'Binga', 'cocota': Debate de PL contra casamento homoafetivo vira festival de trocadilhos

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A discussão do projeto de lei que pretende vetar o casamento homoafetivo na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara, nesta terça-feira, 19, foi marcada por gritos e trocas de ofensas entre parlamentares. A proposta, que recebe o apoio da bancada conservadora e é rejeitada pelo governo, não foi votada pelos deputados após três horas de reunião. A análise foi adiada para a próxima semana.

 

Desde o início da sessão, parlamentares trocaram insultos. O presidente da Comissão, Fernando Rodolfo (PL-PE), chegou a suspender a reunião por cinco minutos e ameaçou chamar a Polícia Legislativa para retirar defensores dos direitos da comunidade LGBTQIA+. "Eu alertei várias vezes e não fui atendido, então eu peço a retirada", disse Rodolfo. Após a reação negativa por parte dos governistas, o presidente do colegiado desistiu de ordenar a saída das pessoas que assistiam à sessão.

 

Os deputados preferiram usar o seu tempo de fala para reproduzir trocadilhos com conotações sexuais, deixando as discussões sobre os preceitos constitucionais em segundo plano.

 

O deputado Marx Beltrão (PP-AL), defendeu que, apesar de "ser de direita e conservador", era contrário à proposta por defender a igualdade de direitos para todos os brasileiros. Ao citar a hipocrisia de companheiros da Câmara, Beltrão disse que a sessão contava com a presença de "leões que, entre quatro paredes, fazem sussurros de gatinho".

 

"Todos têm o mesmo direito, e é isso que a gente tem que debater aqui, os direitos das pessoas. Eu vejo aqui, presidente, muito discurso de muita forma machista, muitas vezes, discursos como se fossem leões e entre quatro paredes, esses mesmos leões, fazem sussurros de gatinhos", disse o deputado de Alagoas.

 

Em outro momento, o deputado Sargento Izidório (Avante-BA), ao defender a tese da heteronormatividade - que impõe que as pessoas devem se comportar de acordo com os papéis de cada gênero -, usou termos de conotação sexual e foi repreendido por governistas.

 

"Mesmo com as suas fantasias, homem, mesmo cortando a binga, não vai ser mulher. Mulher, tapando a cocota, se for possível, não será homem", afirmou Izidório.

 

Proposta foi adiada para a semana que vem

 

A proposta que foi discutida pela Câmara nesta terça é o PL 580/2007, que originalmente foi apresentado pelo ex-deputado Clodovil Hernandes, já falecido. Quando surgiu, o projeto pretendia alterar o Código Civil para reconhecer o casamento homoafetivo, já que, na época em que foi apresentado à Casa, não havia nenhuma garantia que reconhecesse a união entre pessoas LGBTQIA+.

 

Porém, o texto de Clodovil foi desvirtuado com o passar dos anos. Outros oito projetos foram vinculados à proposta original do ex-deputado, sendo que um deles "estabelece que nenhuma relação entre pessoas do mesmo sexo pode equiparar-se ao casamento ou a entidade família". Caso seja aprovada e se transforme em lei, a proposta não teria o poder de anular casamentos anteriores. O assunto ganhou as redes sociais nos últimos dias, com informações equivocadas.

 

Outro projeto incluído ao texto original chega a admitir a conversão da união estável entre pessoas do mesmo gênero em casamento civil, mas veda essa possibilidade às pessoas que realizaram troca de sexo por métodos cirúrgicos.

 

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, por unanimidade, a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Por mais que o casamento entre pessoas LGBTQIA+ não seja assegurado por lei, a decisão da Corte garante que esses casais tenham os mesmos direitos assegurados para heterossexuais.

 

Depois do tumulto na Comissão, o final da sessão desta terça acabou com um acordo entre o governo e a oposição. Os conservadores, que são a maioria no colegiado, aceitaram fazer uma audiência pública na próxima terça-feira, 26. Já a base se comprometeu a votar a proposta na quarta-feira, 27, sem novas obstruções.

Em outra categoria

Após vencer as eleições parlamentares da Groenlândia da terça-feira, 11, o Partido Demokraatit, de centro-direita, rejeitou nesta quarta, 12, as recentes pressões feitas pelo presidente americano, Donald Trump, para assumir o controle da ilha, que é um território autônomo da Dinamarca. Favorável a uma independência gradual de Copenhague, a legenda declarou que a Groenlândia não está a venda.

"Não queremos ser americanos. Também não queremos ser dinamarqueses. Queremos ser groenlandeses. E queremos nossa própria independência no futuro. E queremos construir nosso próprio país por nós mesmos, não com a esperança dele", disse o líder do partido Jens-Friederik Nielsen, à Sky News.

Trump tem mencionado abertamente o seu desejo de anexar a Groenlândia. Durante uma sessão conjunta no Congresso no dia 4 de março, o presidente americano afirmou que acreditava que Washington iria conseguir a anexação "de uma forma ou de outra".

Independência

Uma ruptura com a Dinamarca não estava na cédula, mas estava na mente de todos. A Groenlândia foi colonizada há 300 anos pela Dinamarca, que ainda exerce controle sobre a política externa e de defesa do país.

A ilha de 56 mil pessoas, a maioria de origem indígena, está caminhando para a independência desde pelo menos 2009, e os 31 legisladores eleitos moldarão o futuro da ilha enquanto o território debate se chegou a hora de declarar independência.

Quatro dos cinco principais partidos na corrida defendem a independência, mas discordaram sobre quando e como.

A legenda Naleraq ficou em segundo nas eleições. O partido deseja um processo mais rápido de independência, enquanto o Demokraatit favorece um ritmo mais moderado de mudança.

Uma vitória surpreendente

O Demokraatit ganhou quase 30% dos votos, em comparação com apenas 9% na eleição de quatro anos atrás, segundo a Greenlandic Broadcasting Corporation, enquanto Naleraq ficou em segundo lugar com quase 25%, acima dos quase 12% em 2021.

A vitória surpreendente do Demokraatit sobre partidos que governaram o território por anos indicou que muitos na Groenlândia se importam tanto com políticas sociais, como saúde e educação, quanto com geopolítica.

Nielsen, de 33 anos, pareceu surpreso com os ganhos de seu partido, com fotos mostrando-o ostentando um sorriso enorme e aplaudindo na festa eleitoral.

A emissora dinamarquesa DR relatou que Nielsen disse que seu partido entraria em contato com todos os outros partidos para negociar o futuro curso político para a Groenlândia.

A primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen parabenizou o Demokraatit e afirmou que o governo dinamarquês aguardaria os resultados das negociações de coalizão.

União

O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Bourup Egede convocou a votação em fevereiro, dizendo que o país precisava se unir durante um "momento sério" diferente de tudo que a Groenlândia já vivenciou.

Depois que os resultados foram conhecidos, Egede agradeceu aos eleitores em uma postagem no Facebook por comparecerem e disse que os partidos estavam prontos para recorrer às negociações para formar um governo.

Seu partido, o Inuit Ataqatigiit, ou United Inuit, recebeu 21% dos votos. Este é um declínio significativo em relação à última eleição, quando a legenda teve 36% dos votos, de acordo com a KNR TV.

O Inuit Ataqatigiit era amplamente esperado para vencer, seguido pelo Siumut. Os dois partidos dominaram a política da Groenlândia nos últimos anos.

O Siumut ficou em quarto lugar com 14% dos votos. (COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS)

O ex-presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, foi entregue à custódia do Tribunal Penal Internacional (TPI) nesta quarta-feira, 12, informou o órgão. Duterte tinha uma ordem de prisão emitida pelo TPI por supostos crimes durante sua campanha contra o tráfico de drogas.

"Hoje, 12 de março de 2025, Rodrigo Roa Duterte, nascido em 28 de março de 1945, foi entregue ao Tribunal Penal Internacional", disse o órgão, sediado em Haia, na Holanda, em comunicado.

O político foi preso no Aeroporto Internacional de Manila quando retornava de Hong Kong. "Após a chegada de Duterte, o promotor-geral apresentou a notificação do TPI para um mandado de prisão. Agora ele está sob a custódia das autoridades", afirmou um comunicado do governo das Filipinas.

O governo disse que o ex-líder de 79 anos estava em boa saúde e foi examinado por médicos ao ser detido e foi levado para Haia.

Duterte é investigado pelos assassinatos em massa que aconteceram durante seu governo em meio à repressão contra o comércio de drogas ilegais no país. O TPI começou a investigar o papel de Duterte na repressão violenta aos filipinos ainda em novembro de 2011, quando ele era prefeito da cidade de Davao. Duterte foi presidente do país entre 2016 e 2022.

O TPI vem investigando assassinatos em massa em repressões supervisionadas por Duterte desde que ele serviu como prefeito de Davao, uma cidade no sul das Filipinas. As estimativas do número de mortos na repressão sob Duterte como presidente variam, de mais de 6 mil que a polícia nacional relatou até 30 mil reivindicados por grupos de direitos humanos.

O mandado de prisão contra Duterte aponta que "há motivos razoáveis para acreditar que o ataque às vítimas foi generalizado e sistemático".

A prisão de Duterte foi necessária "para garantir seu comparecimento ao tribunal", de acordo com o documento de 7 de março.

Jurisdição

Duterte se tornou o primeiro ex-presidente asiático a ser preso pelo TPI. Advogados do ex-presidente questionam o mandado porque as Filipinas não fazem parte do tratado que permite a jurisdição do Tribunal.

O TPI extrai sua jurisdição do Estatuto de Roma, um documento atualmente assinado por 125 países. Logo após o anúncio do inquérito, Duterte afirmou que as Filipinas se retirariam do tratado, e o país deixou oficialmente o Tribunal em março de 2019.

O TPI alega que tem jurisdição porque as acusações datavam de quando as Filipinas ainda eram signatárias do tratado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que "espera que possamos obter um cessar-fogo da Rússia". "E se conseguirmos, acho que isso seria 80% do caminho para acabar com esse horrível banho de sangue" , disse Trump em entrevista concedida na Casa Branca, onde recebeu o primeiro-ministro da Irlanda, Micheal Martin, nesta quarta-feira, 12. O presidente dos EUA novamente fez ameaças veladas de atingir a Rússia com novas sanções. "Podemos, mas espero que não seja necessário", acrescentou Trump. Fonte: Associated Press.