Visita de Onyx Lorenzoni aumenta pressão sobre Pazuello

Política
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Dois dias depois de pedir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid para adiar seu depoimento por ter mantido contato com dois servidores acometidos pelo coronavírus, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello recebeu, ontem, a visita do chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni (DEM). O encontro da "quarentena" de Pazuello provocou cobranças na CPI e senadores chegaram a dizer que o caso poderia provocar a "condução coercitiva" do ex-ministro, medida extrema que tem sido desautorizada pelo Judiciário.

O Estadão flagrou o momento em que Onyx e uma assessora saíram da reunião, no Hotel de Trânsito de Oficiais, onde mora Pazuello. Onyx deixou a área militar por volta das 10 horas. A reunião não constava na agenda pública do ministro da Secretaria-Geral.

Onyx é o coordenador da estratégia política do Palácio do Planalto na CPI e Pazuello vem sendo treinado pelo governo para o depoimento. Além disso, o general tem agora uma assessoria jurídica e avalia entrar até mesmo com habeas corpus para não ir à CPI. A conveniência da estratégia vem sendo avaliada pelo governo, que teme ver Pazuello sair preso da comissão.

Além de ter se reunido com Onyx, o Estadão apurou que, na prática, o ex-ministro da Saúde mantém uma rotina de poucos cuidados. Ainda ontem, ele foi visto circulando pelo hotel onde mora sem máscara e usando o telefone da recepção para fazer chamadas.

Assim como Pazuello, o ministro da Secretaria-Geral contraiu covid-19, em julho do ano passado. O general teve a doença quatro meses depois, em novembro. Mesmo quem foi contaminado, porém, pode ser reinfectado.

O pedido do ex-ministro da Saúde para mudar a data do depoimento à CPI (que estava marcado para esta quarta-feira e foi adiado) provocou irritação em senadores, que alegaram justamente sua falta de cuidado diante da pandemia. Dias antes, Pazuello havia sido fotografado passeando sem máscara num shopping em Manaus (AM). Quando uma mulher lhe chamou a atenção sobre a ausência da proteção, ele ironizou: "Sabe onde eu compro?"

O Exército enviou, anteontem, ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), um comunicado com o relato de Pazuello sobre o "contato direto" com dois auxiliares que teriam contraído coronavírus. Sugeriu, por isso, que seu depoimento fosse adiado ou que ele pudesse ser interrogado remotamente, para cumprir o isolamento recomendado nesses casos. Os senadores optaram por remarcar o depoimento para o próximo dia 19. O Estadão apurou que um dos coronéis infectados é Élcio Franco, ex-secretário executivo do Ministério da Saú e hoje assessor da Casa Civil.

Élcio era um dos envolvidos na preparação de Pazuello para depor na CPI. A estratégia inclui até media training no Planalto, com treinamento de perguntas e respostas. Procurado, o coronel não retornou aos contatos da reportagem.

Interlocutores de Pazuello dizem que ele está muito nervoso e tem se sentido abandonado pelo Planalto. Ao deixar o Ministério, em março, o general apontou um esquema de corrupção na pasta e disse que deixou políticos insatisfeitos com a falta de "pixulé".

Biombo

A exposição de Pazuello na CPI preocupa o presidente Jair Bolsonaro e as Forças Armadas. Indignado, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), repetia ontem à mesa da CPI, fora do microfone, a tese da condução coercitiva. Disse também que pediria explicações a Onyx, mas depois descartou medidas mais duras, por causa de interpretações do Supremo Tribunal Federal. "Ele (Pazuello) precisa colaborar e para de usar o Exército como biombo para não vir à CPI. Isso é extremamente irresponsável", afirmou Renan. "Pazuello continua equivocado ao extremo."

O líder da Minoria, senador Jean Paul Prates (PT-RN), exibiu a foto feita pelo Estadão e cobrou providências. "Causa espécie um ministro ir visitar uma pessoa que se disse doente. Cabe-nos desconfiar do assunto", afirmou Prates. "O ministro Onyx resolveu correr o risco de visitar o senhor Eduardo Pazuello no dia de hoje. Estranho. Ele informou a essa CPI que estava infectado com covid-19 (na verdade, o ex-ministro disse que manteve contato com duas pessoas infectadas). Me parece que é uma infração sanitária", reagiu Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI.

Da tropa de choque bolsonarista, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou, por sua vez, que a CPI não deveria discutir o caso. "Esse alarde todo faz parecer que a comissão tem poder para determinar a suspensão de direitos civis de membro da sociedade e ex-integrantes do governo. Querer questionar se ele recebeu ou não recebeu não é papel da CPI", argumentou o senador, que é vice-líder do governo. O presidente da CPI concordou com o colega. "Ninguém pode proibir alguém de visitar alguém. Qual foi o crime que o ex-ministro cometeu? Por isso que as pessoas acham que a gente quer politizar isso aqui", reagiu Aziz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Destacando a mudança radical na diplomacia americana desde que Donald Trump tomou posse, os EUA romperam nesta segunda-feira, 24, com os aliados europeus e se alinharam a países próximos da Rússia ao votar contra uma resolução na Assembleia-Geral da ONU que condenou a agressão russa na Ucrânia, no terceiro aniversário da guerra.

Apesar da rara aliança entre ex-inimigos, a resolução apresentada por ucranianos e europeus foi aprovada na Assembleia-Geral. O texto também pedia a devolução do território ocupado pela Rússia.

A delegação americana tentou aprovar uma resolução alternativa, de autoria própria, que foi votada em separado e apenas pedia o fim da guerra. Após os europeus incluírem emendas, os próprios americanos desistiram de apoiá-lo e se abstiveram - o texto também foi aprovado na Assembleia-Geral, cujas resoluções têm caráter simbólico e servem como termômetro do sentimento na ONU.

O confronto na Assembleia-Geral representou uma fissura pública entre os aliados ocidentais, que normalmente votam juntos quando se trata da Rússia e da segurança da Europa. Desde que chegou ao poder, no entanto, Trump tem se aproximado de Vladimir Putin e indicado que pretende negociar um fim da guerra na Ucrânia em termos favoráveis aos russos. O alinhamento tem preocupado os países da Europa.

Paz

A resolução de três páginas exigindo a retirada russa, proposta pela Ucrânia, também pedia uma "paz abrangente, duradoura e justa", e responsabilização pelos crimes de guerra da Rússia. Ela afirmava que a invasão "persistiu por três anos e continua a ter consequências devastadoras e duradouras não só para a Ucrânia, mas também para outras regiões".

A resolução dos EUA tinha apenas três parágrafos. Ela não mencionava a agressão russa ou condenava a invasão. Lamentou a perda de vidas de ambos os lados e disse que os EUA "imploram por um fim rápido do conflito e pedem uma paz duradoura entre Ucrânia e Rússia".

Três diplomatas ocidentais e um alto funcionário da ONU disseram que diplomatas Trump tentaram, na semana passada, persuadir a Ucrânia a retirar sua resolução. Ao ver que não teriam sucesso, tentaram negociar com aliados europeus um texto que o governo americano apoiaria.

Divergência

Na sexta-feira, durante as negociações, os EUA informaram a seus aliados europeus que, em vez disso, planejavam apresentar uma resolução concorrente. Diplomatas europeus demonstraram irritação, porque o antigo aliado havia abandonado as conversas e se posicionado contra eles.

A resolução ucraniana foi adotada com o voto de 93 nações a favor, 18 contra e 65 abstenções. Entre os que votaram contra a resolução estavam Rússia, EUA, Israel, Hungria, Haiti, Nicarágua e Níger.

A resolução dos EUA, por sua vez, foi aprovada, inicialmente, sem emendas, com 83 votos a favor, 16 contra e 61 abstenções. A Rússia votou contra. A Assembleia-Geral, em seguida, votou para adotar três emendas propostas pelos europeus, adicionando nova linguagem, identificando a Rússia como agressora e reiterando o compromisso com a integridade territorial da Ucrânia e com as fronteiras pré-guerra.

A Assembleia-Geral aprovou então a resolução emendada por uma votação de 93 a 8, com 73 abstenções. Os EUA abstiveram-se na versão emendada de sua própria resolução.

Richard Gowan, especialista em ONU do International Crisis Group, disse que a ruptura entre EUA e Europa marca "a maior divisão entre as potências ocidentais na ONU desde a Guerra do Iraque - e provavelmente ainda mais grave".

Impasse

Mais tarde, o Conselho de Segurança aprovou a resolução dos EUA pedindo um acordo de paz, mas sem mencionar a integridade territorial da Ucrânia - que havia sido rejeitada na Assembleia-Geral. Com 10 votos a favor, incluindo China, EUA e Rússia, nenhum voto contra e 5 abstenções, incluindo França e Reino Unido. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder conservador Friedrich Merz, provável chanceler da Alemanha, disse nesta segunda, 24, que o crescimento da extrema direita na eleição de domingo deveria ser encarado como um alerta para os partidos tradicionais de que é urgente resolver os problemas que alimentam a popularidade dos radicais. "É o último aviso ao centro democrático da Alemanha para que cheguem a soluções comuns", afirmou.

Merz é líder da União Democrata-Cristã (CDU), partido mais votado, com 28,5% dos votos e 208 deputados, de um Parlamento com 630 cadeiras. Sem maioria, ele deve buscar um parceiro de coalizão - ou mais de um. Os extremistas da Alternativa para Alemanha (AfD), liderados por Alice Weidel, ficaram em segundo lugar, com 20,8% dos votos - o dobro da eleição passada - e elegeram 152 parlamentares.

Isolamento

No entanto, a AfD sofre um isolamento preventivo por parte de todos os outros partidos alemães, que acusam os extremistas de adotar slogans e ideias do nazismo. Por isso, a primeira legenda da lista de parceiros de Merz deve ser o Partido Social-Democrata (SPD), do atual chanceler, Olaf Scholz, que saiu das urnas em terceiro lugar, com 16.4% dos votos e 120 deputados eleitos.

Juntos, CDU e SPD teriam 328 deputados - uma maioria curta. Se for preciso, Merz pode acrescentar mais um partido à coalizão, provavelmente os Verdes, que ficaram em quarto lugar, com 11,6% dos votos e 85 parlamentares.

Enquanto não inicia as negociações, Merz dá pistas das prioridades do futuro governo. Uma delas será a Europa. Segundo ele, os europeus precisam agir rapidamente para aumentar sua capacidade de defesa diante de um presidente dos EUA cada vez mais hostil. "Embora busquemos um bom relacionamento com os americanos, também estamos prontos para o pior cenário possível", disse. "Após as declarações das últimas semanas, está claro que nós, europeus, precisamos aumentar nossa capacidade de agir rapidamente."

Prestes a liderar a maior economia da Europa, o ex-banqueiro de 69 anos defendeu ainda que o bloco lute por sua autonomia, sugerindo que ele pode até encontrar um substituto para a Otan. "Minha prioridade absoluta será fortalecer a Europa o mais rápido possível para que, passo a passo, possamos alcançar a independência com relação aos EUA."

Reação

Ao comentar o resultado da eleição, Trump não mencionou Merz pelo nome, mas felicitou os vencedores, reivindicando o crédito para si mesmo. "Assim como nos EUA, o povo da Alemanha se cansou da agenda sem o mínimo de bom senso, especialmente em relação à energia e à imigração", escreveu o presidente na sua rede social, sugerindo que a guinada do país à direita fazia parte de uma mudança que os alemães compartilhavam com os americanos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 24, que as tarifas sobre importações do México e do Canadá "irão adiante" quando um adiamento de 30 dias expirar na semana que vem. A notícia, que veio nos últimos 40 minutos de negociação na segunda-feira, arrastou o S&P 500 para baixo.

Esse é o primeiro dos quatro prazos tarifários iminentes de Trump nas próximas seis semanas. Trump voltou a dizer que os EUA "foram aproveitados" por parceiros comerciais, mas que pretende "ganhar muito território".

Se confirmadas, as tarifas devem entrar em vigor a partir do dia 4 de março, quando expira o prolongamento do prazo anunciado pelo presidente americano. As tarifas incluem taxas de 25% sobre todas as importações mexicanas e canadenses, com uma exceção apenas da tarifa de 10% das importações de energia do Canadá. Fonte: Dow Jones Newswires.