Luiza Trajano diz que não é presidenciável e pede união contra pandemia e a fome

Política
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Numa live feita na segunda-feira, 5, à noite pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, a empresária Luiza Trajano, maior acionista e presidente do conselho da Magazine Luiza, defendeu que o País deixe de lado as brigas e se una no combate à pandemia do coronavírus. Numa conversa transmitida pelo Instagram do ex-ministro, ambos combinaram que "não falariam de política" para priorizar o debate sobre como ajudar nas ações de Saúde e também para minimizar a desigualdade social ampliada pelos problemas na economia.

Mas, apesar da promessa, as mensagens políticas da empresária foram claras. Ao explicar porque não assinou o manifesto dos presidenciáveis em defesa da democracia, Luiza disse que ninguém lhe pediu que apoiasse o documento e afirmou que nem poderia ser chamada para isso por não ser presidenciável. Nos últimos meses, o nome da empresária tem sido citado como uma opção de candidatura ou de vice-presidente vinda de fora da política para 2022."Disseram que a Luiza não quis assinar. Primeiro, eu não tinha de assinar nada. Segundo, nem me convidaram para assinar porque eu não sou presidenciável", garantiu, ao ser perguntada sobre o assunto por Mandetta, um dos signatários do documento ao lado dos governadores João Doria e Eduardo Leite, de Ciro Gomes, João Amoêdo, e do apresentador Luciano Huck.

Mandetta ainda insistiu na possibilidade: "Mas pode ser, gente...".

"Não, não, não", afirmou Luiza.

"Não é hoje. Mas não tem porta fechada nisso", reforçou Mandetta.

Na conversa, a empresária e o ex-ministro reconheceram que para superar as dificuldades provocadas pela pandemia será importante deixar as brigas de lado. "Nesse momento, temos de nos unir. Temos de deixar o ódio de lado, a raiva. O diagnóstico, fulano não fez, porque ele não fez, onde já se viu ele não fazer. Já foi, gente. É daqui para a frente. É para já", defendeu Luíza.

Uma ideia proposta pela empresária e apoiada por Mandetta é transformar Saúde e Educação em políticas de Estado. A inspiração vem da autonomia do Banco Central, que fez com que a atuação do órgão se descolasse do governo da vez. Para Luiza, isso garantiria às duas áreas uma espécie de blindagem política e garantindo sempre uma gestão técnica.

"Eu defendo que a Saúde e a Educação sejam um órgão do Estado e não um órgão político. Porque aí tem de ter plano de carreira, tem de ter tudo direitinho. Mas quem manda é o Estado", disse.

"Tem sido feito muito uso político. Acho que Saúde e Educação talvez tivessem que ser dois setores que precisassem de um comitê técnico permanente", concordou Mandetta.

Luiza Trajano concordou e defendeu que a boa governança é fundamental para que áreas como a da Saúde possam conseguir melhores resultados.

"Há mais de quatro anos, fiquei sabendo o que era o SUS. Eu fiquei com vergonha de não conhecer. Passei a defender esse SUS em todas as minhas palestras, em todo lugar. O SUS é o melhor sistema de saúde na Constituição que existe no mundo para um país com desigualdade social. Ele é perfeito. Ele não tem de mudar nada. Ele tem de ter governança e tem de ter digitalização. Porque imagina no seu celular, você marcar consulta, saber que dia você volta. E precisa ter governança, porque nenhuma empresa vai para frente com dez ministros da saúde em nove anos. E não estou nem dizendo que é culpa desse governo. É uma coisa que vem acontecendo", afirmou.

"Até porque a gente tem pouco dinheiro para a Saúde. Então, se não administrar bem...Eu falo que pouco dinheiro, bem administrado, a gente ainda consegue resultado. Agora, pouco dinheiro, mal administrado, aí é tragédia", disse Mandetta.

Luiza Trajano defendeu o pagamento do auxílio emergencial pelo governo como forma de minimizar as dificuldades dos mais vulneráveis.

"Quando foi a primeira onda, fiquei muito paralisada pela primeira vez. Mas, depois de dois dias, me juntei ao IDV e comecei a estudar economia de guerra. Não tem jeito. O governo federal tem de colocar o dinheiro, como todos os países colocaram, porque se não piora PIB, piora tudo", avalia.

"Junto com o IDV, fomos ajudar uma área do Ministério da Economia a fazer aquelas medidas de emergência. Que foram boas, não foram ruins. E aí saiu o auxílio emergencial, que foi um valor que salvou. Que salvou a fome, salvou tudo. Dessa vez, por causa do déficit público, que a gente tem de respeitar, não quero entrar nisso, ele é menor. Mas custou um pouco a sair. E a crise econômica agora está pior do que era antes. E a crise de saúde também", lembra a empresária.

Ela conta que a maioria das pessoas que se dispôs a ajudar na primeira onda do coronavírus queria colaborar com bens perenes, em vez de doar cestas básicas. Mas que a situação atual se tornou tão grave que isso agora inevitável.

"O pessoal que queria ajudar dizia: a gente não quer dar cesta básica. A gente quer dar UTI, a gente quer dar respirador. Mas acabou que não teve nenhuma família que não teve de dar de 20 a 30% para combater a fome, para cesta básica. Com fome, ninguém faz nada. Então, todas as famílias que começaram assim, olha, a gente quer dar para coisa que fique perene. Agora, estamos todos voltando a ter que dar cesta básica de novo. Não tem comida na mesa", lamenta.

A empresária abriu uma exceção na conversa para falar explicitamente de política. Ela defendeu o fim da reeleição. "O Fernando Henrique pediu desculpa por ter dado a reeleição. É uma coisa que nós temos que acabar. Com a reeleição. Tinha de ter cinco anos para o Executivo e não tinha reeleição", afirmou, defendendo a realização de uma reforma política.

Mas a empresária martelou na tecla de que é preciso unir novamente o País num esforço de recuperação diante das dificuldades.

"Se a esquerda fez bem feito, vamos apoiar. Se a direita fez bem feito, vamos apoiar. Eu apoiei as medidas do governo que foram boas. Estou falando do começo da pandemia. Eu saí fazendo live com as medidas. Eu precisava salvar as pequenas empresas. Então, não é porque é um que faz que não vou apoiar. As medidas foram rápidas, o Ministério da Economia criou rápido. Se não saiu o dinheiro é porque ainda temos uma burocracia muito grande para aprovação de crédito. Mas fez rápido. Se fez isso, temos de sair falando bem. Agora temos de unir. É o mundo inteiro que está pedindo isso. Não é hora de divisão", disse.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."