'A disputa vai ser na construção de um centro à direita'

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Depois de tentar formar uma frente de centro contra os extremos na disputa presidencial de 2022, o empresário João Amoêdo, um dos seis "presidenciáveis" signatários de uma carta em defesa da democracia, da Constituição e contra o autoritarismo, foi convidado pelo Novo para disputar novamente o Palácio do Planalto em 2022. Nesta entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Amoêdo avalia que o "polo democrático" - que inclui também o governador João Doria (PSDB), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o ex-governador Ciro Gomes (PDT), o apresentador Luciano Huck e o ex-ministro Sérgio Moro (sem partido) - não tem hoje um nome à frente dos demais.

Um dia após seu nome ser lançado pelo Novo como candidato à Presidência, uma ala do partido lançou o deputado Tiago Mitraud (MG). O Novo está rachado?

Esse movimento é mais da bancada. O Novo sempre acompanhou o estatuto. A definição da candidatura é feita pelos diretórios estaduais e pelo nacional. São 40 pessoas que votam neste processo. Há duas semanas recebi um convite de 36 dos 40 para ser o pré-candidato. Depois de refletir bastante, dei a resposta. Do meu ponto de vista, a definição está dada.

O sr. estaria disposto a disputar prévias?

O convite que foi feito é para ser pré-candidato, não para disputar prévias. Em tese, o partido fez seleção, avaliou e os 20 diretórios fizeram essa definição.

O que muda em uma eventual candidatura sua? Foi um erro ter apelado ao antipetismo?

O antipetismo não foi um erro, mas a eleição ficou muito polarizada. O que muda na minha pré-candidatura é que vou começar sendo uma pessoa mais conhecida. Em 2018, eu praticamente nem aparecia nas pesquisas. Em 2022, o candidato do Novo poderá participar dos debates na TV. Temos um governador, uma bancada federal, estadual e vereadores. O partido é mais conhecido, e eu como pré-candidato também.

O governador de Minas, Romeu Zema, abandonou parte das bandeiras do Novo, como as privatizações. Ele não seguiu o programa do partido?

Ele fez uma boa gestão e melhorou as contas públicas. Montou uma boa equipe e atraiu investimentos, mas enfrentou dificuldades na Assembleia. As privatizações foram prejudicadas por isso. Ele tem a meta de privatizar pelo menos uma empresa, a Codemig, antes do fim do mandato. Se ele for reeleito, poderá completar esse processo. Ele de fato tem uma proximidade maior com o presidente. Entendo que ele faz isso de forma pragmática. Mas, se você observar as ações dele, em nenhum momento o Zema embarcou em teses malucas do presidente.

Zema apoiou a iniciativa de lançar outro nome à Presidência pelo Novo. O que achou?

Prezo o Novo como instituição e essa decisão cabe aos diretórios estaduais e ao diretório nacional.

O sr. assinou manifesto com outros presidenciáveis que buscavam uma terceira via de centro. Esse projeto fracassou?

Era muito difícil sair em um primeiro momento com uma candidatura única por vários motivos. O primeiro é que nenhum dos nomes está claramente à frente dos demais. Estão todos muito embolados. Com a margem de erro, estão todos empatados. Em segundo lugar, os calendários de todos estavam muito diferentes. Alguns com incertezas se vão sair ou não, como Sergio Moro e Luciano Huck, outros com indefinições partidárias, como é o caso do Doria, do Tasso e do Eduardo Leite. Teremos o lançamento de outras candidaturas e vou trabalhar para que elas tenham algumas pautas semelhantes. Lá na frente, espero que haja uma disposição de todos de se unir em torno de um candidato.

Essa união seria no 2° turno?

Talvez antes. Não acho ruim termos vários nomes se contrapondo ao Bolsonaro.

A pandemia compromete a narrativa liberal e obrigou uma ação mais forte do Estado?

Eu acho que não. Os países liberais foram os que saíram melhor da crise. No Brasil, a gente caiu na velha armadilha de ser um País que gasta muito e gasta mal. Nenhum privilégio ou benefício foi cortado na pandemia. Pelo contrário. O próprio presidente da República deu aumento para si e outros ministros. A agenda liberal não foi implementada na prática.

O crescimento do Lula e o aparente derretimento do Bolsonaro nas pesquisas vai levar a uma guinada do centro à direita?

Eu trabalho com o cenário mais provável de ter o PT no 2.° turno. A disputa vai ser na construção de um centro à direita. Esse foi um papel que, em tese, o PSDB representou lá atrás. Mas foi em tese só, porque muitas vezes as políticas deles foram próximas ao PT, com uma linha mais socialista. Bolsonaro apareceu com essa opção, mas não era. Ele era mais um populista sem projeto para o Brasil. Em 2022, vamos construir um polo mais liberal. Vamos ter um polo mais de centro direita para fazer frente ao Lula.

Como avalia o encontro dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso?

É um direito do Fernando Henrique, que já deu a sua contribuição e pode se encontrar com quem quiser. Mas não acho uma sinalização adequada do ponto de vista ético e de valores neste momento de um líder político.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."