Agente da PF, réu do núcleo da desinformação, diz que não falava com Bolsonaro

Política
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Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal, o policial federal Marcelo Bormevet negou, na manhã desta quinta-feira, 24, as acusações da Procuradoria-Geral da República de que teria orientado investigações sobre adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro e, posteriormente, o disparo de notícias falsas nas redes sociais. Bormevet foi o primeiro réu do núcleo da 'desinformação' da ação penal da trama golpista a depor.

"Não falava com o presidente Bolsonaro e nunca o encontrei", afirmou o agente federal.

A audiência é presidida pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

Bormevet é policial federal e, durante o governo Bolsonaro, atuou como um dos coordenadores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sendo apontado como 'assessor' de Alexandre Ramagem, então diretor-geral da agência.

First Mile

Segundo a PGR, enquanto estava na Abin, Marcelo Bormevet atuava em uma "central de contrainteligência", utilizando ferramentas de investigação, como o programa "First", para espionar "adversários" do ex-presidente e, posteriormente, repassar informações para "vetores de propagação em redes sociais (perfis falsos e perfis cooptados)".

Ao ser confrontado sobre a acusação, Bormevet afirmou que "a coordenação não tinha acesso ao sistema First Mile".

"Eu nunca tive acesso ao sistema e meus subordinados não tinham acesso. Mas o Giancarlo tinha acesso ao sistema antes de chegar na minha coordenação."

Ele faz referência ao subtenente do Exército Giancarlo Rodrigues, alocado na Abin e seu subordinado direto. Na denúncia, a PGR aponta que Bormevet orientava Giancarlo, então seu subordinado, a fazer pesquisas de possíveis alvos. "O usuário GCL, utilizado por Giancarlo, foi diretamente responsável por 887 pesquisas no sistema First Mile, além de outros possíveis acessos realizados por meio de senhas compartilhadas", acusa a Procuradoria.

A PGR cita que Bormevet chegou a orientar o subtenente a fazer pesquisas sobre um inquérito que investigava um dos filhos de Bolsonaro, Jair Renan, a pedido do próprio presidente à época. "Bormevet informou a Giancarlo, na ocasião, que possuía demanda urgente e pediu que ele pesquisasse 'quais carros estão em nome do filho Renan do PR. Veja a mãe dele também', afirmando se tratar de 'msg do 01'", apontou a denúncia.

Sobre o caso, Bormevet confirmou que recebeu a requisição para fazer pesquisas pela diretora-geral da Abin, mas nega que tenha cometido irregularidades. Ressaltou que não mantinha contato com o ex-presidente Bolsonaro.

Desinformação

A PGR aponta que Bormevet compilou um dossiê com 'informações inverídicas sobre as urnas eletrônicas e dos ministros do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, 'com o objetivo de desacreditá-los e o processo eleitoral'.

Segundo a denúncia, Bormevet enviou uma notícia que relacionava Fux e um escritório da família do ministro Luís Roberto Barroso ao Banco Itaú e 'ressaltava a participação acionária do banco na empresa Positivo'.

"Independentemente da procedência da informação ('Não sei se o sobrinho é sobrinho do Barroso mesmo'), Bormevet orientou sobre como deveria ser feito o ataque aos ministros: 'Pode jogar no grupo dos malucos se quiser'."

Ao responder questionamentos da PGR, o policial federal negou que tivesse relação com a produção de notícias falsas.

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Uma juíza de Utah rejeitou na segunda-feira, 10, um novo mapa eleitoral elaborado por parlamentares republicanos e adotou uma proposta alternativa que cria um distrito favorável aos democratas antes das eleições legislativas de meio de mandato de 2026.

Os republicanos ocupam todas as quatro cadeiras de Utah na Câmara dos Representantes dos EUA e haviam proposto um mapa desenhado para proteger essas posições. No entanto, a juíza Dianna Gibson decidiu, pouco antes do prazo final da meia-noite, que o mapa elaborado "favorece indevidamente os republicanos e desfavorece os democratas".

Ela havia determinado que os legisladores apresentassem um mapa que seguisse os padrões aprovados pelos eleitores para evitar o favorecimento deliberado de um partido - prática conhecida como gerrymandering. Caso os legisladores falhassem, Gibson advertiu que poderia considerar outros mapas apresentados pelos autores do processo que a levou a anular o documento.

Gibson acabou selecionando um mapa elaborado pelos autores da ação, a Liga das Mulheres Eleitoras de Utah e o grupo Mulheres Mórmons por um Governo Ético. O novo desenho mantém o condado de Salt Lake quase inteiramente dentro de um único distrito, em vez de dividir o centro populacional fortemente democrata entre os quatro distritos, como ocorria anteriormente.

A vice-governadora Deidre Henderson, republicana, afirmou na rede social X que é provável que o estado apresente um recurso de emergência, mas disse que, mesmo assim, as novas fronteiras devem começar a ser implementadas para que tudo esteja pronto para o registro de candidaturas em janeiro.

"O povo de Utah merece uma eleição ordeira e justa, e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir isso", afirmou Henderson na terça-feira.

Henderson havia dito que segunda-feira era o último dia possível para aprovar um novo mapa, a fim de dar tempo aos cartórios eleitorais de preparar o processo de inscrição de candidatos.

A decisão representa um revés inesperado para os republicanos em um estado onde esperavam vitória total, enquanto o partido busca ganhar em outros estados. No cenário nacional, os democratas precisam conquistar três cadeiras adicionais na Câmara dos Representantes em 2026 para retomar o controle da Casa, atualmente dominada pelo Partido Republicano - que tenta evitar a tendência histórica de perda de assentos nas eleições de meio de mandato.

O novo mapa aprovado aumenta significativamente as chances dos democratas de conquistar uma cadeira. A última vez que o estado teve um democrata no Congresso foi no início de 2021.

Os republicanos argumentam que Gibson não tem autoridade legal para impor um mapa que não foi aprovado pelos parlamentares. O deputado Matt MacPherson classificou a decisão como um "grave abuso de poder" e disse que apresentou um projeto de lei para iniciar um processo de impeachment contra a juíza.

Em agosto, Gibson havia anulado o mapa eleitoral aprovado após o censo de 2020, alegando que o Legislativo havia ignorado os padrões anti-gerrymandering aprovados pelos eleitores.

A decisão coloca Utah no centro da batalha nacional pela redistribuição distrital, em meio ao incentivo do ex-presidente Donald Trump para que estados controlados por republicanos redesenhem seus mapas a fim de ajudar o partido a manter o controle da Câmara em 2026. Texas, Missouri e Carolina do Norte já adotaram novos mapas em resposta ao apelo de Trump. Em conformidade com a Constituição estadual, um painel bipartidário de Ohio também aprovou recentemente um novo mapa que pode melhorar as chances republicanas em dois distritos.

Mas os democratas também estão reagindo. Eleitores da Califórnia aprovaram na semana passada novos distritos eleitorais que podem abrir caminho para cinco cadeiras adicionais ao partido, compensando ganhos republicanos no Texas.

*Com informações da Associated Press.

Os iraquianos votaram nesta terça-feira, 11, em uma eleição parlamentar marcada por segurança rigorosa e boicote de um grande bloco político.

O único relato imediato de violência grave foi um confronto durante a noite entre apoiadores de partidos na cidade de Kirkuk, no norte, que deixou dois policiais mortos.

A presença foi escassa em muitas seções eleitorais visitadas por jornalistas da Associated Press. Após o fechamento das urnas, autoridades eleitorais anunciaram uma participação de 55% entre os eleitores registrados.

No entanto, muitos dos 32 milhões de eleitores elegíveis não se registraram. Apenas 21,4 milhões atualizaram suas informações e obtiveram cartões de eleitor, uma diminuição em relação aos 24 milhões na última eleição parlamentar em 2021.

Enquanto isso, a pressão dos EUA se intensifica sobre o governo iraquiano para conter a influência de facções armadas alinhadas ao Irã, algumas das quais tinham candidatos na votação desta terça-feira.

A eleição afirma "o compromisso do povo com esta prática democrática", disse o primeiro-ministro Mohammad Shia al-Sudani, concorrendo a um segundo mandato. Apenas um primeiro-ministro serviu por mais de um mandato desde 2003.

*Com informações da Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O grupo de ataque liderado pelo USS Gerald R. Ford, o maior porta-aviões do mundo, entrou nesta terça-feira na área de responsabilidade do Comando Sul dos Estados Unidos (Southcom), que abrange a América Latina e o Caribe, segundo comunicado da Marinha americana. A movimentação ocorre após ordem do secretário de Guerra, Pete Hegseth, para apoiar a "diretriz presidencial de desmantelar organizações criminosas transnacionais e combater o narcoterrorismo em defesa da pátria".

A chegada do porta-aviões ocorre em meio à escalada de tensões entre Washington e o governo de Nicolás Maduro, acusado por autoridades dos EUA de envolvimento com redes de narcotráfico, acusação negada por Caracas.

De acordo com o texto, "a presença reforçada das forças dos EUA no Comando Sul aumentará a capacidade de detectar, monitorar e interromper atores e atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território norte-americano e da região hemisférica", afirmou o porta-voz do Pentágono Sean Parnell.

Ele acrescentou que as forças "ampliarão as capacidades existentes para interromper o tráfico de entorpecentes e degradar e desmantelar organizações criminosas transnacionais".

Com mais de 4 mil marinheiros e dezenas de aeronaves táticas a bordo, o grupo reforçará as tropas já posicionadas na região, incluindo o grupo anfíbio do navio Iwo Jima e unidades expedicionárias de fuzileiros navais.

O comandante do Southcom, almirante Alvin Holsey, declarou que "por meio de um compromisso inabalável e do uso preciso de nossas forças, estamos prontos para combater as ameaças transnacionais que buscam desestabilizar nossa região".

Segundo ele, o envio do Gerald R. Ford representa "um passo crítico para proteger a segurança do Hemisfério Ocidental e a segurança da pátria americana".