Câmara buscou ajuste fiscal, mas deixa legado de aumento de gastos

Política
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Projetos de lei sobre economia, Previdência, finanças, Orçamento e administração pública alcançaram protagonismo na legislatura da Câmara dos Deputados que se encerra nesta terça-feira. O predomínio das demandas financeiras convergiu com a promessa do ex-presidente Jair Bolsonaro de fazer um ajuste nas contas públicas, mas medidas tomadas durante o mandato resultaram, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, em um legado de descalabro fiscal pós-eleição.

A consolidação da pauta econômica no Legislativo se deu em meio a uma gestão marcada pela pandemia da covid-19. A emergência sanitária bloqueou a agenda ideológica vendida por Bolsonaro na campanha de 2018 e reforçou a necessidade de mudanças orçamentárias.

Ao todo, 931 projetos de lei voltados para a economia foram apresentados pelos parlamentares ao longo da legislatura - 49 foram aprovados e se transformaram em norma jurídica. O índice de conversão em lei é de 5,26%. Textos sobre finanças públicas e Orçamento, também econômicos, reuniram 2.823 projetos, com aprovação de 112, ou 3,97%. Temas como saúde, educação, defesa e segurança pública também foram destaque, mas com índices de conversão inferiores a 2,56%.

Os dados, de fevereiro de 2019 a dezembro de 2022, são de um levantamento do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), que segue a divisão temática da Câmara e considera propostas do governo federal, de deputados e senadores.

Para especialistas ouvidos pelo Estadão, a regulação da economia é uma dimensão central do Estado, e exercida pelo Poder Executivo, mas que dá protagonismo ao Legislativo por causa da necessidade de aprovação dessas propostas. Ela se tornou ainda mais representativa em uma legislatura marcada pela institucionalização do orçamento secreto - mecanismo revelado em série de reportagens do Estadão.

Os exemplos são emblemáticos, sobretudo aqueles que se deram por meio de Propostas de Emenda à Constituição, que exigem mais votos para aprovação. Na lista, estão a PEC que reformou a Previdência, em 2019, e a que turbinou benefícios sociais a três meses da eleição. Houve ainda a aprovação de marcos regulatórios, a privatização da Eletrobras e a independência do Banco Central.

Se, em alguns momentos, buscou-se equilibrar as contas públicas no início do mandato de Bolsonaro ou em meio à pandemia, em outros abriu-se espaço para contornar mecanismos como o teto dos gastos, de acordo com os analistas. Esses movimentos deixam um legado econômico de rombo.

Emendas

Marcos Mendes, pesquisador do Insper, disse que o Legislativo já tem apresentado uma pauta de desestruturação fiscal desde 2019. Ele destacou a criação de emendas impositivas, individuais e de bancada, além das emendas de relator - o orçamento secreto que posteriomente foi derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) -, como heranças negativas.

"O Congresso conseguiu se impor sobre o Executivo, amealhou muito poder e passou a ditar um momento de despesas que estourou o teto de gastos. O Executivo, por sua vez, também colaborou para este aumento", disse.

Para a cientista política da FGV Graziella Testa, a série de projetos aprovados com intuito eleitoreiro em 2022 pode dificultar a construção da governabilidade de Luiz Inácio Lula da Silva. "A dificuldade de se reencontrar um equilíbrio fiscal gera impacto de longo prazo e atinge a parcela mais pobre da população", afirmou. "Isso gera pressão sobre o atual governo, que vai precisar focar nessas pautas econômicas e encontrar acordos possíveis com o Congresso, que está mais à direita, para manter a saúde das contas públicas."

Já a economista do Insper Juliana Inhasz disse que é preciso avaliar as consequências do gasto. "A questão é saber como ele impacta a sociedade. Se é uma política que gera um custo revertido depois em aumento de saúde, educação e de estrutura, é algo positivo. O grande problema é quando se tem custos vazios", afirmou. Um exemplo é a redução do ICMS dos combustíveis, que pode tirar até R$ 21 bilhões da educação básica brasileira, além de prejudicar reajustes e bônus para professores, segundo estudos do setor.

Saúde

Por causa da pandemia, o tema campeão de projetos foi saúde, com 4.068 propostas apresentadas - 96 viraram lei. "Essa proliferação de iniciativas diz muito mais sobre o interesse do parlamentar sinalizar seu posicionamento do que sobre o resultado do processo legislativo, de maneira agregada, ou sobre a relação entre os Poderes Executivo e Legislativo", disse o cientista político Júlio Canello, do OLB.

No período, ficaram em segundo plano as pautas de costumes prometidas por Bolsonaro, como o fim do aborto legal, e os projetos armamentistas, que, sem sucesso na via legislativa, foram convertidos em decretos presidenciais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre Rússia e Venezuela foi "totalmente acordado" e está pronto para ser assinado. A declaração foi feita durante uma videoconferência com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em comemoração aos 80 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

"Estou satisfeito em anunciar que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre nossos países foi totalmente acordado", afirmou Putin. Segundo o líder russo, o pacto "criará uma base sólida para a expansão de nossos laços multifacetados a longo prazo" e poderá ser formalizado durante uma visita de Maduro à Rússia, em data ainda a ser definida.

Putin também convidou Maduro para as celebrações do 80º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica, em 9 de maio, em Moscou. O presidente russo destacou que a Venezuela apoiou a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, fornecendo combustíveis e outros materiais essenciais para o esforço de guerra.

Além disso, Putin ressaltou a convergência de posições entre os dois países em temas internacionais. "Juntos, nos opomos a qualquer manifestação de neonazismo e neocolonialismo. Agradecemos que a Venezuela apoie as iniciativas russas relevantes em fóruns multilaterais", afirmou. Ele acrescentou que ambos os países buscam "construir uma ordem mundial mais justa" e promover "a igualdade soberana dos Estados e a cooperação mutuamente benéfica sem interferência externa".

O presidente russo reafirmou ainda o compromisso de Moscou com Caracas. "A Rússia fará e continuará fazendo tudo o que for possível para tornar nossos esforços conjuntos nas esferas comercial, econômica, científica, técnica, cultural e humanitária ainda mais próximos e abrangentes", declarou.

Um grupo de democratas, liderado pelo líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, ajudou os republicanos para que projeto de lei para financiar o governo até setembro avançasse, evitando uma paralisação, mas deixando os democratas desanimados e profundamente divididos sobre como resistir à agenda agressiva do presidente Trump.

O parlamentar de Nova York e outros nove membros da bancada democrata romperam com a maioria de seu partido em uma votação processual para uma medida de financiamento de US$ 1,7 trilhão, levando a um placar de 62 a 38, acima do limite necessário de 60 votos para que um projeto de lei passe pelo Senado. Um republicano, o senador Rand Paul de Kentucky, votou não. Uma votação final é esperada para o final do dia.

Na votação final subsequente que exigiu apenas uma maioria simples, o Senado aprovou o projeto de lei por 54-46, em grande parte de acordo com as linhas partidárias. Agora, ele segue para sanção do presidente Donald Trump.

O resultado no Senado, onde os republicanos têm uma maioria de 53-47, ressaltou o quão pouco poder os democratas têm para resistir aos planos de Trump e alimentou a crescente frustração nas fileiras do partido sobre sua diretriz e liderança. Em seus primeiros 50 dias de mandato, Trump se moveu para cortar drasticamente a força de trabalho federal e controlar a ajuda externa, ao mesmo tempo em que preparava o cenário para um pacote de cortes de impostos, reduções de gastos e gastos maiores com defesa da fronteira.

Schumer, que enfrentou duras críticas de seu próprio partido ao longo do dia, disse que o projeto de lei do Partido Republicano era a melhor de duas escolhas ruins. Ele argumentou que bloquear a medida e arriscar uma paralisação teria permitido que Trump e o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), comandado por Elon Musk, acelerassem a reestruturação de agências federais, citando o poder da administração durante um gap de financiamento para determinar quais funcionários e serviços são essenciais ou não essenciais.

O Hamas disse nesta sexta-feira, 14, que aceitou uma proposta dos mediadores para libertar um refém americano-israelense vivo e os corpos de quatro pessoas de dupla nacionalidade que morreram em cativeiro. O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lançou dúvidas sobre a oferta, acusando o Hamas de tentar manipular as negociações em andamento no Catar sobre a próxima etapa do cessar-fogo em Gaza.

O grupo não especificou imediatamente quando a libertação do soldado Edan Alexander e dos quatro corpos aconteceria - ou o que espera receber em troca. Também não é claro quais mediadores propuseram o que o Hamas estava discutindo. O Egito, Catar e EUA têm orientado as negociações, e nenhum deles confirmou ter feito a sugestão até a noite de sexta-feira.

Autoridades dos EUA, incluindo o enviado Steve Witkoff, disseram que apresentaram uma proposta na quarta-feira para estender o cessar-fogo por mais algumas semanas enquanto os lados negociam uma trégua permanente. O gabinete de Netanyahu declarou que Israel "aceitou o esboço de Witkoff e mostrou flexibilidade", mas que o Hamas se recusou a fazê-lo.