CPI: médicos pró-cloroquina defendem autonomia para prescrever remédio anticovid

Política
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Os médicos Francisco Cardoso Alves e Ricardo Ariel Zimerman, convidados pela base do governo do presidente Jair Bolsonaro para falar à CPI da Covid, iniciaram seus depoimentos defendendo a autonomia dos médicos para aplicar medicamentos em pacientes de covid-19. O uso de remédios sem comprovação científica para a doença, como a cloroquina, patrocinado pelo chefe do Planalto, é uma das linhas de investigação da comissão.

Os dois médicos tentaram se distanciar de vinculações políticas com o governo Bolsonaro, pontuando que colaboraram com gestões anteriores, inclusive a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e defenderam a prescrição de remédios mesmo que a bula desses produtos não oriente a aplicação para covid-19.

"Em última instância, quando a gente está com paciente e na nossa frente, quem tem que dar satisfação para o familiar dele se ele for mal não é a OMS (Organização Mundial de Saúde), nem um coletivo, somos nós e nós fazemos isso com base na autonomia de medicação off label", afirmou Zimerman.

O presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), Francisco Eduardo Cardoso Alves, por sua vez, apresentou argumentos contra especialistas que alertam para os riscos de usos dos medicamentos como a cloroquina. Com orientação do Conselho Federal de Medicina (CFM), afirmou que o uso de remédio off label - ou seja, fora da bula - não é crime e pode se mostrar eficaz.

"O uso off label não é, nunca foi e nunca será prática ilegal, criminosa ou antiética, pois se trata de uso aprovado para comercialização no Brasil por responsabilidade única e intransferível do médico prescritor", disse Cardoso Alves. "A ciência não é fruto de consensos, isso não existe na ciência, em especial na ciência de fronteira, que analisa o novo, o desconhecido."

Cardoso Alves admitiu que colaborou na formulação de uma nota do Ministério da Saúde que orientou uso de medicamento à base de cloroquina ou hidroxicloroquina, associadas ao antibiótico azitromicina, desde o primeiro dia de sintomas da covid-19. O próprio ministro da pasta, Marcelo Queiroga, já afirmou que o tratamento precoce não tem eficácia comprovada, mas se recusou a tirar o documento do site do ministério.

O médico ouvido pela CPI nesta sexta-feira apontou "assédio coletivo" contra médicos que prescreveram medicamentos contra a covid-19, mas também criticou os testes "experimentais" com cloroquina conduzidos em Manaus, classificando a atuação como um "desastre científico". Para ele, termos como "negacionistas" podem ser usados no campo político, mas não no âmbito da ciência. Ele ainda declarou que, todos os dias, "milhares de pessoas" estão sendo salvas porque médicos usam sua autonomia para aplicar remédios.

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O Departamento do Tesouro americano confirmou nesta quarta-feira, 30, a assinatura de um acordo para estabelecer o Fundo de Investimento para a Reconstrução da Ucrânia.

"Esta parceria econômica posiciona nossos dois países para trabalhar em colaboração e investir juntos para garantir que nossos ativos, talentos e capacidades mútuos possam acelerar a recuperação econômica da Ucrânia", diz o comunicado do departamento americano.

"Como disse o Presidente, os Estados Unidos estão comprometidos em ajudar a facilitar o fim desta guerra cruel e sem sentido. Este acordo sinaliza claramente à Rússia que o Governo Trump está comprometido com um processo de paz centrado em uma Ucrânia livre, soberana e próspera a longo prazo", afirma o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, no comunicado.

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O Tesouro disse que tanto os Estados Unidos quanto o governo da Ucrânia estão ansiosos para operacionalizar rapidamente a parceria econômica histórica para os povos ucraniano e americano.

O acordo concederá aos EUA acesso privilegiado a novos projetos de investimento para desenvolver os recursos naturais ucranianos, incluindo alumínio, grafite, petróleo e gás natural, segundo informou a Bloomberg.

Acordo ocorre após semanas de negociações e tensões entre Washington e Kiev. Em 28 de fevereiro, o presidente e vice-presidente dos EUA, Donald Trump e JD Vance, discutiram, publicamente e em tom muito duro, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em uma transmissão ao vivo do Salão Oval da Casa Branca. O encontro frustrou a expectativa de assinatura de um acordo na ocasião. Após a discussão, o presidente ucraniano deixou o local.

No último fim de semana, em encontro paralelo ao funeral do papa Francisco, em Roma, Trump e Zelensky tiveram uma reunião.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira, 30, que o chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), Elon Musk, "pode ficar o quanto quiser no governo" e que ele "tem ajudado o país de maneira tremenda, mas quer voltar para casa, para seus carros" na Tesla.

As declarações foram feitas durante uma reunião de gabinete com a equipe do governo republicano.

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A tensões entre Índia e Paquistão têm aumentado, após um ataque mortal a turistas na Caxemira - região que é dividida entre Índia e Paquistão e reivindicada por ambos em sua totalidade - na semana passada. O lado indiano busca punir o Paquistão e acusa-o de apoiar o ataque em Pahalgam, o que o lado paquistanês nega.