TJ-SP altera título de nomeação do juiz 'inglês' para constar seu nome verdadeiro

Política
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O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) alterou o nome do juiz Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield no título de nomeação. Passará a constar no documento o nome verdadeiro do magistrado, José Eduardo Franco dos Reis. A decisão administrativa foi publicada nesta quarta-feira, 25, no Diário Oficial de Justiça.

O título de nomeação é o documento oficial que formaliza a convocação de um candidato aprovado em concurso público para ocupar um cargo no tribunal.

O magistrado se apresentava como descendente da nobreza britânica e viveu 45 anos sob a identidade falsa. Com ela, exerceu a magistratura por 22 anos. Fontes envolvidas no caso avaliam que não há margem para cassar suas decisões, já que, independente da identidade usada, ele efetivamente prestou concurso.

O juiz responde a um processo criminal por uso de documento falso e falsidade ideológica. O Tribunal de São Paulo também instaurou uma apuração disciplinar. A ação penal está suspensa até a conclusão da avaliação psiquiátrica do magistrado, a pedido da defesa. Por meio desse procedimento, peritos analisam a saúde mental do réu. Com isso, ele pode ser declarado inimputável.

José Eduardo alega ter diagnóstico de Transtorno de Personalidade Esquizoide (TPE). O TPE compõe o agrupamento dos chamados transtornos excêntricos. É caracterizado por distanciamento e desinteresse generalizado por relacionamentos interpessoais.

A defesa tentou um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) - instrumento jurídico em que o réu confessa o crime e se compromete a cumprir uma série de cláusulas, como o pagamento de multa e a prestação de serviços comunitários, para não responder ao processo criminal. O Ministério Público de São Paulo rejeitou. O órgão chamou o transtorno de "seletivo" e argumentou que o juiz "manteve meticulosamente o domínio sobre as duas identidades, com documentação renovada de ambas".

Dupla identidade

Edward Wickfield é na verdade José Eduardo Franco dos Reis, um cidadão de Águas da Prata, no interior de São Paulo, filho de José dos Reis e Vitalina Franco dos Reis.

A persona teria sido assumida pelo magistrado pouco antes da graduação. Ele se formou na prestigiosa Faculdade de Direito da USP, no Largo do São Francisco. Depois disso, prestou concurso e atuou décadas como juiz sob a identidade falsa.

A fraude foi descoberta em outubro de 2024, quando ele esteve no Poupatempo da Sé para pedir a segunda vida da carteira de identidade. Foram encontrados dois registros diferentes associados às mesmas digitais. A divergência só foi percebida porque os registros do Instituto de Identificação Ricardo Gumblenton Daunt (IIRGD) haviam sido digitalizados.

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O governo de Donald Trump planeja deportar Kilmar Abrego García pela segunda vez, mas não pretende mandá-lo de volta para El Salvador. Ele havia sido erroneamente deportado para seu país de origem, mas retornou aos EUA após ordem judicial, onde agora ele enfrenta acusações federais de contrabando de pessoas.

A Casa Branca ainda não tomou a decisão de quando será a deportação ou se ela ocorrerá antes que o processo criminal seja concluído. O Departamento de Justiça garantiu que não há "planos imediatos" de retirar García do país.

Nesta sexta, 27, um juiz federal do Tennessee ordenou o adiamento da libertação de Garcia citando preocupações de que o salvadorenho possa ser deportado imediatamente após ser colocado em liberdade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O exército israelense afirmou neste sábado, 28, que um míssil disparado do Iêmen em direção ao território de Israel foi "muito provavelmente interceptado com sucesso", segundo informações divulgadas pela agência de notícias Reuters.

O lançamento foi reivindicado pelos Houthis, grupo de rebeldes apoiado pelo Irã, e teve como alvo uma área de Berseba, no sul de Israel. Há cerca de uma semana, um hospital na mesma cidade foi alvo de um míssil lançado pelo Irã.

Ainda segundo a agência, o grupo rebelde diz atacar Israel em solidariedade à Faixa de Gaza. O governo israelense advertiu que poderá impor bloqueio naval e aéreo ao Iêmen se os ataques persistirem.

No X (antigo Twitter), as Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram que sirenes de emergência soaram no sul do país após o lançamento de projéteis vindos do Iêmen.

A guerra em Gaza começou quando terroristas liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civis, e sequestrando 251.

Desde então, os Houthis, grupo que controla parte do Iêmen, têm atacado navios no Mar Vermelho, causando graves interrupções em uma importante rota comercial, e têm alvejado Israel com drones e mísseis.

No início do mês, a Marinha israelense atacou as docas da cidade portuária de Hodeida, no Iêmen, controlada pelos Houthis. Foi a primeira vez que forças de Israel se envolveram em ataques diretos contra os rebeldes.

O jornal israelense Haaretz publicou reportagem nesta sexta-feira, 27, segundo a qual comandantes do exército de Israel vêm dando ordens às tropas para disparar contra civis palestinos em filas de distribuição de alimentos em Gaza, como forma de controle de multidões. A Advocacia-Geral Militar (espécie de corregedoria) abriu uma investigação sobre o tema.

Questionado pelo Estadão, o exército israelense negou o teor da reportagem. "Rejeitamos veementemente a acusação levantada no artigo - as Forças de Defesa de Israel não instruíram as tropas a atirar deliberadamente em civis, incluindo aqueles que se aproximavam dos centros de distribuição", afirmou.

Militares ouvidos pelo Haaretz não identificados se referem aos locais de entrega de ajuda humanitária no sul de Gaza como "campos da morte" e dizem que a ordem para dispersar com tiros partia dos comandantes, mesmo quando não havia risco efetivo. A Advocacia-Geral Militar disse ao Estadão que atua por meio de um "mecanismo de checagem de fatos", segundo o qual uma equipe de especialistas jurídicos e militares investigam as denúncias, colhendo relatos e outras evidências no local. Ela tem poder de prisão e pode instaurar procedimentos disciplinares, além de formular acusações em cortes marciais.

Mortes

Um dos militares ouvidos pelo jornal israelense disse que a ação em filas de alimentos "são uma violação do código de conduta do exército". A brasileira Damaris Giuliana, que foi gerente de comunicação da ONG Médicos Sem Fronteiras nos territórios palestinos por três meses, até o dia 19, compara os pontos de distribuição de comida a uma "armadilha".

"Se as pessoas chegam muito cedo aos pontos de distribuição de alimentos, os soldados atiram. Se elas chegam em cima da hora e tem aglomeração por conta do desespero, atiram também. E se as pessoas permanecem na área depois do fim da distribuição, eles atiram da mesma forma", afirmou ao Estadão.

As mortes em filas de distribuição de alimentos começaram no dia 27 de maio, quando Israel passou a restringir o trabalho de organizações como a Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras, substituídas por uma empresa chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF), criada pelos EUA e contratada por Israel.

Desde que a GHF assumiu a distribuição, 19 episódios ocorreram na Faixa de Gaza, com 549 palestinos mortos na fila da comida, de acordo com dados da ONU. A entrega de ajuda é sempre caótica e frequentemente a multidão corre para pegar caixas de mantimentos.

Quando lançada, a empresa tinha como presidente um ex-militar americano. Ela recebeu na quinta-feira, 26, uma autorização de aporte de US$ 30 milhões (cerca de R$ 164 milhões) do Departamento de Estado dos EUA.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.