Messias aciona 'modo atirador', busca Pacheco e aposta em ajuda de ministros do STF

Política
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O advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), começa a semana com a missão de reverter o cenário desfavorável que encontra no Senado e buscar os votos que podem ser o fiel da balança de sua aprovação.

Articuladores do governo ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmam que o AGU já ativou o modo "atirar para todo lado", a fim de tentar captar o maior número de votos antes de sua sabatina, marcada para 10 de dezembro, data que o governo tenta postergar.

Alvo de resistência dos parlamentares, o indicado deve manter a estratégia de tentar marcar o máximo de reuniões presenciais com senadores, sejam eles propensos ou não ao seu nome. Quando não recebido, Messias seguirá investindo nas ligações.

Outra frente é a articulação feita por ministros do STF. Nos últimos dias, André Mendonça, Cristiano Zanin, Gilmar Mendes e Kassio Nunes Marques têm ligado para parlamentares para pedir apoio ao nome de Messias.

O AGU também trabalha para conseguir uma reunião nos próximos dias com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que era outro cotado para a vaga. Uma eventual conversa é vista pelo governo como um possível "amaciador" dos defensores do senador do PSD.

Na semana passada, quando iniciou seu périplo em busca de apoio de senadores, Messias focou em conversas "mais seguras" com vários governistas que já tinham propensão a votar nele, alguns do PSD, segunda maior bancada do Senado, com 14 cadeiras. O partido também abriga Otto Alencar (BA), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, responsável pela sabatina.

Messias também esteve com integrantes do MDB e do PT, e com o relator de sua indicação, Weverton (PDT-MA), que comparou a situação a uma "granada sem pino" que caiu em seu colo, pela dificuldade de convencer os colegas a votar no indicado.

Passada essa primeira etapa, Messias terá agora que reforçar as conversas com parlamentares com maior resistência a seu nome, como os de centro e de oposição. Não há, por exemplo, previsão para que PL, PSD e MDB, as maiores bancadas da Casa, reúnam seus senadores para debater um posicionamento conjunto, sob o argumento de que o voto é pessoal e secreto, ou seja, pouco controlável.

Alguns integrantes do PL já declararam voto contrário a Messias e afirmam que uma conversa ocorreria "por cortesia", por estarem com posição firmada. Internamente, porém, estima-se que a sigla poderia dar dois ou três votos a Messias, puxados pela identificação com a religião cristã evangélica do AGU e pelo apoio do ministro do STF André Mendonça.

Já as siglas de centro avaliam que não se trata de um assunto partidário, portanto, Messias terá de travar as conversas individuais e convencer cada deputado a votar nele.

Estratégias do governo e 'fator Alcolumbre'

Messias também ficará atento a novos movimentos da relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O presidente do Senado defendia a escolha de Pacheco para o STF e tem demonstrado insatisfação com o governo.

No fim de semana, a rusga ganhou novo capítulo, após o amapaense divulgar uma nota em que acusou setores do Executivo de criarem a "falsa impressão" de que a atual crise entre os Poderes pode ser resolvida por "ajustes fisiológicos". Sem citar Messias, Alcolumbre disse que o Senado tem a prerrogativa de escolher o indicado ao STF, "aprovando ou rejeitando o nome".

Pouco depois, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, respondeu, via rede social, que o governo jamais consideraria rebaixar a relação institucional com o presidente do Senado a "qualquer espécie de fisiologismo ou negociações de cargos e emendas".

Em conversas com os colegas na semana passada, Alcolumbre afirmou que não atrapalharia a indicação de Messias, mas tampouco articularia por ele. O senador, porém, marcou a votação para 10 de dezembro e deu a Messias um prazo de cerca de pouco mais de duas semanas para conseguir o mínimo de 41 votos necessários.

Diante das resistências, o governo segurou o envio da mensagem de indicação de Messias ao Senado - e apenas publicou a indicação no Diário Oficial da União (DOU). Sem ela, o Senado não inicia a tramitação oficial. Na CCJ, por exemplo, já se fala que, enquanto a mensagem não for enviada, o calendário "está aberto". A leitura do requerimento está agendada para esta quarta-feira, 3, ainda sem confirmação de que será mantida.

O atraso no envio é visto como uma estratégia do governo para empurrar a votação para o próximo ano, o que daria mais tempo para o AGU tentar captar votos. "Não há de se falar na data do dia 10, se a documentação ainda não for encaminhada", afirmou o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP).

O governo, no entanto, nega que se trate de uma ação deliberada, mas admite que a mensagem só deverá ser encaminhada após uma conversa entre Lula e Alcolumbre, com o objetivo de distensionar a relação. "Não tem nenhuma estratégia pensada nem elaborada. Tem um momento que ocorrerá, que é o momento da conversa do senhor presidente da República com o presidente do Senado", disse Randolfe.

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A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente dos EUA, Donald Trump, realizará uma reunião com sua equipe de Segurança Nacional sobre Venezuela na terça-feira, 2.

No sábado, Trump disse, em postagem em rede social, que o espaço aéreo da Venezuela está fechado, aumentando as tensões com o governo de Nícolas Maduro.

Sobre a guerra da Ucrânia, Leavitt apontou, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, que os EUA tiveram "conversas muito boas com ucranianos na Flórida", sem oferecer mais detalhes.

Na terça, o presidente russo, Vladimir Putin, e o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, se encontrarão em Moscou.

A secretária ainda defendeu o posicionamento de Trump sobre conceder um indulto ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández (2014-2022), condenado por narcotráfico pela Justiça americana, afirmando que houve uma medida orquestrada dentro de Honduras pela esquerda para tirá-lo do poder.

O debate ocorre em meio à presença militar americana no Caribe e no Pacífico, em operações que Washington afirma ter como foco o combate ao tráfico de drogas.

A respeito da saúde do presidente norte-americano, a secretária enfatizou que a ressonância magnética feita recentemente por Trump mostrou "excelente saúde".

O número de mortos nas inundações que atingiram o sudoeste da Ásia subiu para mais de 1,1 mil nesta segunda-feira, 1, de acordo com autoridades locais. Mais de 800 pessoas seguem desaparecidas.

Até a última atualização desta reportagem, a Indonésia havia registrado 604 mortes; o Sri Lanka, 366; a Tailândia, 176, e a Malásia, duas. As chuvas foram causadas por diferentes fenômenos climáticos desde a semana passada.

Indonésia

Além de 604 mortos, a Indonésia também registra pelo menos 464 desaparecidos. Nas províncias de Sumatra do Norte, Sumatra Ocidental e Achém, na ilha de Sumatra, já são mais de 290 mil desabrigados, segundo a Agência Nacional de Gestão de Desastres.

Algumas áreas do país ainda estão isoladas, devido a estradas danificadas por lama e destroços e linhas de comunicação interrompidas. Nessas regiões, a entrega de suprimentos para os moradores só pode ser realizada com a ajuda de aeronaves.

"A água chegou até o meu pescoço", disse Misbahul Munir, morador de Achém do Norte, no extremo norte de Sumatra. "A água subiu a cerca de dois metros. Todos os móveis foram destruídos. Só me restaram as roupas do corpo."

O presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, prometeu reconstruir a infraestrutura durante sua visita às áreas afetadas e pediu mais ações para enfrentar as mudanças climáticas.

"Precisamos enfrentar as mudanças climáticas de forma eficaz", disse Prabowo. "Os governos locais devem assumir um papel significativo na proteção do meio ambiente e na preparação para as condições climáticas extremas que surgirão em decorrência das mudanças climáticas futuras."

Ele também anunciou o envio de aeronaves e helicópteros, além dos três navios militares já enviados para as áreas mais afetadas. Prabowo enfrenta uma pressão para decretar estado de emergência em meio ao desastre natural mais mortal do país desde o terremoto e tsunami de 2018, que deixou mais de dois mil mortos.

Sri Lanka

No Sri Lanka, ainda há 367 desaparecidos, além dos 366 mortos. Cerca de 218 mil pessoas estão em abrigos temporários. O país utilizou helicópteros militares para alcançar pessoas isoladas por inundações e deslizamentos de terra e pediu ajuda internacional.

As autoridades locais indicaram que ainda avaliam a extensão dos danos na região central do país, que foi a mais atingida. O presidente do Sri Lanka, Anura Kumara Dissanayake, declarou estado de emergência e afirmou que este é "o maior e mais difícil desastre natural" da história do país.

As perdas e os danos são os mais graves no Sri Lanka desde o tsunami que atingiu a Ásia em 2004, matou aproximadamente 31 mil pessoas e deixou mais de um milhão de desabrigados.

Tailândia

Na Tailândia, os primeiros pagamentos de indenização devem ser distribuídos nesta segunda, a começar com US$ 7,4 milhões para 26 mil pessoas, disse o porta-voz do governo tailandês, Siripong Angkasakulkiat.

Ele afirmou que as autoridades locais estavam trabalhando para restabelecer a infraestrutura, incluindo água e eletricidade, no sul do país, onde graves inundações afetaram 3,9 milhões de pessoas. A população, no entanto, criticou a resposta às enchentes e dois funcionários públicos foram suspensos por sua atuação inadequada.

*Com informações das agências internacionais.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu que o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, deixasse o país imediatamente em uma ligação entre os dois líderes, de acordo com informações do jornal americano Miami Herald.

A ligação, que ocorreu na semana passada, foi intermediada por Brasil, Catar e Turquia. Durante a conversa, Trump foi direto ao ponto e garantiu que Maduro, sua esposa Cilia Flores e seu filho poderiam partir para o exílio, mas ele teria que renunciar e permitir o retorno da democracia no país.

De acordo com o jornal da Flórida, a ligação foi vista como o último esforço de evitar um confronto direto entre Caracas e Washington.

A conversa ocorreu em meio a sinais crescentes de que o governo Trump está preparando operações militares dentro da Venezuela. Washington denominou o Cartel de los Soles como uma organização terrorista e acusou Maduro de liderar o esquema.

Na quinta-feira, 27, Trump afirmou que os esforços contra traficantes de drogas venezuelanos "por terra" começarão "muito em breve", o que aumentou ainda mais as tensões com Caracas, que alega que a campanha antidrogas americana tem como objetivo na verdade a derrubada do ditador Nicolás Maduro.

"Quase paramos (o narcotráfico). Cerca de 85% do trânsito por via marítima foi interrompido", disse Trump em uma videochamada de Ação de Graças para as tropas americanas de sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida.

Negociação

Segundo o Miami Herald, as conversas não foram para frente por conta de três pontos-chave que Caracas e Washington não conseguiram concordar.

Primeiro, Maduro pediu "anistia global" por quaisquer crimes que ele e seu grupo político tenham cometido. Trump rejeitou a proposta.

Depois, o regime chavista sugeriu que poderia permitir eleições livres na Venezuela em troca de reter o controle das Forças Armadas do país. Washington também negou.

Por fim, as partes discordaram sobre o prazo para a saída de Maduro do poder. Trump queria que o ditador partisse para o exílio imediatamente, mas ele teria recusado.

Vários países foram ventilados como possíveis locais de exílio para Maduro, como Cuba, Irã, Rússia e Turquia.

Fechamento do espaço aéreo

Depois da conversa com Maduro, Trump anunciou no sábado, 29, que companhias aéreas e pilotos deveriam considerar o espaço aéreo da Venezuela totalmente fechado. O aviso foi feito em uma publicação na rede social Truth Social.

"A todas as companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas, por favor considerem o fechamento completo do espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela. Obrigado pela atenção a este assunto!", escreveu Trump.

Segundo o Miami Herald, o regime chavista tentou organizar outra ligação com Washington depois do anúncio de Trump, mas não obteve resposta.

Ligação

A ligação entre Trump e Maduro foi noticiada pelo jornal americano The New York Times na sexta-feira, 28. No domingo, 30, o republicano confirmou a conversa a repórteres a bordo do Air Force One durante uma viagem de retorno a Washington depois de passar o feriado do Dia de Ação de Graças na Flórida.

"Eu não quero comentar sobre isso. A resposta é sim", afirmou ele à imprensa, segundo informações da CNN. "Não diria que [a ligação] foi bem ou mal… foi apenas uma chamada telefônica", completou, ainda de acordo com a rede de televisão.

O jornal informou que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, um dos principais críticos do regime ditatorial de Maduro, também participou da chamada.