Promotoria vai apurar empréstimo de banco na compra de mansão de Flávio Bolsonaro

Política
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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) abriu um procedimento inicial para apurar as condições do empréstimo do Banco de Brasília (BRB) ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) para a compra de uma mansão de R$ 6 milhões na capital federal. O caso está sendo tratado pela Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social a partir de uma representação apresentada à Ouvidoria do órgão.

No momento, a Promotoria colhe informações sobre o caso e investiga se o empréstimo foi concedido nas condições normais do banco para qualquer pessoa. A apuração não envolve transações ou movimentação patrimonial de Flávio Bolsonaro, algo que seria de competência do Ministério Público Federal.

A mansão custou R$ 6 milhões e, deste total, R$ 3,1 milhões foram financiados pelo BRB. O pagamento poderá ser feito em 360 parcelas com uma taxa de juros de 4,85% ao ano e taxa de juros reduzida de 3,71% ao ano, além da variação da inflação.

Um simulador do BRB consultado pelo Estadão demonstra que um financiamento semelhante, com a mesma taxa de juros, seria possível caso o interessado comprove renda mínima de R$ 46,4 mil. Como senador, Flávio Bolsonaro recebe salário bruto de R$ 33,7 mil, que cai para R$ 24,9 mil após os descontos. A mulher do parlamentar, a dentista Fernanda Bolsonaro, não tem renda fixa.

Em março, o presidente do BRB Paulo Henrique Costa afirmou ao Estadão que a taxa cobrada pela instituição é "operação normal". "Taxa é taxa de mercado. Operação normal. A gente é líder aqui no Distrito Federal", disse.

Por meio de nota, o BRB afirmou que "a concessão de qualquer operação de crédito segue padrões e normas bancárias e se fundamenta em documentos e informações fornecidos pelos clientes e/ou em informações de mercado disponíveis sobre os clientes".

A mansão de Flávio fica localizada no Lago Sul, bairro nobre da capital, e foi vendida como a "melhor vista de Brasília da suíte master". O imóvel tem 1,1 mil m² com quatro suítes amplas, academia, piscina e spa com aquecimento solar. Apesar de ter sido comprada em Brasília, a transação foi registrada em um cartório de Brazlândia, na zona rural do Distrito Federal.

O valor da mansão é três vezes maior que o total de bens declarados por Flávio à Justiça Eleitoral em 2018 (R$ 1,7 milhão). No mês passado, o parlamentar afirmou que além do financiamento do BRB, conseguiu quitar a mansão com a venda de um imóvel no Rio. Este negócio, porém, não foi registrado em cartório.

Flávio foi denunciado no ano passado por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro por suposta prática de rachadinha (apropriação parcial do salário de assessores) na Assembleia Legislativa do Rio. Um dos focos da investigação mirou a aquisição de imóveis pelo filho do presidente com dinheiro supostamente desviado do esquema.

Com a Palavra, O Banco de Brasília

O BRB informa que as taxas de juros de seus produtos estão disponíveis a todos os seus clientes, conforme análise de risco de crédito.

O financiamento mencionado diz respeito a uma operação de crédito tradicional do BRB, cujas condições são disponibilizadas a todos os seus clientes. Conforme já divulgado pela imprensa, 87% dos clientes que contrataram operação semelhante tiveram acesso a taxas inferiores à praticada.

A concessão de qualquer operação de crédito segue padrões e normas bancárias e se fundamenta em documentos e informações fornecidos pelos clientes e/ou em informações de mercado disponíveis sobre os clientes.

Todas as operações de crédito imobiliário no Banco são submetidas a avaliação e consideram renda individual ou composição de renda, seguindo práticas do mercado bancário brasileiro.


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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

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O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."