Procuradoria denuncia juiz e ex-assessor de Moraes por desvios de heranças 'esquecidas'

Política
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A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo denunciou por organização criminosa o perito Eduardo Tagliaferro - ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) -, acusado de ligação com desvios de valores milionários de heranças ainda não partilhadas ou pertencentes a idosos portadores de patologias graves.

 

Segundo a acusação, a trama era chefiada pelo juiz Peter Eckschmiedt, da 2.ª Vara Cível da Comarca de Itapevi, na Grande São Paulo - o magistrado foi denunciado por peculato e organização criminosa. Outros 12 investigados também são acusados.

 

Ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Tagliaferro está morando na Itália. Sob cerco de Alexandre de Moraes, o perito acusa o ministro de irregularidades e abusos nas investigações sobre personagens do 8 de Janeiro.

 

A defesa de Tagliaferro disse que a denúncia é "deplorável" e "tentativa de asfixiar quem tem muito a dizer e esclarecer".

 

A denúncia com 162 páginas é datada de 8 de agosto. O documento tornou-se público na quarta-feira, 3. Sobre o papel do magistrado no golpe, a Procuradoria destaca. "Figura central e imprescindível ao esquema, pois era o magistrado que conduziria os processos fraudulentos emitindo os provimentos jurisdicionais que implicariam nas medidas constritivas dos valores (de heranças), na transferência do dinheiro para as contas judiciais e, finalmente, no levantamento do dinheiro para os denunciados", afirma o procurador-geral do Ministério Público estadual, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.

 

O Estadão busca contato com a defesa de Peter.

 

A denúncia da Procuradoria, também subscrita pelo subprocurador-geral Sérgio Turra Sobrane, pede a decretação da perda definitiva do cargo de Peter Eckschmiedt, o que levaria à cassação de sua aposentadoria. Em maio passado, ele foi aposentado compulsoriamente - afastado da carreira, mas com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço - por decisão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça.

 

Em agosto do ano passado, Peter foi alvo de buscas em sua residência na cidade de Jundiaí, no interior do Estado. Promotores e oficiais da Polícia Militar flagraram o magistrado com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo no sótão da casa.

 

'Projeto delituoso'

 

No início de 2023, segundo a Procuradoria, Peter Eckschmiedt "idealizou projeto delituoso voltado à obtenção de vantagens ilícitas, mediante o desvio de valores em dinheiro submetidos à sua posse indireta e disponibilidade jurídica em razão do cargo, componentes de heranças ainda não partilhadas ou pertencentes a idosos portadores de patologias que lhes suprimiam a capacidade civil".

 

Ainda segundo a denúncia, "o propósito ilícito, de acordo com o programa delituoso arquitetado, seria alcançado mediante o aforamento de ações de execução, fundadas em títulos extrajudiciais falsificados, de emissões impropriamente atribuídos àqueles que figurariam no polo passivo da relação jurídico-processual".

 

As distribuições eram indevidamente encaminhadas à 2.ª Vara Cível e Itapevi.

 

Como perito forense, Eduardo Tagliaferro participava da fraude, segundo a investigação. O grupo sob suspeita teria agido no âmbito de espólios e capturado fortunas "esquecidas".

 

'Presentinho'

 

Um escrevente técnico, Luís Gustavo Cardoso, é apontado como "braço direito" do juiz. A cada passo bem sucedido na construção das ações forjadas e indicações de casos que pudessem ser "adotados" pela quadrilha, Luís Gustavo recebia R$ 1.500. Peter mandava pelo WhatsApp o comprovante do depósito na conta do assessor. O juiz chamava o repasse de "presentinho".

 

Um episódio citado pela Procuradoria se refere a um empresário que morreu em maio de 2021, em Campinas (SP). A organização criminosa liderada pelo juiz Peter, segundo a acusação, descobriu que o homem mantinha valores depositados em contas bancárias de sua titularidade e que ainda não tinham sido objeto de partilha ou adjudicação.

 

Sob a batuta de Peter, foi dado início à "empreitada delituosa" - no conjunto de documentos, o empresário aparecia como emitente de um título executivo falso no valor de R$ 95 milhões ocupando o polo passivo. Do lado oposto aparecia uma construtora.

 

Defesa de Tagliaferro

 

"A denúncia oferecida contra o Sr Eduardo Tagliaferro é deplorável. Inclui, sem qualquer embasamento investigatório - vez que nunca foi convocado para prestar esclarecimentos em sede policial -, pessoa absolutamente alheia aos fatos.

 

Em verdade, com todo respeito, parece mais o aproveitamento de uma oportunidade para perseguir quem já está sendo perseguido e uma tentativa de asfixiar quem tem muito a dizer e esclarecer.

 

Oportunamente, tudo será colocado às claras e a verdade prevalecerá pois confiamos totalmente na independência e solidez do maior Tribunal do Mundo, o TJ Bandeirante".

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A crise política detonada na França pela renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu se agravou nesta terça-feira, 7, com um aumento das críticas ao presidente Emmanuel Macron dentro de seu próprio grupo político. Dois ex-premiês que serviram no gabinete do presidente o criticaram em meio à pressão para que ele convoque novas eleições legislativas ou renuncie ao cargo.

Um deles, Édouard Philippe, afirmou Macron deveria convocar eleições presidenciais antecipadas e renunciar após a Assembleia Nacional aprovar o orçamento para 2026.

Philippe, que foi o primeiro premiê de Macron depois que ele chegou ao poder em 2017, disse que o presidente francês deveria dizer "que não podemos deixar que o que temos vivido nos últimos seis meses se prolongue. Mais 18 meses é considerado tempo demais e isso prejudicaria a França".

O presidente francês também foi criticado pelo ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, que manifestou seu descontentamento com a decisão de Macron de dissolver a Câmara dos Deputados em junho de 2024 - a raiz da crise atual.

"Como muitos franceses, não compreendo mais as decisões do presidente", disse Attal à emissora TF1 na segunda-feira, 6.

Macron já havia dito anteriormente que cumprirá seu segundo e último mandato presidencial até o fim.

Renúncia do primeiro-ministro

Depois de aceitar a demissão de Lecornu, Macron deu ao seu aliado mais 48 horas para "negociações finais" com a intenção de tentar estabilizar o país antes de decidir seus próximos passos.

Lecornu se reuniu nesta terça-feira com autoridades da chamada Socle Commun (Plataforma Comum), uma coalizão de conservadores e centristas que havia fornecido uma base de apoio, embora instável, aos primeiros-ministros de Macron antes de se desintegrar, quando Lecornu nomeou um novo gabinete na noite de domingo, 5.

O novo governo então entrou em colapso menos de 14 horas depois, quando O conservador Bruno Retailleau retirou seu apoio.

O início da crise

A turbulência política tomou conta da França há mais de um ano, a partir da dissolução da Assembleia Nacional por determinação de Macron, o que desencadeou novas eleições.

Após o avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento europeu, Macron calculou que a votação lhe beneficiaria diante de um temor do avanço radical.

O primeiro turno da eleição, no entanto, teve um resultado contrário e o presidente teve de se aliar à Frente Ampla de esquerda para derrotar a direita radical.

Após a vitória, no entanto, Macron se recusou a incluir a esquerda na coalizão de governo, o que fragilizou seu governo.

Repleto de oponentes de Macron, os parlamentares derrubaram seus governos minoritários, um após o outro.

*Com informações da Associated Press.

O ex-primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, afirmou nesta terça-feira, 7, que o presidente francês, Emmanuel Macron, deveria convocar eleições presidenciais antecipadas e renunciar após a Assembleia Nacional aprovar o orçamento para 2026.

Philippe, que foi o primeiro premiê de Macron depois que ele chegou ao poder em 2017, disse que o presidente francês "deveria dizer que não podemos deixar que o que temos vivido nos últimos seis meses se prolongue. Mais 18 meses seriam tempo demais e prejudicariam a França".

Macron já havia dito anteriormente que cumprirá seu segundo e último mandato presidencial até o fim.

O presidente francês também foi criticado pelo ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, que manifestou seu descontentamento com a decisão de Macron de dissolver a Câmara dos Deputados em junho de 2024 - a raiz da crise atual.

"Como muitos franceses, não compreendo mais as decisões do presidente", disse Attal à emissora TF1 na segunda-feira, 6.

A turbulência política tomou conta da França há mais de um ano, a partir da dissolução da Assembleia Nacional que desencadeou novas eleições. O resultado foi um Parlamento repleto de oponentes de Macron, que derrubaram seus governos minoritários, um após o outro.

Renúncia do primeiro-ministro

A última crise começou com a renúncia, na segunda-feira, 6, do primeiro-ministro Sébastien Lecornu - o quarto primeiro-ministro de Macron desde a dissolução, depois de Attal, Michel Barnier e François Bayrou.

Depois de aceitar a demissão de Lecornu, Macron deu ao seu aliado mais 48 horas para "negociações finais" com a intenção de tentar estabilizar o país antes de decidir seus próximos passos.

Lecornu se reuniu nesta terça-feira com autoridades da chamada Socle Commun (Plataforma Comum), uma coalizão de conservadores e centristas que havia fornecido uma base de apoio, embora instável, aos primeiros-ministros de Macron antes de se desintegrar, quando Lecornu nomeou um novo gabinete na noite de domingo, 5.

O novo governo então entrou em colapso menos de 14 horas depois, quando O conservador Bruno Retailleau retirou seu apoio.

*Com informações da Associated Press

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que a crise do fentanil "nunca se encerrará" na fronteira com o Canadá, mas mencionou que os canadenses têm feito um bom trabalho no tema, ao realizar comentários para jornalistas ao lado do primeiro-ministro canadense, Mark Carney, nesta terça-feira. O fluxo de fentanil foi um dos motivos justificados pelo republicano para impor tarifas contra o país vizinho.

Trump defendeu que, apesar de negociações e conversas, as tarifas entre os EUA e o Canadá serão mantidas, e pontuou que os dois países estão trabalhando juntos no sistema de proteção aérea "domo de ouro". Segundo ele, é possível renegociar acordo do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) ou fazer "negociações diferentes".

"Acredito que Carney sairá daqui muito feliz; há muitas coisas nas quais estamos trabalhando", afirmou Trump, ao mencionar que os EUA tratarão o Canadá "de maneira justa, assim como todos os outros países". "Os canadenses vão nos amar de novo; muitos deles ainda nos amam", acrescentou.

Dentre os comentários, o republicano também informou que irá se encontrar com o presidente da China, Xi Jinping, na Coreia do Sul "em algumas semanas".