios que vão pautar o julgamento e, em nome da segurança jurídica, deixar claro quais os deveres que nós entendemos exigíveis e que aplicaremos aos novos casos que chegarem ao Judiciário."

Segundo o presidente do STF, embora o tema seja "complexo, difícil e divisivo", o Poder Judiciário não pode deixar decidir.

"No Brasil, um tribunal não tem a possibilidade de dizer: 'Esse tema é muito complexo, muito difícil, muito divisivo, vai trazer chateação, vamos contrariar muita gente'. Ou não pode dizer tampouco: 'Já que não tem lei a respeito, eu não julgo'."

O julgamento gira em torno do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que proíbe a responsabilização das plataformas por conteúdos publicados pelos usuários, exceto se houver descumprimento de decisões judiciais para remover publicações.

O STF vai decidir se amplia a obrigação das plataformas de fiscalizarem os conteúdos que circulam nas redes - um dos maiores pontos de inquietação das big techs. O STF também precisa definir se as empresas de tecnologia podem ser punidas por publicações mesmo quando não houver ordem judicial para tirá-las do ar, o que implicaria uma moderação de conteúdo mais rigorosa.

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O jornal israelense Haaretz publicou reportagem nesta sexta-feira, 27, segundo a qual comandantes do exército de Israel vêm dando ordens às tropas para disparar contra civis palestinos em filas de distribuição de alimentos em Gaza, como forma de controle de multidões. A Advocacia-Geral Militar (espécie de corregedoria) abriu uma investigação sobre o tema.

Questionado pelo Estadão, o exército israelense negou o teor da reportagem. "Rejeitamos veementemente a acusação levantada no artigo - as Forças de Defesa de Israel não instruíram as tropas a atirar deliberadamente em civis, incluindo aqueles que se aproximavam dos centros de distribuição", afirmou.

Militares ouvidos pelo Haaretz não identificados se referem aos locais de entrega de ajuda humanitária no sul de Gaza como "campos da morte" e dizem que a ordem para dispersar com tiros partia dos comandantes, mesmo quando não havia risco efetivo. A Advocacia-Geral Militar disse ao Estadão que atua por meio de um "mecanismo de checagem de fatos", segundo o qual uma equipe de especialistas jurídicos e militares investigam as denúncias, colhendo relatos e outras evidências no local. Ela tem poder de prisão e pode instaurar procedimentos disciplinares, além de formular acusações em cortes marciais.

Mortes

Um dos militares ouvidos pelo jornal israelense disse que a ação em filas de alimentos "são uma violação do código de conduta do exército". A brasileira Damaris Giuliana, que foi gerente de comunicação da ONG Médicos Sem Fronteiras nos territórios palestinos por três meses, até o dia 19, compara os pontos de distribuição de comida a uma "armadilha".

"Se as pessoas chegam muito cedo aos pontos de distribuição de alimentos, os soldados atiram. Se elas chegam em cima da hora e tem aglomeração por conta do desespero, atiram também. E se as pessoas permanecem na área depois do fim da distribuição, eles atiram da mesma forma", afirmou ao Estadão.

As mortes em filas de distribuição de alimentos começaram no dia 27 de maio, quando Israel passou a restringir o trabalho de organizações como a Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras, substituídas por uma empresa chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF), criada pelos EUA e contratada por Israel.

Desde que a GHF assumiu a distribuição, 19 episódios ocorreram na Faixa de Gaza, com 549 palestinos mortos na fila da comida, de acordo com dados da ONU. A entrega de ajuda é sempre caótica e frequentemente a multidão corre para pegar caixas de mantimentos.

Quando lançada, a empresa tinha como presidente um ex-militar americano. Ela recebeu na quinta-feira, 26, uma autorização de aporte de US$ 30 milhões (cerca de R$ 164 milhões) do Departamento de Estado dos EUA.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nessa sexta-feira, 27, que não indicará para a presidência do Federal Reserve (Fed) alguém que queira manter as taxas de juros atuais. "Vou nomear como presidente do Fed alguém que queira cortar (os juros)", enfatizou ele em coletiva de imprensa na Casa Branca.

O republicano também voltou a criticar o atual presidente do BC americano, Jerome Powell, e disse que gostaria que Powell renunciasse. "Acho que deveríamos estar pagando juros de 1% neste momento", acrescentou. Na semana passada, Trump chegou a chamar Powell de "desgraça americana".

A aposta de que o corte de juros pode começar mais cedo tem animado a maior parte dos investidores, o que pode ser observado pelas reações dos mercados. Segundo o jornal americano Wall Street Journal, entre os nomes cotados para o cargo estariam o ex-diretor Kevin Warsh, o diretor do NEC Kevin Hassett e o secretário do Tesouro, Scott Bessent.

Um cidadão canadense de 49 anos morreu esta semana enquanto estava preso pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos. O caso é investigado e se tornou público na quarta-feira, 25. A ministra de Relações Exteriores do Canadá declarou nesta quinta, 26, que o país busca mais informações urgentemente.

O canadense foi identificado como Johnny Noviello. Ele era residente permanente nos EUA desde 1991 e foi encontrado morto no dia 23 em um centro de detenção federal localizado em Miami, onde estava preso. Um comunicado do ICE declarou que seu status era de "aguardando processo de remoção". A causa da morte permanece desconhecida.

Segundo o comunicado, a equipe médica do local o atendeu e procedeu com uma ressuscitação cardiopulmonar e choque com desfibrilador externo. O serviço de emergência americano também foi acionado. "Cuidados médicos abrangentes são fornecidos desde o momento em que os indivíduos chegam e durante toda a sua permanência", afirmou o ICE.

O serviço de imigração também informou que Noviello foi sentenciado a um ano de prisão em 2023 por extorsão e tráfico de drogas no condado de Volusia, Flórida. Em maio deste ano, ele foi encontrado pelos agentes de imigração e colocado na fila para ser deportado - de acordo com a lei americana, vistos de residência permanente podem ser revogados por determinados crimes, incluindo o tráfico de drogas.

No dia seguinte ao comunicado, a chanceler do Canadá, Anita Anand, declarou que o consulado canadense havia sido informado. "O Governo do Canadá foi notificado da morte de um cidadão canadense enquanto estava sob custódia nos Estados Unidos. Funcionários consulares canadenses estão buscando urgentemente mais informações com autoridades americanas. Apresento minhas sinceras condolências à família", disse no X (antigo Twitter).

A morte ocorreu em meio a inúmeras prisões realizadas por agentes do ICE, que faz parte da política repressiva do presidente Donald Trump contra a imigração. Diversos decretos assinados pelo presidente desde que retornou à Casa Branca determinaram metas para deportar milhões de imigrantes indocumentados. As prisões aumentaram e foram seguidas de denúncias de violações dos agentes e protestos em todo o país.

Noviello é a oitava pessoa a morrer sob custódia do ICE este ano, segundo a estatística oficial. No ano passado, houve 11 mortes semelhantes. (COM AGÊNCAIS INTERNACIONAIS)