Michel Temer diz que mudança do foro privilegiado requer diálogo com STF

Política
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O ex-presidente Michel Temer (MDB) avalia que o projeto de lei que acaba com o foro privilegiado, reivindicado pela oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), requer um diálogo entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. A prerrogativa estabelece que autoridades públicas, como presidentes, ministros e parlamentares, sejam julgadas por tribunais superiores, como o STF, por crimes cometidos no exercício do mandato e em razão do cargo.

 

Em declaração à CNN Brasil nesta segunda-feira, 11, Temer afirmou que "quando o Supremo resolveu essa matéria, certa e seguramente, decidiu a partir da interpretação de um texto constitucional. Entretanto, em face dos movimentos políticos havidos no Congresso, não é improvável que (o projeto) venha a ser examinado e aprovado".

 

"Porém, se vier, por lei, alguém irá contestá-la perante o Supremo. Como reiteradamente digo, o melhor seria o entendimento entre o Legislativo e o Supremo. Acho que o povo já está cansado dessas disputas", complementou.

 

O projeto de lei que acaba com o foro privilegiado tramita há 11 anos no Congresso, e é apoiado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na última semana, parlamentares bolsonaristas ocuparam as Mesas Diretoras das duas Casas pressionado pela votação do texto.

 

O interesse da oposição em acabar com o foro privilegiado é evitar que os inquéritos que envolvem o ex-presidente, incluindo o da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, sejam julgados pelo STF.

 

As manifestações dos bolsonaristas se intensificaram após o ex-presidente ser preso por violar medidas cautelares determinadas pelo STF. A iniciativa de aprovar o fim do foro privilegiado foi anunciada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, que já se beneficiou da prerrogativa no processo das rachadinhas, em 2020.

 

Pela regra, a decisão sobre quem tem direito ao foro privilegiado é definida pela Constituição Federal e por leis aprovadas pelo Congresso. No entanto, a interpretação sobre o alcance e os limites do foro privilegiado fica a cargo do STF.

 

O foro privilegiado já foi discutido na Justiça e sofreu alterações sobre seu alcance. Em 2018, o STF restringiu a medida para que inquéritos e processos criminais envolvendo autoridades como deputados e senadores só começassem e terminassem no Supremo se tivessem relação com o exercício do mandato.

 

Em março deste ano, o tribunal revisou o entendimento e definiu que, quando se tratar de crimes funcionais, o foro deve ser mantido, mesmo após a saída do cargo. Ou seja, autoridades não perdem automaticamente o direito ao foro privilegiado ao deixarem o cargo se o crime tiver relação direta com as funções exercidas.

 

A ideia do foro privilegiado é garantir que ocupantes de cargos públicos de alta exposição possam exercer suas funções com menor vulnerabilidade a perseguições políticas. Como forma de segurança, a medida assegura julgamento por tribunais superiores, em razão da relevância do cargo e das complexidades do sistema judiciário brasileiro.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou há pouco que "foi uma honra" receber Ahmed Hussein al-Sharaa, o novo presidente da Síria, na Casa Branca nesta segunda-feira, 10.

Trump disse que ambos discutiram todas as complexidades da paz no Oriente Médio, da qual, segundo ele, al-Sharaa é um grande defensor.

"Estou ansioso para nos encontrarmos e conversarmos novamente. Todos estão falando sobre o Grande Milagre que está ocorrendo no Oriente Médio. Ter uma Síria estável e bem-sucedida é muito importante para todos os países da região", escreveu o republicano na Truth Social.

Em comunicado conjunto, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia (UE) propuseram aprofundar a cooperação em energia renovável, segurança alimentar, inovação tecnológica, intercâmbios culturais e outros campos.

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"O Roteiro avançará nossos compromissos compartilhados e acelerará a cooperação em ação climática e proteção ambiental, transição energética e interconexões regionais, impulsionando o comércio e os fluxos econômicos e a resiliência, além de aprofundar nossos esforços conjuntos para combater o crime organizado transnacional", pontuou o documento.

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Nicolas Sarkozy foi libertado da prisão nesta segunda-feira, 10, após um tribunal de apelações de Paris conceder ao ex-presidente francês liberdade condicional sob supervisão judicial , menos de três semanas depois de ter começado a cumprir uma pena de cinco anos por conspiração criminosa em um esquema para financiar sua campanha eleitoral de 2007 com fundos da Líbia.

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*Com informações da Associated Press.