40% dos policiais veem pauta dos extremistas como 'legítima'

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Quatro em cada dez agentes de segurança pública concordam total ou parcialmente que a pauta defendida pelos invasores das sedes dos três Poderes é "legítima e não atenta contra a democracia". O dado é de uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que consultou servidores das polícias civil, militar, científica e federal, de guardas municipais e do corpo de bombeiros de todo o País.

No enunciado feito aos policiais, a entidade perguntou se a depredação de prédios públicos promovida por extremistas é considerada condenável, mas com motivação legítima. A afirmação teve a adesão total de 19,4% dos entrevistados, e parcial de 20,5%. A tese se assemelha à de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que participaram dos atos de 8 de janeiro e condenaram o vandalismo, atribuindo os ataques a infiltrados.

Como mostrou o Estadão, policiais do Distrito Federal permitiram que manifestantes transitassem livremente pela Praça dos Três Poderes e chegaram a abandonar os postos para tomar água de coco. Vídeos captados pelas câmeras do Supremo Tribunal Federal (STF) mostram ainda que a Tropa de Choque desfez barreira no Congresso e facilitou a invasão à Corte.

Segundo a pesquisa do FBSP, 62,1% dos agentes concordam total ou parcialmente que os policiais que facilitaram a ação dos extremistas devem ser punidos; 17,3% discordam totalmente. Ainda de acordo com o levantamento, 55,7% consideram ter havido omissão no policiamento, e mais de 70% veem falhas de planejamento e comando.

O estudo mostra também que 58,9% disseram acreditar que a conduta dos policiais designados para as linhas de proteção dos prédios foi inadequada e sem o devido rigor para conter distúrbios; 61,7% pensam que o comando do Exército demorou para colaborar com a dissolução do acampamento montando na frente do Quartel-General de Brasília.

Nesta terça-feira, 31, o decreto de intervenção federal assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após os atos de vandalismo perde a validade. Ele foi adotado sob o argumento de se retomar o controle da segurança pública no Distrito Federal após a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

O emprego da Força Nacional de Segurança para auxiliar na proteção da ordem pública e do patrimônio público e privado vai até o dia 4 de fevereiro. Após o fim da intervenção, a segurança do Distrito Federal deixa de estar sob o comando de Ricardo Cappelli, representante do governo federal escalado por Lula, e volta à alçada do governo distrital.

Politização

Segundo o presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima, a pesquisa indica que os policiais entendem que existe uma contaminação dos quartéis com questões políticas. Ele afirmou que essa influência é maléfica às corporações, e que a quantidade de agentes que acham a pauta golpista legítima é sintoma disso.

"Isso prova que eles entendem que atrapalha, que a questão é política, mas, quando 40% acham que o pleito é legítimo, mostra que é preciso lutar para separar a política dos quartéis", disse. A pesquisa do FBSP ouviu ao todo 624 policiais em todos os Estados do País. A maior parte dos entrevistados são homens (545) e da Polícia Militar (374).

Como mostrou o Estadão, pesquisa anterior da mesma entidade apontou aumento de 29% do apoio a teses extremistas entre policiais militares entre 2020 e 2021, com adesão maior entre oficiais do que entre os praças.

A perspectiva de que há uma "contaminação" das forças de segurança pelo discurso político e partidário é predominante no último levantamento: 62,9% disseram acreditar que a politização atrapalha as atividades das corporações.

Os atos de vandalismo de 8 de janeiro geraram um clima de desconfiança do presidente Lula em relação às forças de segurança. Em café da manhã com jornalistas no último dia 12, o petista afirmou estar "convencido" de que as portas do Planalto foram "abertas" e disse ter havido "muita gente da Polícia Militar e das Forças Armadas conivente".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira, 1, que nomeará o secretário de Estado, Marco Rubio, como conselheiro interino de Segurança Nacional para substituir Mike Waltz, que foi indicado para ser embaixador dos EUA na ONU.

Trump anunciou as medidas logo após a divulgação da notícia de que Waltz e seu vice, Alex Wong, deixariam o governo.

"Tenho o prazer de anunciar que nomearei Mike Waltz como o próximo Embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas. Desde seu tempo de uniforme no campo de batalha, no Congresso e como meu Conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz tem se dedicado a colocar os interesses da nossa nação em primeiro lugar", escreveu Trump nas redes sociais.

"Enquanto isso, o Secretário de Estado Marco Rubio atuará como Conselheiro de Segurança Nacional, mantendo sua forte liderança no Departamento de Estado. Juntos, continuaremos a lutar incansavelmente para Tornar a América, e o mundo, seguros novamente."

Existe um precedente para o Secretário de Estado servir simultaneamente como Conselheiro de Segurança Nacional. Henry Kissinger ocupou ambos os cargos de 1973 a 1975.

Signalgate

Ex-deputado republicano da Flórida, Waltz ganhou atenção internacional em março após incluir por engano o editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, em um grupo na plataforma Signal que reunia várias autoridades do país e onde foram discutidos ataques militares de Washington contra os Houthis, no Iêmen.

Depois do papel no 'Signalgate', o conselheiro agora é acusado de deixar a conta no aplicativo Venmo aberta.

O aplicativo tem função de pagamento online, semelhante ao Paywall, mas com funções de redes sociais que permitem que os usuários curtam e compartilhem postagens. Ele está disponível somente nos Estados Unidos.

Decisão

Aliados do núcleo mais extremista de Trump, como Laura Loomer, já criticavam Waltz desde antes do Signalgate. Segundo Loomer, Waltz faz parte de uma ala do Partido Republicano que não está em sintonia com a agenda do presidente americano.

Trump tentou evitar a demissão de Waltz e apoiou o seu conselheiro depois do Signalgate, mas a pressão do núcleo duro do presidente fez a diferença.

Em seu primeiro mandato, Trump teve quatro conselheiros de Segurança Nacional, quatro chefes de gabinete da Casa Branca e dois secretários de Estado.

A mudança de Waltz de conselheiro de Segurança Nacional para indicado a embaixador na ONU significa que ele agora terá que enfrentar o processo de confirmação do Senado, que conseguiu evitar em janeiro.

O processo, que se mostrou difícil para várias das escolhas de Trump para o gabinete, dará aos congressistas, especialmente os democratas, a primeira chance de questionar Waltz sobre sua decisão de compartilhar informações sobre um iminente ataque aéreo americano no Signal./Com Associated Press