'Corruptos não passam recibo', diz promotor contra absolvição de ex-corregedor

Política
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O Ministério Público de São Paulo recorreu nesta sexta-feira, 30, da decisão da Justiça Estadual que absolveu o ex-chefe da Corregedoria da Fiscalização Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado, Marcus Vinícius Vannucchi, e sua ex-mulher, Olinda Alves do Amaral Vannucchi, no processo por lavagem de dinheiro aberto na esteira da apreensão de US$ 180 mil e 1,3 mil euros em um bunker secreto.

O juiz Ezaú Messias dos Santos, da Vara Criminal de Itatiba, concluiu que o MP não foi capaz de provar a origem irregular do dinheiro. Na avaliação do magistrado, os indícios de crimes antecedentes apontados durante as investigações "não foram confirmados sob o crivo do contraditório".

"Não há elementos seguros a se concluir que os valores apreendidos eram provenientes de condutas que tipificavam delitos de corrupção passiva, concussão ou prevaricação, crimes contra a Administração pública que supostamente teriam sido praticados por Marcus", escreveu o magistrado. "O crime de lavagem de dinheiro é acessório e, portanto, imprescindível a prova da ocorrência de crime antecedente."

No apelação apresentada à Justiça, o promotor Marcelo Batlouni Mendroni, responsável pelo caso, alega que o juiz aceitou a versão da defesa "sem qualquer comprovação".

"Corruptos não passam recibo", escreveu. "Não existe forma de ser apresentada a "prova inequívoca" que o Magistrado cogita ser necessária… Isso porque o crime de corrupção se perfaz em vários momentos, e todos eles de forma dissimulada", segue.

O promotor argumenta que foram reunidas evidências de que o dinheiro é fruto da cobrança de propinas pelo ex-corregedor. Mendroni aponta, por exemplo, a evolução patrimonial da família que, em sua avaliação, deixa 'evidente' o enriquecimento ilícito. Também indica a abertura de CNPJs em nome de familiares, com mesmo objeto e quadro societário e sem funcionários contratados: empresas de fachada usadas para incorporar a propina de volta ao patrimônio do clã, afirma o MP.

Mendroni expõe ainda a compra de imóveis com declaração de valores subvalorizada o que, para o promotor, seria uma estratégia para lavar o dinheiro através das transações imobiliárias. Outro ponto questionado foram as reiteradas retificações no imposto de renda para acrescentar bens nas declarações reajustadas sem informar a origem do patrimônio. O promotor coloca sob suspeita até mesmo o divórcio do casal que, segundo ele, teria sido simulado para garantir a transferência de bens para o nome de Olinda, uma vez que coincide com a nomeação de Vannucchi para o cargo de Corregedor-Geral da Fiscalização Tributária de São Paulo e que os dois teriam continuado mantendo relacionamento 'íntimo', segundo testemunhas ouvidas no inquérito.

No processo, Vannucchi negou irregularidades e alegou que os euros e parte dos dólares encontrados pelas autoridades eram sobras de viagens ao exterior, feitas mais de dez anos antes, e que o resto do dinheiro pertencia ao padrasto e havia sido comprado ainda na década de 1990. Quando o Ministério Público apontou que as cédulas eram recentes, a defesa informou que contratou um doleiro para trocar as notas depois que o modelo antigo saiu de circulação.

"Não indicaram o Banco e nem apresentaram qualquer comprovante de sequer parte da compra", afirmou o promotor. "Tampouco apresentaram e nem sequer referiram o nome, nem o prenome, nem qualquer indicativo, como localização, endereço, - nada sequer qualquer mínima referência do tal "doleiro" que alegadamente trocou as notas por mais novas. O dinheiro - de expressiva quantia - ficou guardado também sem qualquer referência bancária - como se costuma fazer quando as notas têm origem lícita. Os dólares ainda ficaram guardados, ou melhor, "ocultos" em uma sala própria na qual a própria "dona" não acessava, e o acusado Marcus, ele sim, a acessava, mesmo após três anos da (dissimulada) separação."

Após a absolvição, o advogado Salo Kibrit, que defende os Vannucchi no processo, disse que a sentença "fez correta valoração das provas para concluir sobre a inocência dos réus". "A existência de dinheiro, por si só, não constitui prova de ilícito de crime contra administração pública", afirmou.

O casal ainda foi denunciado em uma segunda frente, em novembro do ano passado, por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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O Ministério das relações Exteriores (MRE) se prepara para receber nesta quarta-feira, 26, às 11h30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião de sherpas do Brics iniciada nesta terça, 25, no Palácio do Itamaraty. Os sherpas são os negociadores-chefes de cada um dos 11 membros do bloco.

A presença do chefe do Executivo, porém, ainda não foi confirmada, o que deve ocorrer apenas no fim do dia, quando a agenda do mandatário é divulgada pelo Palácio do Planalto. Há a expectativa de que Lula faça um discurso, caso o petista participe do evento de quarta.

Chefes de Estado e de governo não costumam participar das reuniões de sherpas. Geralmente, estão presentes apenas na cúpula de líderes, que este ano está marcada para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. Como o Brasil está com a presidência rotativa do grupo e o encontro ocorre em Brasília, avaliou-se que poderia ser um gesto de cortesia do anfitrião.

Na manhã desta terça, estão reunidos os 11 sherpas do Brics no Itamaraty. Havia a previsão de que, como convidado, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fizesse um discurso de abertura aos convidados. O texto deve ser divulgado à imprensa. O sherpa brasileiro é o embaixador Mauricio Lyrio, que teve a mesma função durante as reuniões do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), que também ocorreu no Brasil no ano passado.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 24, que as tarifas sobre importações do México e do Canadá "irão adiante" quando um adiamento de 30 dias expirar na semana que vem. A notícia, que veio nos últimos 40 minutos de negociação na segunda-feira, arrastou o S&P 500 para baixo.

Esse é o primeiro dos quatro prazos tarifários iminentes de Trump nas próximas seis semanas. Trump voltou a dizer que os EUA "foram aproveitados" por parceiros comerciais, mas que pretende "ganhar muito território".

Se confirmadas, as tarifas devem entrar em vigor a partir do dia 4 de março, quando expira o prolongamento do prazo anunciado pelo presidente americano. As tarifas incluem taxas de 25% sobre todas as importações mexicanas e canadenses, com uma exceção apenas da tarifa de 10% das importações de energia do Canadá. Fonte: Dow Jones Newswires.

O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta segunda-feira, 24, uma nova rodada de sanções contra dezenas de pessoas e petroleiros na China, Emirados Árabes Unidos e na Índia por supostamente ajudarem a financiar o Irã.

O Tesouro dos EUA e os departamentos de Estado dos EUA sancionaram 22 indivíduos ou empresas e 13 navios petroleiros, incluindo os chefes da National Iranian Oil Co. e da Iranian Oil Terminals Co., por seu papel na intermediação da venda e transporte de petróleo iraniano.

Entre os sancionados, ainda estão o CEO da empresa petrolífera nacional do Irã, Hamid Bovard, assim como intermediários com sede nos Emirados Árabes Unidos e Hong Kong e empresas que fretam navios da Índia e da Malásia, de acordo com o Departamento do Tesouro.

Segundo o Departamento de Estado americano, essa "rede" permitiu que o petróleo iraniano fosse transportado ilegalmente para "compradores na Ásia". "Possibilitou o envio de dezenas de milhões de barris de petróleo no valor de centenas de milhões de dólares", disse o governo americano.

No início de fevereiro, Washington já havia anunciado sanções financeiras contra uma "rede internacional" acusada de fornecer petróleo iraniano à China para financiar as atividades militares de Teerã.

As sanções envolvem o congelamento de ativos que as empresas sancionadas detêm direta ou indiretamente nos Estados Unidos e a proibição de empresas sediadas nos EUA ou cidadãos americanos de negociar com as empresas sancionadas, correndo o risco de também serem sancionados.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, disse em uma declaração que "enquanto o Irã dedicar suas receitas de energia ao financiamento de ataques contra nossos aliados, apoiando o terrorismo ao redor do mundo ou buscando outras ações desestabilizadoras, usaremos todas as ferramentas à nossa disposição para responsabilizar o regime".

Elas também dificultam a negociação das empresas sancionadas, limitando sua capacidade de usar o dólar em suas transações, devido ao risco de ficarem sob a jurisdição americana.

Um relatório da Administração de Informação de Energia dos EUA de outubro de 2024 estima que o Irã arrecadou US$ 253 bilhões em receitas de petróleo durante as presidências de Joe Biden e Trump, entre 2018 e 2024. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)