PF aponta indícios de caixa 2 em campanha de líder do governo Bolsonaro no Senado

Política
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Ao indicar o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo Jair Bolsonaro na Casa, e seu filho, deputado Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE) pelo suposto recebimento de R$ 10,4 milhões em propinas, a Polícia Federal também apontou evidências de caixa 2 nas campanhas da dupla para as eleições 2012 e 2014. Segundo os investigadores, o 'recebimento clandestino de verbas' soma R$ 3,2 milhões em ambos os pleitos.

Além da omissão de prestação de contas à Justiça Eleitoral, os investigadores também apontaram suposta compra de apoio político por parte da família Bezerra, por isso pediram ao Supremo Tribunal Federal o compartilhamento do inquérito com a Procuradoria-Geral Eleitoral 'para ciência e adoção das providências que entender pertinentes'.

A indicação da delegada Andréa Pinho Albuquerque da Cunha consta no relatório de 300 páginas sobre a investigação aberta em 2017, a partir das delações de operadores financeiros pernambucanos alvo da Operação Turbulência - que investigou o acidente aéreo que matou o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), na campanha presidencial de 2014. Fernando Bezerra e seu filho foram alvos de um desdobramento de tal investigação, batizada Operação Desintegração, em setembro de 2019.

Ao abordar especificamente os indícios de abuso de poder econômico com a compra de apoio político, a PF diz que Fernando Bezerra e seu filho tinham um 'projeto de expansão política' pelo sertão pernambucano, se valendo 'de artifícios espúrios' para cumprir tal objetivo, 'desregulando a necessária isonomia entre os candidatos no sufrágio'. Os investigadores citam ao menos quatro transferências de valores a empresas ou pessoas ligadas a políticos expoentes nas regiões de interesse da família Bezerra.

A PF lembra que nas eleições de 2012, Fernando Bezerra Coelho Filho se candidatou à prefeitura de Petrolina, mas não foi eleito - 'a despeito de todos os recursos obtidos e de todas as despesas efetuadas à margem do conhecimento da Justiça Eleitoral'. Por outro lado, os investigadores apontam que 'não pairam dúvidas' de as compras de apoio político surtiram efeito já no pleito seguinte, em 2014, quando membros da família conquistaram vagas em distintas Casas Legislativas - Fernando Bezerra no Senado, Fernando Bezerra Coelho Filho na Câmara dos Deputados e Miguel de Souza Leão Coelho (neto do líder do governo no Senado) na Assembleia Legislativa estadual.

Já os indícios de caixa 2 são detalhados em segmento do relatório que descreve as imputações a Fernando Bezerra. A PF diz que as investigações 'demonstram veementemente' que o senador solicitou, por intermédio de Iran Padilha Modesto (pessoa de sua confiança), um empréstimo de R$ 1,5 milhão João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Eduardo Freire Bezerra Leite, delatores da Operação Turbulência. Segundo os investigadores, tais valores não foram declarados à Justiça Eleitoral, com exceção de uma doação de R$ 45 mil que partiu de uma concessionária cujo 'real dono' seria o próprio Fernando Bezerra.

Os valores teriam sido destinados, em parte, à campanha de Fernando Bezerra Coelho Filho ao cargo de Prefeito de Petrolina em 2012, bem como a outros candidatos de municípios localizados no sertão pernambucano, 'os quais compõem o seu curral eleitoral'. Além disso, os investigadores dizem que há 'provas cabais' de que o político omitiu, na prestação de contas de sua campanha ao Senado em 2014, receitas de R$ 1,8 milhão também oriundas dos delatores da 'Turbulência'.

COM A PALAVRA, OS ADVOGADOS ANDRÉ CALLEGARI E ARIEL WEBER, QUE REPRESENTAM FERNANDO BEZERRA E FERNANDO FILHO

"A defesa do senador Fernando Bezerra Coelho e do deputado federal Fernando Filho esclarece que o relatório final do Inquérito 4513 não passa de opinião isolada de seu subscritor, que, inclusive, se arvora em atribuições que sequer lhe pertencem, sem qualquer força jurídica vinculante. Essa investigação, nascida da palavras falsas de um criminoso confesso, é mais uma tentativa de criminalização da política, como tantas outras hoje escancaradas e devidamente arquivadas."

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."