Ipsos/Ipec: 75% dos brasileiros veem 'tarifaço' como decisão de natureza política

Política
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Um levantamento feito pela Ipsos-Ipec mostra que 75% dos brasileiros veem o "tarifaço" imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil como uma decisão de natureza eminentemente política. Segundo a pesquisa, somente 12% dos entrevistados acreditam que a medida se baseia em uma questão puramente comercial, enquanto 5% dizem tratar tanto de questões comerciais quanto políticas. Outros 8% optaram por não responder ao questionamento.

A percepção de que a decisão de Trump tem motivação política é majoritária em todos os segmentos demográficos, mas se destaca especialmente entre os entrevistados de 45 a 59 anos (80%) e entre os moradores das Regiões Nordeste e Sudeste (77% em cada). Esses índices superam os observados nas demais regiões: Norte/Centro-Oeste (71%) e Sul (72%).

A crença de motivação política também é mais acentuada entre os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno de 2022 e entre aqueles que votaram em branco ou anularam o voto (79% em cada um dos grupos). Já entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro, esse índice cai para 73%.

Reação

A pesquisa revela que o Brasil está dividido sobre como reagir às tarifas impostas pelos Estados Unidos, com posições fortemente influenciadas pelo voto no segundo turno de 2022. Em relação à proposta de reavaliar a parceria comercial e se distanciar dos EUA, 47% discordam, sendo 30% totalmente e 17% em parte, enquanto 46% concordam, 28% totalmente e 18% em parte. A polarização política é evidente: 61% dos eleitores de Lula defendem o distanciamento, contra 65% dos eleitores de Bolsonaro que se opõem.

A ideia de retaliar "na mesma moeda", aplicando tarifas igualmente altas sobre produtos americanos, também divide: 49% concordam (33% totalmente e 16% em parte) e 43% discordam (13% totalmente e 30% em parte). Neste cenário, 61% dos eleitores de Lula apoiam a retaliação, enquanto 56% dos eleitores de Bolsonaro são contrários.

O ponto de maior consenso é a busca por novos parceiros comerciais. Para 68% dos entrevistados, o País deveria priorizar acordos com nações como China e União Europeia, sendo 45% totalmente e 23% em parte. O apoio é mais alto entre eleitores de Lula (75%), mas também é majoritário entre os de Bolsonaro (59%).

Há também preocupação de que o embate com os Estados Unidos possa isolar o Brasil internacionalmente: seis em cada dez concordam com essa afirmação, sendo que essa preocupação é mais forte entre eleitores de Bolsonaro (70%) do que entre os de Lula (53%).

Consumo

No campo do consumo, caso o tarifaço prejudique a economia, a principal reação declarada pelos brasileiros seria priorizar produtos nacionais (39%). Já 22% afirmam que deixariam de comprar produtos americanos. Outras reações citadas incluem apoiar políticos que defendam o distanciamento dos EUA e acordos com outros países (9%), cancelar ou adiar viagens para os Estados Unidos (5%) e manifestar críticas à medida adotada por Donald Trump em redes sociais ou espaços públicos (3%). Do total, 10% dizem que não tomariam nenhuma medida e 13% preferiram não responder.

Imagem dos EUA

Segundo a pesquisa, antes da imposição das tarifas, a imagem dos Estados Unidos era predominantemente positiva: 48% a avaliavam como ótima ou boa. Outros 28% a consideravam regular, enquanto 15% tinham uma visão ruim ou péssima. Já 8% não souberam ou preferiram não responder.

Após o anúncio das tarifas mais altas sobre produtos brasileiros, a percepção piorou de forma significativa: 38% da população dizem que sua imagem dos Estados Unidos mudou para pior. Para 51%, ela permaneceu igual, e apenas 6% afirmam ter melhorado sua visão sobre o país.

O impacto negativo foi mais intenso entre os eleitores de Lula, dos quais 52% passaram a ter uma imagem pior dos EUA. Entre os eleitores de Bolsonaro, esse índice cai para 26%, enquanto 60% afirmam que a percepção permaneceu a mesma. A piora também é mais acentuada entre católicos (42%) do que entre evangélicos (32%).

O levantamento foi realizado entre 1º e 5 de agosto de 2025, com 2.000 brasileiros de 16 anos ou mais, e tem margem de erro de 2 pontos porcentuais, para mais ou para menos.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, em publicação na Truth Social, que uma eventual decisão desfavorável da Suprema Corte sobre as tarifas de importação poderia gerar um impacto superior a US$ 3 trilhões.

Segundo Trump, o valor inclui investimentos já realizados, previstos e devoluções de recursos. "A Suprema Corte recebeu números errados. O 'desmonte', em caso de decisão negativa sobre as tarifas, seria superior a US$ 3 trilhões."

O presidente acrescentou que o país não teria como compensar uma perda dessa magnitude, classificando o cenário como um "evento de segurança nacional intransponível" e "devastador para o futuro" dos Estados Unidos.

Passageiros aéreos nos Estados Unidos devem enfrentar mais cancelamentos e atrasos nesta semana, mesmo que a paralisação do governo termine, segundo a Administração Federal de Aviação (FAA). A agência está ampliando os cortes de voos em 40 dos principais aeroportos do país, em meio à escassez de controladores de tráfego aéreo não remunerados há mais de um mês.

O planejamento do órgão regulador é de aumentar a redução para 6% nesta terça; 11,% na quinta, 13; e, atingir os 10% na próxima sexta, 14. Na segunda-feira, 10, as companhias aéreas cancelaram mais de 2,3 mil voos, e outros mil previstos para hoje já estavam suspensos.

O presidente norte-americano Donald Trump usou as redes sociais para pressionar os controladores a "voltarem ao trabalho agora", prometendo um bônus de US$ 10 mil aos que permaneceram em serviço e sugerindo cortar o pagamento dos que faltaram. As declarações foram criticadas por parlamentares democratas, que afirmaram que os profissionais merecem apoio, e não ameaças. O sindicato da categoria acusou o governo de usar os controladores como "peões políticos" na disputa orçamentária.

Embora o Senado tenha aprovado uma proposta para reabrir o governo, a medida ainda precisa ser votada pela Câmara. O secretário de Transportes, Sean Duffy, afirmou que os cortes de voos continuarão até que os níveis de pessoal se estabilizem. (Com informações da Associated Press)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu não saber de onde virão os recursos para bancar os bônus de US$ 10 mil prometidos a controladores de voo que permaneceram trabalhando durante a paralisação do governo federal. A declaração foi feita nesta segunda-feira, 10.

No mesmo dia, o Senado dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei para encerrar a paralisação governamental mais longa da história do país, que chegou a 41 dias. "Não sei. Vou conseguir de algum lugar. Sempre consigo dinheiro de algum lugar. Não importa", afirmou Trump em entrevista à apresentadora Laura Ingraham, da Fox News.

Mais cedo, o presidente havia proposto o pagamento dos bônus como forma de reconhecer os profissionais que não faltaram ao trabalho, mesmo sem receber salários há mais de um mês. A paralisação levou a Administração Federal de Aviação (FAA) a reduzir o tráfego aéreo em 40 dos principais mercados do país.

Trump já havia redirecionado recursos de pesquisa e desenvolvimento do Pentágono para garantir o pagamento de salários de militares durante a paralisação. (Com informações da Associated Press)