Alesp reforça segurança de deputadas após ameaças de morte e de invasão do prédio

Política
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A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) informou nesta terça-feira, 3, que vai reforçar a segurança das deputadas após ameaças de morte e estupro e de invasão ao prédio enviadas aos seus e-mails. O presidente da Casa, André do Prado (PL), disse que já está previsto o fornecimento de carros blindados de acordo com a necessidade das parlamentares.

O anúncio foi feito após uma reunião entre a presidência da Casa e as deputadas, convocada para discutir os e-mails enviados às parlamentares, contendo ameaças de morte e estupro, além de ofensas raciais e conteúdo capacitista. As mensagens, enviadas no último sábado, 31, foram direcionadas a todas as deputadas da Alesp, além de mencionar nominalmente algumas delas.

Além de ofensas misóginas, racistas e capacitistas, o autor das mensagens também ameaçou invadir o prédio da Alesp com o uso de força armada e fazer as mulheres da Casa reféns. As ameaças incluíam ainda menções a estupro coletivo das parlamentares, estupro de menor, lesão corporal e maus-tratos a animais.

Para conter a ameaça de invasão ao prédio, o presidente da Alesp também informou que um novo protocolo de segurança deve ser formulado e implementado em até 30 dias para controlar a entrada e a saída de pessoas no edifício. Segundo André do Prado, além dos funcionários da Casa, entre 1.000 a 1.500 pessoas transitam pelo edifício todos os dias.

"Sejamos justos, já há um protocolo de segurança muito bom com a nossa Polícia Militar, com nossa Polícia Civil. Nós vamos a fazer com que isso seja aprimorado diante dessa situação. Então, diante do que foi colocado pelas deputadas, nós teremos um novo protocolo de segurança", afirmou André do Prado.

O presidente também afirmou que está ouvindo todas as parlamentares individualmente para formular a melhor estratégia de segurança. Está sendo debatida ainda a possibilidade de a Alesp disponibilizar escolta pessoal de acordo com a necessidade de cada deputada.

Suspeito já foi identificado

A polícia foi acionada pela Alesp para investigar o caso. "Nesta segunda-feira, 2, foram realizadas diligências que resultaram na apreensão de um computador e um telefone celular na residência de um homem de 28 anos, que é investigado", informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo.

"A Polícia Civil de São Paulo vai dar conta do que aconteceu, vai indicar quem são os autores dessa ação e eles serão rigorosamente punidos como merecem", disse o presidente da Alesp.

Diante das ameaças, as deputadas da Alesp formularam uma nota conjunta intitulada "Não seremos caladas", expondo o ocorrido. "Trata-se de uma nítida tentativa de silenciar mulheres em um ataque misógino, racista e capacitista em uma situação que, embora nos cause choque, infelizmente, é mais uma expressão de ódio e de violência a mulheres que buscam ocupar espaços de poder na política de nosso País", disseram as deputadas.

Outras personalidades e entidades também se solidarizaram com as deputadas de São Paulo. A União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale) repudiou as ameaças de morte e estupro enviadas por e-mail às deputadas.

"A Unale se solidariza com as deputadas da Alesp e com todas as mulheres que enfrentam violência política de gênero. Colocamo-nos à disposição para colaborar com as investigações e para apoiar iniciativas que visem combater e prevenir esse tipo de violência, promovendo um ambiente político mais seguro e inclusivo para todas e todos", disse a entidade.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também prestou solidariedade às deputadas. "Um ato misógino e violento, típico da política do ódio", afirmou a ministra nesta terça-feira.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já embarcou de volta ao Brasil. A previsão é que Lula desembarque em Belém (PA) por volta das 19h30.

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O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, alertou que as consequências econômicas da prolongada paralisação do governo federal estão se intensificando, dizendo que a situação está ficando "cada vez pior", à medida que as interrupções se espalham por setores-chave e pressionam as finanças públicas.

"Vimos um impacto na economia desde o primeiro dia, mas está ficando cada vez pior. Tivemos uma economia fantástica sob o presidente Trump nos últimos dois trimestres, e agora há estimativas de que o crescimento econômico para este trimestre poderia ser reduzido pela metade se a paralisação continuar", disse ele em entrevista à ABC neste domingo.

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"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

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Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

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"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

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