Campanha tenta reverter pena branda por assédio contra Isa Penna na Alesp

Política
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A pena de 119 dias de suspensão dada ao deputado Fernando Cury (Cidadania) pela importunação sexual contra Isa Penna (PSOL), considerada branda por organizações da sociedade civil, levou à criação de uma campanha em defesa da cassação do parlamentar. "Por Uma Punição Exemplar", iniciativa de várias entidades ligadas a direitos femininos, é um site em que cidadãos se cadastram para enviar e-mails aos deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) cobrando um desfecho diferente para o caso. Mais de 1 milhão de mensagens foram encaminhadas a 86 dos 94 parlamentares. A pressão se soma à luta da deputada e aliados para aprovar em plenário uma pena mais dura que a já definida pelo Conselho de Ética.

O trâmite do projeto de resolução que define a pena ainda gera dúvidas, agravadas pelo ineditismo do caso: a Alesp nunca debateu um processo de suspensão de mandato. Ainda não se sabe se haverá, em plenário, a possibilidade de apresentar emendas para alterar o projeto; não apenas aprovar ou rejeitar a sanção definida pelo conselho. Na prática, o meio legal de alterar a punição seria aprovar uma emenda ao texto original. A Procuradoria da Casa ainda não determinou como se dará esse rito. Em última análise, a decisão sobre a interpretação recai sobre o presidente da Casa, Carlão Pignatari (PSDB), que já sinalizou resistência, alegando que "é preciso respeitar a decisão do Conselho de Ética".

A Procuradoria ainda precisa esclarecer o que acontecerá com os servidores nomeados por Cury caso seja confirmada a suspensão. Se aprovada, ele deve ficar sem salário durante o período. No Conselho de Ética, os aliados do deputado conseguiram aprovar uma suspensão mais curta do que a inicialmente proposta, com a finalidade justamente de tentar evitar o desmonte do gabinete e poupar os salários dos servidores.

O parecer inicial do deputado Emidio de Souza (PT) recomendava seis meses de perda temporária de mandato, o que possivelmente levaria a suspender também a estrutura do gabinete. No entanto, foi aprovado um parecer de Wellington Moura (Republicanos), com suspensão de 119 dias justamente para não configurar ultrapassar o período de 4 meses e facilitar o entendimento de que seria necessário afastar também seus funcionários. Embora referindo-se a licenças médicas, o regimento interno da Casa define que afastamentos superiores a 4 meses podem levar à posse de um suplente.

O projeto de resolução que propõe a pena de 119 dias a Fernando Cury foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira, 25. Ao Estadão, Carlão Pignatari disse que pretende discutir na próxima segunda-feira, 29, em reunião do colégio de líderes, a data de votação da punição. "Eu pretendo pautar o mais rápido possível", afirmou o presidente.

Isa foi apalpada por Cury durante uma sessão plenária em dezembro do ano passado. O ato, registrado pelas câmeras da Alesp, foi parar no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que, no dia 5 de março, aprovou, por 5 votos a 4, o afastamento inferior a quatro meses do deputado.

O parecer aprovado no Conselho de Ética será levado ao plenário da Casa e precisa de maioria simples para ser referendado. A mensagem elaborada pela campanha "Por Uma Punição Exemplar" e enviada aos deputados é clara: "Vote na emenda parlamentar que proporá a cassação de Fernando Cury".

Indignada com o encaminhamento do processo, Isa Penna afirmou ao Estadão pode recorrer até à justiça internacional caso a apresentação de emendas seja vetada sem discussão. "Vamos judicializar esse caso, vamos até as instâncias internacionais se preciso for, porque esse é um caso emblemático de assédio e violência contra a mulher nos espaços de poder no Brasil", disse a deputada do PSOL.

De acordo com a parlamentar, há uma "lacuna" no regimento em relação a este tema que causa insegurança em relação à análise do projeto. "O perigo é a gente ter um caso em que o Estado brasileiro - a gente está falando de uma parte dele, que é o Poder Legislativo do Estado de São Paulo -, se posicionar a favor do assédio. Em que sentido, no sentido da tentativa que estão fazendo de que esse processo vá a plenário sem a possibilidade de os próprios deputados debaterem qual é a pena cabível", afirmou Isa.

Pressão na caixa de entrada

O movimento virtual que pede a punição de Cury a partir do envio de e-mail aos parlamentares é encabeçado por entidades como 342 Artes, Vote Nelas, Instituto Update, Elas no Poder, Girl Up, Vamos Juntas, Mídia Ninja e ELLA, e ganhou a adesão de celebridades, parlamentares e, claro, da própria Isa Penna. "Essa campanha é incrível. É feita pela sociedade civil organizada e mostra o quanto não estou sozinha na luta pelo direito das mulheres", disse a deputada. "Alguns deputados da Casa já vieram me falar que têm recebido esses e-mails e sabem que o que aconteceu é realmente grave."

Administradora da campanha e cofundadora do Vote Nelas, Maisa Diniz afirmou que a pena dada pelo Conselho de Ética confirma o quanto a política não é um espaço para as mulheres. "Os 119 dias mostram o corporativismo masculino presente também na Assembleia Legislativa", disse. Segundo ela, a punição tornou-se praticamente "férias" para o deputado. Mas há esperança de um final mais justo. "Acreditamos que vamos, sim, poder contar com a Assembleia e fazer história com esse caso."

O presidente da Alesp afirma que ainda não recebeu nenhum e-mail da campanha. Ao ser questionado se esse tipo de pressão popular pode ser determinante na posição dos deputados em relação à punição de Cury, Pignatari disse apenas que "o deputado vai ser punido dentro do regimento interno da Alesp".

Além da bancada do PSOL, na Alesp Isa conta com apoio do PT e da bancada do Novo, além da deputada Marina Helou (Rede), para apresentar emendas pela cassação de Cury. O líder da bancada do Novo, deputado Sergio Victor, é co-autor de uma emenda com a Isa para mudar a suspensão e cassar o mandato. Segundo ele, a pressão popular pode, sim, reverter a pena branda: "A pressão popular sempre é um movimento importante da sociedade para atingir os objetivos políticos que se almeja, e nós, deputados, somos cobrados e temos de estar atentos aos anseios de nossos eleitores e da sociedade".

O episódio envolvendo a deputada do PSOL não é exceção no País, lembrou a Maisa. "É um caso muito simbólico e representativo para as violências cotidianas que acontecem contra mulheres", afirmou a administradora da campanha, citando que 97% das brasileiras relatam já ter sofrido importunação sexual.

Além de Maisa, participaram da criação da campanha a escritora Beatriz Bracher, a gestora cultural Mari Stockler, a diretora Daniela Thomas, o advogado Rafael Poço e a designer Julia Mariani. Mais de 14 mil pessoas já se engajaram no movimento.

Nesta sexta-feira, 26, as organizadoras lançaram também um questionário sobre importunação sexual no meio político. "Vamos colher depoimentos de servidoras públicas de Câmaras Legislativas do País sobre violência contra a mulher", explica Maisa. A pesquisa pode ser acessada neste link.

Gabinete e suplente

O regimento da Casa e a Constituição Estadual dizem que "não perderá o mandato" o deputado que se ausentar por menos de 120 dias "por motivo de doença", por isso a pena de 119 dias Cury é considerada branda. Os mesmos textos preveem que perderá o mandato o deputado "cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar".

Perguntada sobre como vai interpretar os textos e se haverá a convocação de suplente ou manutenção do gabinete nomeado por Cury, a Mesa afirmou que essa questão não foi definida. "Deverão ser apreciadas pela Procuradoria ou pelo Plenário", informou, por meio de nota.

Em janeiro, 14 dos 16 funcionários nomeados por Cury receberam o total de R$ 211.810,56 em remuneração bruta. Os outros dois só foram nomeados em fevereiro. Considerando apenas esses 14 funcionários, a Alesp desembolsaria cerca de R$ 847 mil reais com seus salários durante os 119 dias de suspensão. A presidente do Conselho de Ética, Maria Lúcia Amary (PSDB), afirmou que fez uma consulta à Procuradoria sobre isso e foi informada de que o colegiado não poderia entrar nesse mérito, devendo se ater ao que acontece com o Cury e não com seus funcionários. Por isso, o texto enviado à Mesa e que será levado ao plenário não fala dos servidores.

Outras punições

Além do julgamento na Alesp, Cury enfrenta um processo interno em seu próprio partido, o Cidadania. Em janeiro, o Conselho de Ética da sigla emitiu um relatório pedindo a expulsão do parlamentar. A defesa do político, no entanto, foi à justiça questionar a competência do Conselho para analisar o caso, o que resultou na suspensão do processo.

Há ainda uma investigação sendo conduzida pelo Ministério Público de São Paulo. O parlamentar também tentou suspender o processo, mas o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou o pedido e manteve a investigação sobre o assédio.

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O presidente da França, Emmanuel Macron, destacou a necessidade de aumentar os investimentos em defesa na Europa, em meio às ameaças russas e ao conflito na Ucrânia. Em pronunciamento, Macron afirmou que a segurança europeia está diretamente ameaçada pela guerra na Ucrânia, que se transformou em um "conflito global".

"A Rússia segue aumentando seu orçamento de armamento para a guerra, e a Europa precisa conseguir se defender sozinha, sem ajuda dos EUA", declarou. Ele ressaltou que a paz no continente só será possível com o fortalecimento da capacidade militar europeia. "Precisamos tomar decisões agora para a segurança da Ucrânia e da UE", afirmou.

Macron mencionou que a França dobrou seus gastos militares nos últimos dez anos e que está trabalhando para aumentar os investimentos em defesa na Europa. "Faremos uma reunião com chefes de defesa europeus em Paris na semana que vem", anunciou, reforçando a importância de uma estratégia conjunta. O líder francês também abordou a "dissuasão nuclear", afirmando que as armas nucleares são um pilar de proteção para a França. Ele ainda sugeriu um debate sobre a extensão do "guarda-chuva nuclear" francês a outros parceiros europeus. No entanto, ele deixou claro que a decisão final sobre o assunto caberá exclusivamente ao presidente da França.

Ele destacou que a guerra na Ucrânia não será decidida pela Rússia ou pelos EUA, mas sim por um esforço coletivo. "Precisamos de um acordo que garanta paz duradoura na Ucrânia", disse, acrescentando que "a paz não pode ser conquistada se abandonarmos a Ucrânia".

O francês ainda criticou as tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, alertando para os impactos negativos que elas podem ter não apenas na Europa, mas em todo o mundo. "As tarifas de Trump vão impactar a economia americana e a economia europeia", disse, acrescentando que é preciso convencer o republicano de que essas medidas não são positivas.

A Suprema Corte dos Estados Unidos, de maioria conservadora, manteve nesta quarta-feira, 5, o bloqueio à ordem do presidente Donald Trump que congelava US$ 2 bilhões (R$ 11,6 bilhões) em pagamentos a organizações de ajuda internacional.

Dividida, a Suprema Corte formou a estreita maioria de 5-4 para manter a decisão da instância inferior, exigindo que o governo faça os pagamentos devidos. O resultado é uma derrota para o governo, que buscava repreender o juiz distrital Amir Ali por suspender o corte de gastos de Donald Trump.

Apesar da maioria conservadora na Corte, essa foi a segunda vez que o governo tentou, sem sucesso, persuadir o Supremo a intervir imediatamente contra um juiz de instância inferior em disputas legais envolvendo ações de Trump na Casa Branca.

A maioria dos juízes observou que o governo não contestou a ordem inicial de Ali, apenas o prazo imposto - que, de qualquer forma, já havia expirado na semana passada.

A votação dividiu a ala conservadora da Corte, composta por seis do total de nove juízes. O presidente do Supremo, John Roberts, e a juíza Amy Coney Barrett, indicada pelo próprio Donald Trump, votaram com os três progressistas para manter a ajuda internacional.

Na divergência, Samuel Alito questionou a autoridade de Amir Ali para ordenar a liberação dos recursos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e do Departamento de Estado.

"Um único juiz de distrito, que provavelmente não tem jurisdição, tem o poder de forçar o governo dos Estados Unidos a pagar (e provavelmente perder para sempre) US$ 2 bilhões dos contribuintes?", questionou.

"A resposta a essa pergunta deveria ser um sonoro 'Não', mas a maioria deste tribunal aparentemente pensa o contrário. Estou pasmo", disse Alito. Ele foi acompanhado na dissidência pelos conservadores Clarence Thomas, Neil Gorsuch e Brett Kavanaugh.

O governo argumentou que a situação mudou porque substituiu o congelamento total decretado por Donald Trump por ordens individuais, resultando no cancelamento de 5,8 mil contratos da USAID e 4,1 mil concessões do Departamento de Estado, que totalizavam quase US$ 60 bilhões.

Na decisão, contudo, a Suprema Corte manteve a suspensão temporária de Amir Ali e instruiu o juiz a detalhar quais as obrigações devem ser cumpridas pelo governo. Na quinta-feira, Ali realizará uma audiência para decidir se mantém de forma mais duradoura o bloqueio ao decreto de Trump.

Entenda o caso

Logo após voltar à Casa Branca, Donald Trump ordenou o congelamento das contribuições da USAID e do Departamento de Estado a organizações de ajuda internacional. O decreto classificava os programas como desperdício de dinheiro e alegava que estariam desalinhados com os objetivos da política externa.

A ordem foi questionado na Justiça em ação que alertava contra a suspensão do financiamento de programas emergenciais em outros países.

O juiz Amir Ali, nomeado por Joe Biden, determinou no mês passado que o financiamento fosse restabelecido temporariamente. Passadas duas semanas, ele concluiu que o governo não demonstrava intenção de cumprir a ordem e estabeleceu o prazo para a liberação de pagamentos devidos.

O governo recorreu, classificando a ordem de Ali como "extremamente intrusiva e profundamente equivocada", além de protestar contra o prazo imposto para a liberação dos recursos.

O controvertido decreto é parte dos esforços de Donald Trump para cortar gastos do governo federal, em operação liderada pelo homem mais rico do mundo, o bilionário Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

Um dos seus objetivos é cortar a ajuda da USAID, que tem programas de saúde e emergência em cerca de 120 países. Trump disse que a agência é "administrada por lunáticos radicais", enquanto seu novo braço direito a descreveu como uma "organização criminosa". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em declaração conjunta publicada nesta quarta-feira, 5, os ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Reino Unido pediram que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas seja mantido, que todos os reféns sejam libertados e que o fluxo contínuo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza seja garantido.

"Solicitamos a todas as partes que se envolvam de forma construtiva na negociação das fases subsequentes do acordo para ajudar a garantir sua implementação total e o fim permanente das hostilidades. Saudamos os esforços do Egito, do Catar e dos EUA na mediação e na busca de um acordo para a extensão do cessar-fogo".

Os ministros ainda afirmaram que o Hamas deve pôr fim "a seu tratamento degradante e humilhante" e reiteraram a solidariedade com o povo israelense diante dos ataques terroristas cometidos pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.