Queiroga sugeriu diálogo sobre tratamento precoce e exaltou Bolsonaro na OMS

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sugeriu à Organização Mundial da Saúde (OMS) um diálogo sobre o tratamento precoce, método defendido pelo presidente Jair Bolsonaro mas sem eficácia comprovada contra a covid-19. A oferta de "convergência" em torno do tema foi citada por Queiroga em reunião no dia 3 de abril com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, por teleconferência, conforme documento enviado pelo Itamaraty à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Na mesma conversa, o chefe da pasta apresentou Bolsonaro como o "principal ativo" para o Brasil avançar no combate à pandemia.

O incentivo ao tratamento precoce é uma das linhas de investigação da CPI. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), diz já ter provas para responsabilizar o presidente Jair Bolsonaro pelo descontrole da pandemia no País, que se aproxima de 500 mil perdas pelo novo coronavírus. Além disso, ele justificou a oferta do tratamento precoce feita por Queiroga à OMS para incluir o atual ministro da Saúde como investigado na CPI. Em depoimento aos senadores, na semana passada, o ministro afirmou que o tratamento precoce não tem eficácia comprovada para covid.

"O dr. Queiroga notou que é preciso seguir avançando na harmonização das relações no Brasil para maior êxito na luta contra a COVID-19. Reiterando sua disposição para o diálogo, argumentou que a imprensa poderia ajudar a transmitir mensagens mais ponderadas ('não é hora de jogar gasolina na fogueira; é hora de apagar o incêndio'). Disse que a relação do Brasil com a OMS pode ser reforçada, mediante uma "colaboração forte" com o Ministério da Saúde. Sugeriu, inclusive, eventual diálogo da OMS e do Ministério com colegas médicos mesmo sobre áreas em que não haja convergência (momento em que mencionou o chamado 'tratamento precoce, sem eficácia comprovada')", diz o telegrama formulado pela Missão Permanente do Brasil em Genebra.

A reunião ocorreu menos de duas semanas após Queiroga assumir o Ministério da Saúde. Ele destacou ao diretor da OMS que estava se empenhando para dar exemplo quanto às medidas de saúde pública para enfrentar a pandemia. "Citou, nesse contexto, a importância de hábitos de higiene e de se evitar aglomerações fúteis", destaca o comunicado. No mesmo período, porém, Bolsonaro participou de eventos de inauguração promovendo aglomerações com apoiadores sem o uso de máscara.

Ainda na reunião, Queiroga avaliou que buscou interlocução com parlamentares brasileiros e, com 10 dias no cargo, "já pudera notar uma diminuição na 'pressão' e um crescente ambiente para diálogo e entendimento." O ministro afirmou ao diretor da OMS que o presidente Jair Bolsonaro era um "grande patriota" com preocupação em relação às consequências sociais e econômicas da pandemia, sobretudo para os mais vulneráveis, citando o auxílio emergencial pago a trabalhadores informais e desempregados.

"Notou que o Presidente Bolsonaro compreendera a eficácia das medidas de saúde pública para evitar a necessidade de um 'lockdown'. Para o ministro da Saúde, o mandatário, como "líder da Nação", seria o principal ativo para o Brasil avançar na resposta à emergência sanitária."

Na reunião, Queiroga reforçou o apelo para que o Brasil recebesse mais doses de vacinas. Sinalizou, ainda, a disposição para elevar o volume de doses do consórcio Covax Facility de 10% da população para 20%. No ano passado, porém, sob a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, o Brasil optou pelo porcentual mínimo, apesar de ter recebido uma oferta maior do consórcio.

O diretor da OMS, porém, ressaltou que vários países - e não só o Brasil - passavam por problemas para receber imunizantes devido à demanda global aos produtores. Tedros Ghebreyesus "reconheceu que as vacinas são parte importante da resposta, mas recordou que, segundo a OMS sempre sublinha, é preciso usar estratégia abrangente, com recurso a 'all measures'", citando medidas como distanciamento físico e uso de máscaras.

Para o relator da CPI, Queiroga "mentiu muito" ao falar na comissão e precisa ser investigado. "Ele finge que é ministro, defende o uso de máscara e o presidente diz que ele estará obrigado a fazer um decreto minimizando o uso de máscara. Defende autonomia concorrente dos Estados e o presidente da República entra, com a participação dele, contra essa autonomia concorrente", afirmou Renan.

Na avaliação de Renan, Bolsonaro continua induzindo pessoas à morte com respaldo do ministro da Saúde. "Ele (Queiroga) vai ter que ser investigado para que ele entenda que precisa parar com essa loucura, que ele não pode continuar, a pretexto do cargo que ocupa, a fazer essas atrocidades ou concordar com as atrocidades que são feitas diariamente pelo presidente da República", criticou.

Em outra categoria

O Departamento do Tesouro americano confirmou nesta quarta-feira, 30, a assinatura de um acordo para estabelecer o Fundo de Investimento para a Reconstrução da Ucrânia.

"Esta parceria econômica posiciona nossos dois países para trabalhar em colaboração e investir juntos para garantir que nossos ativos, talentos e capacidades mútuos possam acelerar a recuperação econômica da Ucrânia", diz o comunicado do departamento americano.

"Como disse o Presidente, os Estados Unidos estão comprometidos em ajudar a facilitar o fim desta guerra cruel e sem sentido. Este acordo sinaliza claramente à Rússia que o Governo Trump está comprometido com um processo de paz centrado em uma Ucrânia livre, soberana e próspera a longo prazo", afirma o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, no comunicado.

"E para deixar claro, nenhum Estado ou pessoa que financiou ou forneceu a máquina de guerra russa poderá se beneficiar da reconstrução da Ucrânia", pontua Bessent.

O Tesouro disse que tanto os Estados Unidos quanto o governo da Ucrânia estão ansiosos para operacionalizar rapidamente a parceria econômica histórica para os povos ucraniano e americano.

O acordo concederá aos EUA acesso privilegiado a novos projetos de investimento para desenvolver os recursos naturais ucranianos, incluindo alumínio, grafite, petróleo e gás natural, segundo informou a Bloomberg.

Acordo ocorre após semanas de negociações e tensões entre Washington e Kiev. Em 28 de fevereiro, o presidente e vice-presidente dos EUA, Donald Trump e JD Vance, discutiram, publicamente e em tom muito duro, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em uma transmissão ao vivo do Salão Oval da Casa Branca. O encontro frustrou a expectativa de assinatura de um acordo na ocasião. Após a discussão, o presidente ucraniano deixou o local.

No último fim de semana, em encontro paralelo ao funeral do papa Francisco, em Roma, Trump e Zelensky tiveram uma reunião.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira, 30, que o chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), Elon Musk, "pode ficar o quanto quiser no governo" e que ele "tem ajudado o país de maneira tremenda, mas quer voltar para casa, para seus carros" na Tesla.

As declarações foram feitas durante uma reunião de gabinete com a equipe do governo republicano.

Trump também afirmou que Musk tem feito "sacrifícios" pelo país e voltou a agradecer ao CEO da Tesla. "Esse cara tem sido tratado de maneira muito maldosa ultimamente. Mas saiba que os americanos estão do seu lado", declarou.

Musk, por sua vez, agradeceu a Trump, mas não comentou se continuará à frente do Doge.

O Paquistão afirmou nesta quarta-feira, 30, que possui "informações confiáveis" de que a Índia planeja realizar um ataque militar no país nas próximas 24 a 36 horas "sob o pretexto de alegações infundadas e inventadas de envolvimento" e prometeu responder "com muita veemência".

Não houve comentários imediatos de autoridades indianas, mas representantes do governo da Índia disseram que o primeiro-ministro do país, Narendra Modi, "deu total liberdade operacional às forças armadas para decidir sobre o modo, os alvos e o momento da resposta da Índia ao massacre de Pahalgam".

A tensões entre Índia e Paquistão têm aumentado, após um ataque mortal a turistas na Caxemira - região que é dividida entre Índia e Paquistão e reivindicada por ambos em sua totalidade - na semana passada. O lado indiano busca punir o Paquistão e acusa-o de apoiar o ataque em Pahalgam, o que o lado paquistanês nega.