Hallal: estudo sobre covid-19 por cor da pele e etnia foi censurado no Planalto

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal acusou o Palácio do Planalto de censurar a apresentação de um levantamento sobre o impacto da covid-19 por cor da pele e etnia no País, em julho do ano passado. Ele conduziu uma pesquisa bancada pelo governo federal que foi interrompida "sem justificativa técnica", de acordo com o pesquisador.

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quinta-feira, Pedro Hallal relatou que, 15 minutos antes da apresentação que faria sobre os resultados do estudo, foi informado pela assessoria de comunicação do governo que o slide sobre a covid por da pele e etnia não poderia ser exibido. "Este slide foi censurado. Faltando 15 minutos para eu começar a apresentação, fui informado pela assessoria de comunicação que o slide tinha sido retirado da apresentação da qual eu era o apresentador."

O levantamento de Hallal indicou que, entre maio e junho do ano passado, a infecção por covid-19 atingiu em média cinco vezes mais indígenas do que brancos e duas vezes mais os negros do que a população branca. No final de junho, a incidência da doença entre os indígenas era de 7,8% - enquanto que em brancos a ocorrência era de 1,7%. "Esse abismo foi censurado", afirmou o pesquisador.

Ainda de acordo com pesquisador, a decisão de não apresentar esses resultados partiu do então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, que participou da coletiva. "Antes que eu tenha outra informação, foi dele a decisão que aquele slide não pudesse ser apresentado", afirmou Hallal.

Depois da apresentação, o ex-ministro Eduardo Pazuello suspendeu o financiamento do estudo. "A explicação dada não tinha nenhum critério técnico. Ele disse que fariam outros estudos, que optaram por não continuar com aquele. Até hoje, na verdade, esses outros estudos não foram a campo. Não sabemos a realidade epidemiológica do coronavírus no Brasil", disse o epidemiologista.

Após o professor citar os números, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), afirmou que o levantamento do pesquisador subsidiou a decisão do Executivo de priorizar a vacinação da população indígena, que está quase 100% imunizada, de acordo com o parlamentar. Para o professor, porém, o governo deveria ter vacinado primeiro as populações mais pobres para depois imunizar os ricos, ao invés de considerar apenas a idade na distribuição.

Em outra categoria

O Escritório Federal para a Proteção da Constituição, serviço de inteligência nacional alemão, informou nesta sexta-feira, 2, que classificou o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), o segundo mais votado nas eleições nacionais de fevereiro, como uma organização "extremista de direita", o que coloca suas atividades sob uma vigilância mais ampla e rigorosa.

Segundo a agência, o partido é como uma ameaça à ordem democrática do país e "desrespeita a dignidade humana" - em particular pelo que chamou de "agitação contínua" contra refugiados e migrantes. A decisão da Alemanha, porém, corre o risco de alimentar as alegações de perseguição política do partido.

Os líderes do partido, Alice Weidel e Tino Chrupalla, classificaram a medida como "um duro golpe para a democracia alemã" e disseram que a classificação teve motivação política, o que o governo nega. "A AfD continuará a se defender legalmente contra essas difamações que colocam a democracia em risco", afirmaram Weidel e Chrupalla.

A agência reguladora de privacidade de dados da Irlanda multou o TikTok em cerca de US$ 600 milhões por não garantir que os dados de usuários enviados à China estejam protegidos de vigilância estatal, um golpe nos esforços da empresa para convencer os países ocidentais de que seu uso é seguro.

A Comissão Irlandesa de Proteção de Dados (CPI) divulgou nesta sexta-feira, 2, que o TikTok não conseguiu demonstrar que quaisquer dados de usuários enviados à China estão protegidos do acesso governamental sob as leis chinesas que abrangem questões como espionagem e segurança cibernética.

O órgão regulador irlandês, que lidera a aplicação da lei de privacidade da União Europeia (UE) para o TikTok, ordenou que o aplicativo de vídeos pare de transferir dados de usuários para a China dentro de seis meses se não puder garantir o mesmo nível de proteção que na UE.

O órgão regulador afirmou também que o TikTok admitiu no mês passado ter armazenado dados limitados de usuários europeus na China, apesar de ter negado anteriormente. O TikTok informou à agência que, desde então, excluiu esses dados. A CPI informou nesta sexta-feira que está discutindo com seus pares da UE se deve tomar novas medidas contra a empresa sobre o assunto.

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou que teve uma conversa com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na terça-feira passada e que combinaram um encontro na Casa Branca na próxima terça-feira, 6 de maio. Segundo o líder canadense, o foco das negociações serão tanto as pressões comerciais imediatas quanto o relacionamento econômico e de segurança futuro.

"Trump não mencionou o 51º Estado na ligação", disse Carney, em referência às falas do republicano de tornar o país-vizinho como mais um estado americano. "Não espero um acordo imediato na reunião em Washington. Espero conversas difíceis, mas construtivas, com Trump", acrescentou, ao classificar Trump como "um bom negociador".