PT fala em cassar Eduardo Bolsonaro e oposição culpa STF e Lula por tarifaço de Trump

Política
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A sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros, impostos pelo governo Donald Trump, virou combustível no discurso de petistas contra bolsonaristas, que responsabilizam o ex-presidente e o filho dele Eduardo Bolsonaro pela medida. Do lado oposto, a oposição coloca a culpa no Supremo Tribunal Federal e no presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo tarifaço.

 

Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) disse que o partido estuda formas de pedir a cassação do mandato de Eduardo, que está licenciado morando nos Estados Unidos, de onde diz mobilizar republicanos contra o que diz acreditar ser uma injustiça contra seu pai. Lindbergh também responsabilizou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que postou foto nas redes sociais com boné dos Estados Unidos nesta semana.

 

"Não tem dúvidas que teve a atuação do Eduardo e teve essa campanha que estão fazendo fora do País cotidianamente", disse Lindbergh. "Os vira-latas da extrema direita têm que se explicar. O Tarcísio vai continuar com o boné do Trump? Quantos empregos vão ser perdidos em São Paulo? Qual o impacto disso na economia? É um tipo de decisão que o governo tem que reagir, o Itamaraty e o governo têm que encontrar formas de reagir".

 

A notícia do tarifaço foi recebida com festa na direita. No plenário da Câmara, o deputado Hélio Lopes (PL-RJ) abraçou colegas falando "duvidaram do galego, olha o que o galego conseguiu", referindo-se a Eduardo. Nos bastidores, porém, políticos de direita se disseram preocupados e afirmaram que a batalha da comunicação entre petistas e bolsonaristas nas redes sociais nas próximas 24h será decisiva para dizer que lado vai faturar politicamente com o ocorrido.

 

Isso porque o tarifaço tem o condão de prejudicar atividades econômicas, como o agronegócio, que tem representantes que apoiam Bolsonaro.

 

Um dos deputados mais ativos nas redes sociais, Nikolas Ferreira (PL-MG), disse ao Estadão que já preparou o discurso de resposta aos petistas.

 

"A carta (do Trump) fala expressamente, já no primeiro parágrafo, na primeira linha, que isso está acontecendo por conta do tratamento que o Lula está dando ao presidente Bolsonaro, e ao STF, que tem suprimido liberdades de expressão, inclusive, de americanos. Então, está na mão deles", disse Nikolas.

 

"Quer parar de ter 50% de sobretaxa, que é horrível pro Brasil? Resolve. Para de falar antes das eleições que o Trump é nazista, para de xingar o Elon Musk… Deixa o Bolsonaro ser candidato, para de perseguir. Começa a tratar os deputados de direita sem perseguição. Para de falar que o Eduardo está fazendo ataque à soberania nacional enquanto está pedindo liberdade para Cristina Kirchner, é simples", acrescentou.

 

Mais tarde, na tribuna da Câmara, Nikolas bateu boca com André Janones (Avante-MG), que foi empurrado por bolsonaristas sob gritos de "rachadinha", em alusão à suposta prática no gabinete do deputado.

 

Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) afirmou que o governo Lula vai avaliar medidas de retaliação contra os Estados Unidos. Uma reunião foi convocada pelo presidente no Palácio do Planalto para tratar da medida.

 

"Quer o governo americano interferir na Justiça brasileira? O governo brasileiro não vai aceitar, isso fere todos os princípios do direito internacional. O governo vai avaliar medidas à altura dessa agressão que o governo brasileiro está sofrendo", disse Guimarães.

 

Para o senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do partido do presidente Jair Bolsonaro no Senado, o governo Lula está "colhendo o que plantou". Ele afirma que a medida terá impacto sobre o cidadão brasileiro, mas que as tarifas do governo americano são uma reação a violações que acontecem em território nacional.

 

"O governo brasileiro, está colhendo o que plantou, a péssima política externa do país que torna o Brasil um governo anão na sua relação externa. Os Estados Unidos já vêm denunciando o que acontece hoje aqui no Brasil, a questão da liberdade de expressão, inclusive sobre empresas americanas, as redes sociais americanas, o X, violações ao devido processo legal que extrapolam as nossas fronteiras e isso tudo causa ação e reação, causa um resultado", afirmou.

 

Dos Estados Unidos, Eduardo publicou longa nota em que elogia o ato de Trump e atribui a sobretaxa a atos como o julgamento do marco civil da internet no STF e a reunião dos BRICS, com a presença de representantes do Irã e da China. Ele apelidou a sobretaxa de "tarifa Moraes".

 

"O presidente Trump, corretamente, entendeu que Alexandre de Moraes só pode agir com o respaldo de um establishment político, empresarial e institucional que compactua com sua escalada autoritária. O presidente americano entendeu que esse establishment também precisa arcar com o custo desta aventura", escreveu Eduardo.

 

Segundo ele, sem a aprovação da anistia aos participantes do 8 de janeiro e uma legislação que trate da liberdade de expressão na internet, Trump pode baixar mais medidas contra o Brasil.

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A Bolívia e os Estados Unidos normalizarão suas relações diplomáticas e em breve trocarão embaixadores, anunciaram o novo presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, e o subsecretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau.

Ambos reuniram-se após a cerimônia de posse de Paz, na Bolívia, e anunciaram o início de uma nova era nas relações diplomáticas entre os dois países. "É inusitado que não tenhamos tido embaixadores. É um passo importante e espero que possamos anunciá-los muito em breve", disse Landau, o diplomata americano de mais alto escalão que viajou ao país nos últimos anos.

O último embaixador norte-americano na Bolívia foi expulso em 2008 pelo então presidente boliviano Evo Morales, que acusou suposta espionagem interna e depois retirou do país a Administração de Repressão às Drogas (DEA, na sigla em inglês) e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, também na sigla em inglês).

Landau, que foi embaixador de seu país no México, anunciou ainda que Washington está disposto a cooperar em vários campos com o novo governo boliviano. "O presidente Paz expressou seu interesse em manter uma boa relação com os Estados Unidos. De forma recíproca também queremos boas relações e estou certo de que assim o faremos", afirmou.

Paz, por sua vez, abriu a possibilidade de um possível retorno à DEA. "Todas as instituições não só dos Estados Unidos, mas de países fronteiriços que queiram trabalhar com a Bolívia para fazer um país mais seguro contra ilícitos, estarão e nós estaremos vinculados a essas nações", disse em coletiva de imprensa conjunta.

Na semana passada, antes de assumir o cargo, Paz viajou aos Estados Unidos para se reunir com organizações financeiras internacionais e buscar apoio para tirar seu país da pior crise econômica em quatro décadas.

Durante o governo de Morales (2006-2019) e de Luis Arce (2020-2025), a Bolívia se desvinculou dos Estados Unidos para fazer parte da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) junto a Cuba, Nicarágua e Venezuela, cujo bloco suspendeu este país andino após as aproximações de Paz com Washington.

Um terremoto com magnitude de 6,9 atingiu o norte do Japão neste domingo, 09, seguido por vários outros tremores, segundo a Agência Meteorológica do Japão. Um aviso de tsunami de até um metro ao longo da costa da região foi emitido.

O terremoto ocorreu na costa, na região de Iwate, a uma profundidade de 16 quilômetros abaixo da superfície do mar, às 17h03, horário do Japão. Não há relatos de feridos ou danos, nem quaisquer relatos de anomalias nas duas usinas nucleares da área, até o momento. De acordo com a agência japonesa, a área estava sob risco de fortes terremotos há cerca de uma semana, especialmente nos próximos dois ou três dias.

Um tsunami de cerca de 10 centímetros foi detectado, chegando a 20 centímetros na área costeira de Kuji. Ondas de tsunami que ocorrem após terremotos podem continuar por algumas horas depois, atingindo a costa repetidamente, e aumentar com o tempo. Trens-bala na área foram temporariamente atrasados, de acordo com a operadora ferroviária JR East. Cortes de energia também ocorreram.

Apesar do alerta, um funcionário da agência afirmou que nada indica que a ocorrência se assemelhe à ocorrida em Fukushima, em março de 2011, que matou quase 20 mil pessoas, e danificou severamente uma estação nuclear. O Japão, que está localizado no "anel de fogo" do Pacífico, é um dos países mais propensos a terremotos no mundo.

A sessão de fim de semana do Senado americano para acabar com o shutdown mostrou poucos sinais de progresso neste sábado, já que o desejo do líder da maioria no Senado, John Tune, por uma votação rápida não se concretizou.

O shutdown, que já dura 39 dias, está afetando cada vez mais o país, com trabalhadores federais sem receber salários, companhias aéreas cancelando voos e benefícios de vale-alimentação atrasados para milhões de americanos.

A sessão deste sábado começou de forma conturbada, visto que o presidente Donald Trump já havia deixado claro que é improvável que ele faça concessões com os democratas, que buscam prolongar em um ano os benefícios fiscais do Obamacare. Trump disse nas redes sociais que é "o pior sistema de saúde em qualquer lugar do mundo" e sugeriu que o Congresso envie dinheiro diretamente para as pessoas adquirirem seguros.

Thune disse que a proposta de Trump não faria parte de uma solução para acabar com o shutdown, mas acrescentou que "é uma discussão que o presidente e todos nós queremos ter".

*Com informações da Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.