Acareações da ação penal do golpe não serão transmitidas nem acompanhadas por jornalistas

Política
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As acareações autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na ação penal do golpe de Estado não deverão ser transmitidas, como foram os interrogatórios dos réus e do delator, nem acompanhadas por jornalistas, como os depoimentos de acusação e defesa.

 

Os encontros em que os réus e testemunhas serão ouvidos simultaneamente, frente a frente, serão juntados posteriormente aos autos do processo.

 

Moraes autorizou que o delator do caso, tenente-coronel Mauro Cid, e o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil general Walter Braga Netto, sejam confrontados sobre a declaração de Cid de que recebeu dinheiro do então ministro em uma caixa de vinho.

 

Em seu interrogatório, o general negou ter financiado ações do plano de golpe e afirmou que Mauro Cid mentiu nos depoimentos. A acareação entre as versões está marcada para a próxima terça-feira, 24, às 10h.

 

Braga Netto, que pediu a acareação ao ministro, recebeu autorização para se deslocar do Comando da 1.ª Divisão de Exército, no Rio de Janeiro, onde está preso, até a sede da Suprema Corte, em Brasília.

 

Também ficarão frente a frente e questionados sobre pontos divergentes em seus depoimentos o ex-comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

 

O ex-ministro confronta a versão do militar, que afirmou que se lembra de Torres ter participado de uma reunião golpista. Os dois serão acareados na mesma terça, às 14h.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já embarcou de volta ao Brasil. A previsão é que Lula desembarque em Belém (PA) por volta das 19h30.

O presidente viajou a Santa Marta, na Colômbia, para participar da cúpula Celac-União Europeia neste domingo. O compromisso foi rápido. Lula chegou em Santa Marta por volta das 11h30, participou da reunião e já embarcou de volta a Belém.

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O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, alertou que as consequências econômicas da prolongada paralisação do governo federal estão se intensificando, dizendo que a situação está ficando "cada vez pior", à medida que as interrupções se espalham por setores-chave e pressionam as finanças públicas.

"Vimos um impacto na economia desde o primeiro dia, mas está ficando cada vez pior. Tivemos uma economia fantástica sob o presidente Trump nos últimos dois trimestres, e agora há estimativas de que o crescimento econômico para este trimestre poderia ser reduzido pela metade se a paralisação continuar", disse ele em entrevista à ABC neste domingo.

De forma semelhante, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, pontuou hoje que o crescimento do quarto trimestre pode ser negativo se o shutdown se prolongar.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

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"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

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