Agenda do STF tem desoneração da folha e taxação de fortunas na pauta da semana

Política
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O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta semana o mérito da ação movida pelo governo contra a lei que prorrogou a desoneração da folha de pagamento de 17 setores. O julgamento é realizado no plenário virtual e, até o momento, conta somente com o voto do relator, Cristiano Zanin. Embora tenha votado para derrubar a lei por falta de compensação fiscal, ele mantém a norma que estabeleceu a reoneração gradual da folha entre 2025 e 2027 - fruto de acordo entre Executivo e Legislativo. Na prática, o efeito dessa posição para as contas públicas - se o voto for seguido pelos colegas - é nulo.

 

No plenário físico, a Corte dá continuidade ao julgamento de ações que questionam a redução de 60% na alíquota tributária sobre agrotóxicos. Também está na pauta uma ação movida pelo PSOL que aponta omissão do Congresso por deixar de editar uma lei de taxação de grandes fortunas, conforme foi previsto na Constituição.

 

Plenário físico

 

Benefícios fiscais a agrotóxicos: Na pauta da quarta-feira, 22, está a primeira ação movida na Corte contra a reforma tributária. O trecho em questão, contestado pelo PV, estabelece a redução de 60% da alíquota de IBS e CBS cobrados sobre a venda de agrotóxicos.

 

O julgamento foi marcado em conjunto com outra ação, do PSOL, contra um convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) que reduziu 60% da base de cálculo do ICMS de agrotóxicos nas saídas interestaduais e autorizou os estados e o Distrito Federal a concederem a mesma redução nas operações internas envolvendo agrotóxicos. Um decreto que concede isenção total de IPI aos agrotóxicos também é questionado na ação.

 

Ambas as ações são relatadas pelo ministro Edson Fachin, que deve votar nesta quarta. Na semana passada, o julgamento foi iniciado com a apresentação das sustentações orais de advogados.

 

Taxação de grandes fortunas: Para a quinta-feira, 23, está previsto o julgamento de uma ação movida pelo PSOL que aponta omissão do Congresso por deixar de editar uma lei de taxação de grandes fortunas. O relator, Marco Aurélio Mello - já aposentado - votou em 2021 a favor de reconhecer a omissão do Legislativo. Na ocasião, o julgamento foi suspenso por pedido de destaque do ministro Gilmar Mendes, que leva a discussão ao plenário físico.

 

A Constituição estabelece que "compete à União instituir imposto sobre grandes fortunas, nos termos de lei complementar". Para o Psol, esse trecho "permanece letra morta, por falta de lei complementar votada pelo Congresso Nacional". A ação foi protocolada em 2019.

 

Plenário virtual de 17 a 24 de outubro

 

Desoneração: No plenário virtual, os ministros analisam o mérito da ação do governo que questiona a desoneração da folha de pagamentos. A discussão ocorre no mesmo momento em que a equipe econômica busca resolver o buraco fiscal de cerca de R$ 20,9 bilhões deixado pela rejeição da Medida Provisória (MP) que aumentava a tributação sobre investimentos e bets e limitava as compensações tributárias - proposta alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

 

A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou manifestação ao Supremo no início deste ano afirmando que há risco de prejuízo de R$ 20,23 bilhões para os cofres públicos em 2025 devido à insuficiência das medidas adotadas para compensar a desoneração.

 

No ano passado, a desoneração chegou a ser suspensa por liminar do relator, Cristiano Zanin. Após acordo entre as partes e a definição das fontes da renúncia fiscal - que resultou na reoneração gradual da folha entre 2025 e 2027 - o ministro liberou a vigência da lei que prorrogou o benefício.

 

Agora, a Corte analisa o mérito da ação do governo. Até o momento, somente Zanin votou. Ele defendeu a derrubada da lei da desoneração, já que não previa as fontes da renúncia fiscal, mas não se manifestou sobre a reoneração gradual - que é a lei vigente.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou um recado aos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20, afirmando que "intervenções estrangeiras" na América Latina "podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar".

Lula não mencionou especificamente os norte-americanos, mas o recado diz respeito à tensão entre Estados Unidos e Venezuela. O presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou na semana passada que autorizou operações da CIA na Venezuela. Trump acusa o governo de Nicolás Maduro de apoiar o narcotráfico no País.

"Na América Latina e Caribe também tivemos um momento de crescente polarização e instabilidade. Manter a região como zona de paz é nossa prioridade. Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. Intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar", afirmou.

A declaração de Lula foi dada em cerimônia conjunta de entrega de cartas credenciais de embaixadores de outros países que vão atuar no Brasil. Essa entrega de cartas credenciais é uma formalidade do processo de envio de um embaixador a outro país. Ela é assinada por um chefe de Estado e enviada a outro. Marca o início da atuação do embaixador no País.

Lula se desculpou com os embaixadores por fazer a cerimônia conjunta. Disse que sua agenda está "insuportável" nesta segunda e que terá de viajar na terça (21) para o sudeste asiático, o que fez com que tivesse de intensificar agendas nesta segunda.

O presidente brasileiro reforçou que "levar o Brasil de volta à cena internacional foi uma das minhas missões mais urgentes deste mandato". Também voltou a dizer que pretende assinar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia em dezembro, quando será realizada a cúpula do bloco sul-americano no Brasil. Segundo Lula, as "relações com a Europa seguem estratégicas" e o "acordo é símbolo contra protecionismo".

O presidente também lembrou da realização da COP30, em Belém, em novembro. Cobrou que países ricos participem da discussão sobre preservação do meio ambiente e lembrou do TFFF (Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, na sigla em inglês), fundo que será lançado na COP pelo Brasil para remunerar países que mantiverem suas florestas tropicais preservadas. Disse que o objetivo da iniciativa é "fomentar o desenvolvimento sustentável".

A chefe de Relações Exteriores e Segurança da União Europeia, Kaja Kallas, disse nesta segunda-feira, 20, que a UE espera aprovar nesta semana o 19º pacote de sanções contra a Rússia. "Infelizmente, não hoje, mas teremos uma reunião de líderes na quinta-feira", afirmou, acrescentando que também há discussões sobre novas medidas para conter a chamada "shadow fleet" - frota de petroleiros usados por Moscou para contornar restrições ocidentais.

Sobre a guerra na Ucrânia, a diplomata destacou que "a Rússia só negocia quando é realmente obrigada a negociar". Ela afirmou ver com cautela os esforços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para promover um acordo de paz, dizendo que "não vemos a Rússia realmente querendo paz".

Em relação ao Oriente Médio, Kallas avaliou que o cessar-fogo entre Israel e Hamas "passou por seu primeiro teste de resistência" neste fim de semana, e defendeu ações adicionais para garantir o envio de ajuda humanitária e a manutenção da trégua. "Precisamos trabalhar para alcançar uma paz duradoura no Oriente Médio", afirmou.

Alerta à China

Kaja Kallas também disse que o bloco está intensificando o diálogo com seus parceiros do Indo-Pacífico, diante do que classificou como uma nova estratégia de poder da China. "Estamos realmente nos aproximando de nossos parceiros do Indo-Pacífico, especialmente considerando como a China vem usando as cadeias de suprimento como armas. Essa instrumentalização das cadeias de suprimento representa um risco ao comércio global".

As declarações da chefe de Relações Exteriores e Segurança da União Europeia foram dadas antes da reunião do Conselho de Relações Exteriores da UE, em Luxemburgo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou o presidente eleito da Bolívia, Rodrigo Paz, pela vitória nas eleições do último domingo, 19. Disse que o processo eleitoral demonstrou "o compromisso da sociedade boliviana com a democracia".

"Encaminhei carta nesta manhã ao presidente eleito do Estado Plurinacional da Bolívia, Rodrigo Paz, parabenizando-o pela vitória no segundo turno das eleições do domingo. A conclusão do processo eleitoral em clima de tranquilidade e harmonia demonstra o compromisso da sociedade boliviana com a democracia, que deve seguir norteando toda a nossa região", disse Lula, por meio de publicação no X nesta segunda-feira, 20.

O presidente afirmou ter reiterado a Paz "a prioridade do governo brasileiro no relacionamento com a Bolívia, com a qual compartilhamos extensa fronteira, mas também uma relação de amizade e respeito".

"O presidente eleito pode contar com o meu compromisso de seguir trabalhando em benefício de nossas relações bilaterais e de cooperação em temas de interesse mútuo. A Bolívia é parceira fundamental do Brasil na construção de uma América do Sul mais integrada, justa e solidária", completou.

Paz foi eleito presidente da Bolívia derrotando o ex-presidente Jorge Quiroga. Tem 58 anos e é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993) e da espanhola Carmen Pereira. Nasceu na Espanha, onde a família viveu exilada durante a ditadura militar boliviana (1964-1982).

Tanto Paz quanto Quiroga representam o centro e a direita na política boliviana. A esquerda, representada pelo Movimento ao Socialismo (MAS), cujo principal líder é o ex-presidente Evo Morales, foi a principal derrotada na eleição e não esteve no segundo turno.