Após impedir Alesp de cassar Cury, presidente convocará suplente após suspensão

Política
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Questionado pelos colegas por impedir a possibilidade de o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo votar a cassação - e não apenas a suspensão - do mandato do deputado Fernando Cury (Cidadania) por importunação sexual contra a colega Isa Penna (PSOL), o presidente Carlão Pignatari afirmou nesta quarta-feira, 31, que convocará o suplente do parlamentar caso a pena de 119 dias seja confirmada. Deste modo, também os servidores de seu gabinete terão de deixar suas funções pelo mesmo período.

Os deputados se reúnem em sessão desde as 10h. Não há previsão de horário para a votação. Representantes da oposição, favoráveis à cassação do mandato de Cury, tentam obstruir o processo para que o caso possa ser avaliado antes pela Justiça. Nesta quarta, 31, o Tribunal de Justiça de São Paulo negou pedido de liminar apresentado por Isa Penna e pelo deputado Emídio de Souza (PT), relator do caso no Conselho de Ética, para obrigar a Alesp a votar a cassação de Cury. O mérito, no entanto, segue em julgamento.

O desembargador Francisco Casconi, relator do mandado de segurança apresentado, entendeu não haver risco de dano irreparável em manter a sessão na Alesp e negar a liminar. Segundo o advogado de Isa, Francisco Octavio de Almeida Prado Filho, o argumento do desembargador "implica a possibilidade de posterior nulidade da sessão".

Na primeira sessão do dia, Isa teve o microfone cortado por duas vezes. Em uma delas, o corte ocorreu quando a deputada dizia que Pignatari passaria a ser cúmplice do assédio ao tomar uma "decisão política", e não baseada no regimento interno, para impedir emendas à punição proposta. Antes disso, Wellington Moura (Republicanos), responsável pela aprovação da punição de 119 dias no Conselho de Ética, já havia tomado a mesma decisão ao ter sua posição como "presidente em exercício" da sessão questionada pela parlamentar.

Outros deputados também já apelaram à presidência para que a decisão de não permitir emendas ao projeto fosse revista. O deputado Carlos Giannazi (PSOL), por exemplo, ressaltou que o plenário deve ser sempre soberano.

"É um absurdo que não se possa apresentar emendas a um projeto debatido no plenário. Isso é um autoritarismo sem precedentes. O plenário é soberano, não pode ser impedido de emendar um projeto só debatido por 11 pessoas no Conselho de Ética. Somos 94 deputados. Queremos modificar a proposta do conselho, queremos a cassação do mandato. Isso teria um efeito pedagógico profundo em São Paulo e no Brasil", disse Giannazi.

Durante o debate, o deputado Barros Munhoz (PSB), que já presidiu a Casa, afirmou que o regimento da Alesp permite sim mudanças no texto. Pignatari, no entanto, explicou que, conforme determinado pela Procuradoria da Casa, a votação sobre a punição de Cury deve seguir o texto aprovado pelo Conselho de Ética. Ou seja: os parlamentares só podem votar sim ou não pela punição de 119 dias.

Munhoz insistiu na possibilidade de emendas ao ler o parecer apresentado pela Procuradoria, considerado por ele como "inócuo" e "contraditório". O tucano reinterou sua posição e afirmou que, aprovada a punição, Cury teria o gabinete todo suspenso. Diferentemente do informado anteriormente, o suplente será chamado a assumir o cargo, podendo ou não manter os funcionários atuais.

Punição

Conforme aprovada no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, a punição prevê a suspensão do parlamentar por 119 dias. A pena mais branda foi sugerida por Wellington Moura (Republicanos). No dia da votação, em 5 de março, o parlamentar admitiu que sua intenção ao propor 119 dias - e não 180, como previa o relator - era preservar os funcionários do gabinete do Cury da possibilidade de serem exonerados. A manobra, no entanto, não teve sucesso.

Votaram com Moura os deputados Delegado Olim (PP), Alex de Madureira (PSD), Adalberto Freitas (PSL) e Estevam Galvão (DEM), o membro corregedor. Votaram com Emidio os deputados Maria Lúcia Amary, Barros Munhoz (PSDB) e Erica Malunguinho (PSOL). O último membro do conselho, Campos Machado (Avante), estava de licença dos trabalhos formais da Alesp, se recuperando de uma cirurgia.

Durante a sessão desta quarta, Moura chegou a presidir o plenário e cortou o microfone de Isa Penna durante uma questão de ordem apresentada por ela. Vítima do importuno sexual, Isa estava ressaltando que foi Moura que justamente atenuou a pena de Cury quando teve a voz calada.

Se confirmada a punião, Cury não receberá remuneração, assim como todos os seus funcionários, que terão de ser exonerados pelo mesmo período da suspensão. Atualmente, o parlamentar punido tem 17 servidores cem seu gabinete. Em janeiro - último mês a ter a folha de pagamento divulgada -, 14 deles receberam o total de R$ 211.810,56 em remuneração bruta. Os outros dois só foram nomeados em fevereiro.

Em outra categoria

O papa Francisco apresenta um quadro de "insuficiência renal leve", de acordo com boletim do Vaticano divulgado na tarde de ontem. Segundo o informe, o pontífice não teve nenhuma outra crise respiratória (como a que o acometeu na manhã de sábado), mas ele segue recebendo oxigênio por cateter nasal de alto fluxo e seu estado de saúde ainda é "crítico".

De acordo com o novo boletim médico, o papa recebeu duas unidades de concentrado de hemácias com objetivo de aumentar a concentração de hemoglobina e elevar a oferta de oxigênio nos tecidos. A concentração do número plaquetas no sangue, uma condição chamada de plaquetopenia, segue baixa, embora estável.

No entanto, um exame de sangue realizado no domingo revelou uma "inicial, leve, insuficiência renal", que, segundo o boletim estaria sob controle.

"O Santo Padre continua vigilante e bem orientado. A complexidade do quadro clínico e a espera necessária para que as terapias farmacológicas deem algum retorno fazem com que o prognóstico permaneça reservado", afirma o boletim médico divulgado ontem. "Nesta manhã, no apartamento do 10º andar, ele participou da Santa Missa na companhia de quem cuida dele nesses dias de hospitalização."

Oração do Angelus

Pelo segundo domingo consecutivo o papa não pôde conduzir a tradicional benção dominical, conhecida como a oração do Angelus, mas uma mensagem escrita por ele foi lida ao público. "Por minha parte, continuo minha hospitalização com confiança (...) seguindo os tratamentos necessários; e o descanso também faz parte da terapia!", escreveu.

Francisco agradeceu aos médicos e à equipe de saúde do Hospital Gemelli, em Roma, onde está internado desde 14 de fevereiro, pela "atenção" e "dedicação".

"Nestes dias, tenho recebido muitas mensagens de carinho e fiquei especialmente impressionado com as cartas e desenhos das crianças", acrescentou. "Obrigado por essa proximidade e pelas orações de conforto que recebi de todo o mundo!", escreveu.

Católicos de todo o mundo têm se unido em oração. Em frente ao Hospital Gemelli, diversas pessoas depositaram velas e orações.

Na Argentina, terra natal de Francisco, fiéis se reuniram em Buenos Aires e outras dioceses para rezar pela recuperação do papa.

Católicos por toda Ásia, incluindo a China e Gaza (onde o apoio do papa tem sido crucial por conta do atual conflito), também se uniram em orações. Apesar da grave condição de saúde, o papa chegou a telefonar para o padre Gabriel Romanelli, da paróquia da Sagrada Família, em Gaza, para oferecer suas bênçãos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comunicou a demissão de ao menos 1,6 mil funcionários da Agência para Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês) no final da noite do domingo, 23. Outra parte dos funcionários da agência espalhados pelo mundo será colocada em licença administrativa.

"A partir das 23h59 de domingo, 23 de fevereiro de 2025, todo o pessoal contratado diretamente pela Usaid, com exceção do pessoal designado responsável por funções críticas a missões, liderança central e/ou programas especialmente designados, será colocado em licença administrativa globalmente", diz um dos avisos enviados aos trabalhadores da USAID.

A agência também mencionou nos comunicados que estava iniciando um processo de "redução de força" para eliminar 2 mil vagas nos Estados Unidos. Uma versão do aviso postada mais tarde no site da Usaid colocou o número de posições a serem eliminadas em 1,6 mil. Não houve explicações sobre a mudança no número de postos de trabalho cortados.

A medida ocorre depois que um juiz permitiu, na sexta-feira, 21, que o governo prosseguisse com o plano de desmantelamento da Usaid. O juiz distrital Carl Nichols rejeitou os apelos em um processo dos empregados para continuar bloqueando temporariamente o plano do governo. Fonte: Associated Press.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse neste domingo, 23, que está disposto a renunciar ao cargo em troca de uma adesão do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Seu comentário veio dias depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, questionou a legitimidade do ucraniano e o chamou de "ditador sem eleições", ecoando argumento do Kremlin.

Ao mesmo tempo, Zelenski continuou a se opor à insistência de Trump para que ele assinasse um acordo sobre minerais aos quais a Ucrânia diz ser desfavorável. E anunciou uma reunião hoje com mais de 30 países em uma tentativa de formar uma coalizão de apoio ao esforço de guerra da Ucrânia.

Não ficou imediatamente claro se Zelenski havia considerado seriamente a opção de renunciar ou se estava apenas respondendo aos últimos ataques de Washington e de Moscou.

Recentemente, Trump sugeriu que Zelenski era um presidente ilegítimo, pois seu mandato expirou em maio passado. No entanto, a Ucrânia está sob a lei marcial devido à guerra, o que impede a realização de eleições, segundo a Constituição.

A entrada da Ucrânia na Otan é um cenário altamente improvável, dada a oposição de Trump. Além disso, a mera possibilidade de a Ucrânia ser considerada na aliança no passado foi o que embasou a justificativa de Putin para promover a invasão em larga escala em 2022.

"Se isso trouxer paz à Ucrânia e se precisarem que eu renuncie, estou pronto", disse Zelenski em uma coletiva de imprensa. "Em segundo lugar, posso trocar isso pela Otan".

Acordo de minerais

Na mesma entrevista, o presidente ucraniano pediu por uma reunião com Trump em meio a pressões americanas para que a Ucrânia ceda acesso às suas terras raras. O governo Trump vem pressionando Zelenski a assinar um acordo permitindo aos EUA acesso aos minerais das terras como forma de compensação pela assistência que os EUA forneceram a Kiev nesses últimos anos.

Ontem, Zelenski disse que estava aberto a intermediar um acordo que permitiria aos EUA lucrar com os minerais de seu país, mas a quantia de US$ 500 bilhões inicialmente proposta pelo governo Trump não era aceitável. "Não estou assinando algo que será pago por 10 gerações de ucranianos", disse ele.

Zelenski acrescentou que, se Trump se encontrasse com o presidente russo, Vladimir Putin, antes de se encontrar com ele, haveria descrença nos EUA. "Seria ruim para a sociedade dos Estados Unidos." Trump pretende se reunir com Putin na Arábia Saudita em breve, embora ainda não haja uma data. Há alguns dias, Trump e Putin conversaram por telefone, o primeiro contato entre um líder americano e o russo desde o início da guerra.

Ataque com drones

Enquanto isso, na véspera do aniversário de três anos do conflito, a Rússia lançou o maior ataque com drones contra a Ucrânia até então.

Escrevendo nas redes sociais, Zelenski disse que 267 drones foram enviados no que ele chamou de "o maior ataque desde que os drones iranianos começaram a atingir cidades e vilarejos ucranianos". A força aérea da Ucrânia disse que 138 drones foram abatidos em 13 regiões ucranianas, e outros 119 se perderam a caminho de seus alvos.

Três mísseis balísticos também foram disparados, informou a força aérea. Uma pessoa foi morta em um ataque com mísseis em Krivii Rih, cidade natal de Zelenski, de acordo com o chefe da administração militar local. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.