Alexandre vota por inegibilidade de ex-vereadora de SP por desvio de R$ 146 mil

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Em julgamento iniciado na manhã desta quinta, 8, no Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Alexandre de Moraes classificou como 'importantíssimo' um posicionamento da corte em relação às 'rachadinhas'. O ministro ressaltou a necessidade de 'combate efetivo' à prática, uma vez que ela se 'prolifera' em Assembleias Legislativas e Câmaras municipais. "O agente público que a pratica não só deve ser condenado por improbidade administrativa e na seara criminal, mas deve ficar inelegível nos termos da lei da ficha limpa", ponderou.

A indicação se deu quando Alexandre apresentou seu voto pelo indeferimento do registro de candidatura de Maria Helena Pereira Fontes (PSL), que concorreu ao cargo de vereadora de São Paulo nas eleições 2020. Alexandre reconheceu a incidência da inelegibilidade no caso, em razão de Maria Helena ter sido condenada pelo enriquecimento ilícito de R$ 146,3 mil à época em que ocupou cadeira na Câmara Municipal paulista (1997-1999). Segundo os autos, o esquema de 'rachadinha' em questão teria envolvido três servidores.

Em seu voto, Alexandre fez críticas à maneira como se dá a remuneração de assessores comissionados nas casas legislativas do País - a cargo dos próprios parlamentares. O ministro ponderou que a lógica acaba 'facilitando o exercício da prática ilícita' e indicou que a Justiça Eleitoral pode contribuir para que as Câmaras e Assembleias mudem esse método.

"O mecanismo é de uma flacidez republicana gigantesca. É sob o manto de se justificar que fica mais fácil ao vereador contratar pessoas com salários diferentes que se acaba permitindo uma agregação ilícita da verba de gabinete à remuneração do vereador. A clássica rachadinha só é permitida só é facilitada em virtude dessa legislação", ponderou.

O julgamento acabou sendo suspenso após pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro Luís Salomão. Antes disso, o ministro Edson Fachin antecipou seu voto, acompanhando integralmente Alexandre de Moraes. O vice-presidente do TSE afirmou que observou dano ao erário em razão do 'conluio no desvirtuamento de recursos públicos desde a origem da ordem de pagamento de pessoal', conduta que configura prática grave'.

O presidente da corte, Luís Roberto Barroso, afirmou que aguardaria a retomada do julgamento, mas sinalizou que já votou, no Supremo Tribunal Federal, 'exatamente na mesma linha' de Alexandre de Moraes. Tal processo também foi suspenso por pedido de vista, do ministro Kassio Nunes Marques.

"Rachadinha é eufemismo para desvio de dinheiro público, para peculato. Acho que nem faz diferença se é uma soma global ou se é uma divisão de valores alocados fixamente a cargos, em última analise é o erário que é lesado", ponderou.

O caso chegou ao TSE em um recurso apresentado pelo Ministério Público Eleitoral contra decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo que deferiu o registro de candidatura de Maria Helena. Segundo o procurador-eleitoral Renato Brill de Goés, a corte regional entendeu que não teria havido dano ao erário no caso, mas sim 'lesão particular ao patrimônio privado dos servidores'.

Em sustentação oral na sessão do TSE nesta manhã, Goés defendeu a inelegibilidade da vereadora, por considerar que o enriquecimento ilícito está vinculado ao dano ao erário. O procurador apontou que enquanto vereadora, Maria Helena nomeou três servidores em cargos comissionados com a exigência de repasse mensal dos vencimentos, a famosa 'rachadinha'.

Goés classificou o ato como uma 'formal vil de apropriação criminosa de recurso público por agente público' e apontou que houve 'conluio pra desviar a finalidade' dos recursos. Nessa linha, pediu que fosse restabelecida a decisão de primeira instância que reconheceu a inelegibilidade de Maria Helena.

"Onde ficaria a moralidade e probidade para futuro exercício do mandato numa circunstância dessa em que o ato caracteriza improbidade e crime contra a administração pública?", ponderou o procurador.

Ao analisar o caso específico de Maria Helena, Alexandre de Moraes considerou que o TRE de São Paulo reviu a decisão de primeira instância 'erroneamente'. Segundo o ministro, o despacho de primeiro grau apontou que havia todos os requisitos para o reconhecimento da inelegibilidade - ato doloso, enriquecimento ilícito e prejuízo ao erário. "Houve enriquecimento ilícito e prejuízo ao erário porque são R$ 146 mil que não houve contraprestação de serviço", indicou Alexandre.

O ministro chegou até a esmiuçar o funcionamento da 'rachadinha'. Explicou que, assim como em diversas casas legislativas do País, há na Câmara municipal de São Paulo uma verba estabelecida para a assessoria. A partir disso, o número de servidores e os salários de eles vão receber são definidos pelos próprios parlamentares.

Alexandre chegou a citar como exemplo vereadores que contratam quatro assessores (dos até 17 que podem ser contratados), fixam uma remuneração e devolvem a verba restante. Ele frisou que os valores disponibilizados aos parlamentares não precisariam ser gastos com assessoria integralmente.

"Na medida em que a vereadora chama assessores, combina - 'olha o seu trabalho merece R$ 4 mil, mas vou te dar R$ 8 mil porque você tem me me devolver R$ 4 mil' -, é constatado o prejuízo ao erário, porque o valore remuneratório do serviço prestado foi superfaturado. ai está o prejuízo. não se trata de questão privada", ponderou.

"Se eu, vereador, racho que esse assessor merece ganhar R$ 4 mil, todo o restante que pagar está desviando do poder público diretamente. Aqui há um conluio entre assessoria e vereador. Ele estabelece essa rachadinha, porque se não a verba sobraria e seria devolvida", seguiu.

COM A PALAVRA, MARIA HELENA PEREIRA FONTES

Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou contato com a ex-vereadora, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

Em outra categoria

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse neste sábado, 3, que o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs enviar tropas americanas ao México para ajudar seu governo a combater o tráfico de drogas, mas que ela rejeitou o plano.

As declarações de Sheinbaum foram feitas a apoiadores no leste do México, em resposta a uma reportagem do Wall Street Journal publicada na sexta, 2, descrevendo uma tensa ligação telefônica no mês passado na qual Trump teria pressionado ela a aceitar um papel maior para o exército dos EUA no combate aos cartéis de drogas no México.

"Ele disse, 'Como podemos ajudá-la a combater o tráfico de drogas? Eu proponho que o exército dos Estados Unidos venha e ajude você'. E você sabe o que eu disse a ele? 'Não, presidente Trump'", relatou a presidente do México. Ela acrescentou: "A soberania não está à venda. A soberania é amada e defendida".

"Podemos trabalhar juntos, mas vocês no território de vocês e nós no nosso", disse Sheinbaum. Com uma explosão de aplausos, ela acrescentou: "Nunca aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território".

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Sheinbaum. A postura firme de Sheinbaum neste sábado sinaliza que a pressão dos EUA por intervenção militar unilateral colocaria ela e Trump em atritos, após meses de cooperação em imigração e comércio. Fonte: Associated Press.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse estar pronto para um cessar-fogo com a Rússia a partir deste sábado, 3, caso o país rival aceite uma trégua de, pelo menos, 30 dias. "Esse é um prazo razoável para preparar os próximos passos. A Rússia precisa parar a guerra - cessar seus ataques e bombardeios", escreveu Zelenski em seu perfil da rede social X.

Na mesma publicação, o mandatário ucraniano disse estar se preparando para importantes reuniões e negociações de política externa. "A questão fundamental é se nossos parceiros conseguirão influenciar a Rússia a aderir a um cessar-fogo total - um silêncio duradouro que nos permitiria buscar uma saída para esta guerra. No momento, ninguém vê tal prontidão por parte da Rússia. Pelo contrário, sua retórica interna é cada vez mais mobilizadora", completou, pedindo sanções à energia e aos bancos russos para pressionar o país a parar os ataques.

Mais cedo neste sábado, 3, Zelenski negou a proposta de uma trégua de 72 horas proposta pela Rússia em virtude das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. Os ucranianos também se negaram a garantir a segurança das autoridades que forem a território russo para as celebrações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 para participar do evento. A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, já está em solo russo.

Na preparação para a eleição parlamentar nacional, o governo interino de Portugal anunciou que planeja expulsar cerca de 18 mil estrangeiros que vivem no país sem autorização.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse, neste sábado, 3, que o governo de centro-direita emitirá aproximadamente 18 mil notificações para que as pessoas que estão no país de maneira ilegal saiam.

O ministro afirmou que, na próxima semana, as autoridades começarão a emitir os pedidos para que cerca de 4,5 mil estrangeiros nesta situação saiam voluntariamente dentro de 20 dias.

A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.

Portugal realizará uma eleição geral antecipada em 18 de maio. O primeiro-ministro, Luis Montenegro, convocou a votação antecipada em março, depois que seu governo minoritário, liderado pelo Partido Social Democrata, conservador, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou.

Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.