STF firma tese e amplia a obrigação de big techs por conteúdos publicados

Política
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O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta quinta-feira, 26, o julgamento que amplia as obrigações das big techs pelo conteúdo publicado por usuários na internet. Após 12 sessões, os ministros estabeleceram os critérios para punir as plataformas pelo que for considerado falha na moderação de conteúdo e fizeram um apelo para o Congresso regulamentar as redes sociais.

 

Por 8 votos a 3, os ministros decidiram que o artigo 19 do Marco Civil da Internet - que isenta as plataformas de responsabilidade por publicações de terceiros, exceto no caso de descumprimento de decisões judiciais para remover conteúdos - é parcialmente inconstitucional porque não prevê exceções para a punição das empresas de tecnologia. Foi necessário um acordo sobre a decisão da maioria, já que havia divergências em relação à amplitude da responsabilização das empresas.

 

Os ministros se reuniram em um almoço no gabinete da presidência do Supremo Tribunal Federal para chegar à chamada "tese de repercussão geral", o que só ocorreu após cerca de quatro horas de debates a portas fechadas.

 

'Indefinição'

 

"O tribunal esperou, e por alguns anos, que houvesse o procedimento legislativo do Congresso Nacional, mas nós não temos a faculdade de deixarmos de julgar alguma questão pela ausência indefinida de lei", afirmou o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, ao anunciar a decisão dos integrantes da Corte.

 

Ficou definido, como regra geral, que as empresas respondem por crimes ou atos ilícitos e por contas falsas se não removerem esses conteúdos após notificação privada (extrajudicial). Com a decisão, a responsabilidade dessas empresas por publicações ilegais começa a partir do momento em que forem notificadas pelos próprios usuários, e não a partir do momento em que descumprirem decisões judiciais de remoção dos conteúdos, como prevê o artigo 19 do Marco Civil da Internet.

 

Nos casos de crimes contra a honra (injúria, calúnia e difamação), permanece a sistemática atual, de obrigação de remoção apenas por ordem judicial. No entanto, as plataformas terão o dever de impedir a replicação das mesmas ofensas em outras publicações, independentemente de novas decisões judiciais.

 

Impulsionamentos

 

Quando se tratar de anúncios ou impulsionamentos pagos, a responsabilidade das plataformas será presumida, ou seja, as empresas responderão automaticamente pelas publicações que recebem para divulgar, independentemente de notificação ou de ordem judicial. Nesses casos, as empresas só serão isentas se comprovarem que "atuaram diligentemente e em tempo razoável" para excluir conteúdos considerados irregulares.

 

Já os marketplaces - plataformas online que reúnem diversos vendedores - respondem de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. Os critérios foram consolidados na tese de repercussão geral, que funciona como uma orientação para ser aplicada nacionalmente pelo Judiciário - valendo para todos os tribunais - no julgamento de processos sobre o mesmo tema.

 

Nas situações contrárias, em que houver ordem judicial para restabelecer uma publicação ou perfil, as empresas não poderão ser condenadas a indenizar os usuários, segundo a decisão.

 

Censura prévia

 

As plataformas projetam que as mudanças criarão incentivos à remoção automática de publicações controversas e, em última instância, à censura prévia nas redes sociais. Barroso defendeu que o STF preservou, na maior extensão possível, a liberdade de expressão, "sem permitir que o mundo desabe num abismo de incivilidade, legitimando discursos de ódio ou crimes indiscriminadamente praticados na rede".

 

"Produzimos uma solução bem equilibrada e moderada dentro das circunstâncias de um tema que é divisivo em todo o mundo", afirmou o ministro, ao encerrar a sessão.

 

Por causa da necessidade de se chegar a um acordo, a sessão plenária de ontem teve início às 16h30, com duas horas de atraso. O STF entra de recesso na próxima semana e os ministros se esforçaram para fechar a questão antes das férias coletivas.

 

A maioria do Supremo entendeu no julgamento que houve uma "desconstitucionalização" do texto, ou seja, a norma era adequada no momento em que foi aprovada, em 2004, mas no estágio atual das redes sociais não é mais suficiente para resguardar os usuários no ambiente virtual em um contexto de escalada de casos de violência digital, como ciberbullying, stalking, fraudes, golpes, discurso de ódio e fake news.

 

'Omissão'

 

"Há um estado de omissão parcial que decorre do fato de que a regra geral não confere proteção suficiente a bens jurídicos constitucionais de alta relevância, proteção de direitos fundamentais e da democracia", afirma a tese definida ontem pelos magistrados.

 

Ficaram vencidos no julgamento os ministros André Mendonça, Edson Fachin e Kassio Nunes Marques. Em seus votos, eles defenderam a tese de que o tema deveria ser regulamentado pelo Congresso Nacional, e não pelo Judiciário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira, 27, após visita à Belarus, que valoriza os esforços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para resolver o conflito na Ucrânia e que, graças ao americano, "EUA e Rússia estão começando a se entender". "O que ele faz dentro do país, o que faz em relação à situação no Oriente Médio, e seus esforços para resolver a crise ucraniana. Valorizamos muito", disse Putin a jornalistas.

Em declaração exibida pela agência RT o líder russo disse que Trump demonstra empenho genuíno na busca por uma solução diplomática para a guerra. "Já disse isso antes e quero dizer publicamente agora: considero que o presidente Trump busca sinceramente uma solução para a questão ucraniana", declarou.

Putin também manifestou respeito pessoal por Trump e destacou os desafios enfrentados pelo republicano nos Estados Unidos. "Tenho muito respeito pelo atual presidente dos Estados Unidos. Ele percorreu um caminho muito difícil, complexo e perigoso para voltar ao poder e à Casa Branca. Ele sobreviveu a uma tentativa de assassinato, e não foi a única", afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de um encontro com Trump, Putin disse estar aberto, mas ressaltou a importância da preparação. "Sempre estou aberto a contatos, a uma reunião. Sei que o senhor Trump também falou sobre a possibilidade de um encontro. Assim como ele, acredito que essas reuniões devem ser preparadas, e que, a partir delas, devemos alcançar novos patamares de cooperação", concluiu.

Takahiro Shiraishi, conhecido como o "assassino do Twitter", foi condenado à morte em 2020 pelo assassinato de nove vítimas, em 2017. A maior parte delas havia postado pensamentos suicidas nas redes sociais. Ele também foi condenado por abusar sexualmente das vítimas do sexo feminino.

A polícia o prendeu no final de 2017 depois de encontrar os corpos de três adolescentes, cinco mulheres e um homem, em caixas frigoríficas em seu apartamento.

Os investigadores disseram que Shiraishi abordou as vítimas pelo Twitter, atualmente chamado de X, oferecendo-se para ajudá-las em seus desejos suicidas. Ele matou as adolescentes e as mulheres depois de estuprá-las. Ele também matou o namorado de uma das mulheres para silenciá-lo.

"O caso trouxe resultados extremamente graves e provocou uma grande onda de choque e inquietação na sociedade", disse o Ministro da Justiça do Japão, Keisuke Suzuki, em uma coletiva de imprensa de emergência. Ele disse que assinou a execução no início desta semana, mas não testemunhou o enforcamento de Shiraishi.

Pena de morte

A execução foi realizada em um momento em que crescem os apelos para abolir a pena de morte ou aumentar a transparência no Japão, após a absolvição do detento mais antigo do mundo no corredor da morte, Iwao Hakamada, no ano passado.

Suzuki justificou a necessidade da execução no Japão, observando que uma pesquisa recente do governo mostra que uma maioria esmagadora do público ainda apoia a pena de morte, embora a oposição tenha aumentado um pouco.

"Acredito que não seja apropriado abolir a execução", disse Suzuki, acrescentando que há uma preocupação crescente com crimes graves.

Shiraishi foi enforcado na Casa de Detenção de Tóquio em segredo, sem que nada fosse divulgado até que a execução fosse concluída.

Atualmente, o Japão tem 105 pessoas no corredor da morte, incluindo 49 que estão buscando um novo julgamento, disse Suzuki.

As execuções são realizadas em segredo no Japão, onde os prisioneiros não são sequer informados de seu destino até a manhã do enforcamento.

Desde 2007, o Japão começou a divulgar os nomes dos executados e alguns detalhes de seus crimes, mas as divulgações ainda são limitadas. O Japão e os Estados Unidos são os dois únicos países do G7 que mantêm a pena de morte.

A execução mais recente do país, em julho de 2022, foi a de um homem que matou sete pessoas em um acidente de veículo e um ataque a facadas em Akihabara, um distrito comercial lotado de Tóquio, em 2018.

A taxa de criminalidade do Japão é relativamente baixa, mas o país tem visto alguns assassinatos em massa de alto nível nos últimos anos.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

O ditador norte-coreano Kim Jong-un inaugurou nesta semana seu parque aquático, em Wonsan Kalma, na costa leste da Coreia do Norte. Na festa de abertura, ele estava animado, acompanhado de sua mulher, Ri Sol-ju, e de sua filha Kim Ju-ae - a provável sucessora.

O complexo turístico, que será aberto no dia 1º de julho, poderá receber até 20 mil pessoas - todos norte-coreanos. A entrada de estrangeiros está restrita por enquanto, com empresas do setor estimando que apenas 5 mil viajantes ocidentais visitem o país por ano.

Kim disse que sua construção seria registrada como "um dos maiores sucessos deste ano" e chamou o local de "o primeiro passo orgulhoso" para concretizar a política do governo de desenvolver o turismo, de acordo com a agência de notícias norte-coreana KCNA.

Analistas dizem que Kim tem interesse em desenvolver o turismo, e as areias de Wonsan Kalma seriam o local ideal. A Coreia do Norte reabriu suas fronteiras em agosto de 2023, após quase quatro anos de isolamento em razão da pandemia, período em que até seus cidadãos foram proibidos de viajar. As restrições, no entanto, não foram completamente aliviadas.

O parque de Kim foi descrito pelo regime como "um resort cultural de classe mundial". Fotos divulgadas pela mídia estatal mostraram o ditador sentado em uma cadeira, de terno, olhando um homem despencando de um toboágua. "É com grande satisfação que inauguramos um dos maiores sucessos deste ano", disse Kim, que prometeu construir mais zonas turísticas, segundo a imprensa oficial.

No ano passado, a Coreia do Norte permitiu que turistas russos retornassem pela primeira vez desde a covid. Na quarta-feira, 25, a agência de notícias russa Tass informou que um trem de passageiros de Pyongyang chegou a Moscou, marcando a reabertura da rota ferroviária direta entre as capitais dos dois países aliados, após cinco anos de interrupção.

Em maio, foi retomada a ligação de trem entre Rason - cidade portuária da Coreia do Norte, onde funciona um mercado legal em caráter experimental - e Vladivostok, na Rússia.

Funcionamento exclusivo para norte-coreanos

A KCNA informou que a Coreia do Norte iniciará o atendimento a turistas nacionais na próxima terça-feira. A agência não informou quando a Coreia do Norte começará a receber turistas estrangeiros, mas autoridades russas informaram mais tarde na quinta-feira que o primeiro passeio russo ao local acontecerá em julho.

Analistas dizem que o resort provavelmente exigiu um grande investimento do orçamento limitado da Coreia do Norte. Isso indica que, eventualmente, o país terá que aceitar turistas chineses e estrangeiros para ser rentável.

Kim tem se esforçado para transformar o país em um polo turístico como parte dos esforços para reanimar a economia em dificuldades, e a zona de Wonsan-Kalma é um de seus projetos turísticos mais comentados. A KCNA informou que a Coreia do Norte também confirmará planos para construir grandes atrações turísticas em outras partes do país.

A Coreia do Norte ainda não suspendeu completamente a proibição de turistas estrangeiros imposta no início de 2020 para se proteger da pandemia de covid-19. Especialistas afirmam que o país tem demorado a retomar o turismo internacional devido às restrições pandêmicas, ao recrudescimento das tensões com os EUA e a Coreia do Sul nos últimos anos e à preocupação com turistas ocidentais que possam espalhar uma imagem negativa do regime. (Com agências internacionais).