Projeto que aumenta ICMS em MG opõe Zema a empresários que o apóiam

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), passou a enfrentar a oposição de entidades e empresários que o apoiaram na campanha eleitoral e são o principal pilar de sustentação política de seu governo. O setor pressiona para que ele desista da proposta de aumentar em dois pontos percentuais a alíquota de ICMS sobre bens considerados supérfluos, o que inclui bebidas alcoólicas, celulares, cosméticos, perfumes, cigarros e armas. O projeto de lei está em discussão na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Já se manifestaram contra o texto a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-MG) e a Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), que afirma representar 740 mil empresas. As entidades argumentam que o aumento vai prejudicar a competitividade das empresas mineiras na comparação com as de outros Estados e aumentar o preço dos produtos ao consumidor.

O governo de Minas Gerais estima que a elevação da alíquota arrecadará de R$ 800 milhões a R$ 1,2 bilhão por ano a partir de 2024. O recurso será destinado para o Fundo de Combate à Erradicação da Miséria (FEM). A proposta de Zema contraria a posição do Partido Novo, que publicou em seu site editorial intitulado "A melhor política social é o corte de gastos e impostos", no qual critica declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Zema afirmou nesta sexta-feira, 22, que a cobrança dos dois pontos percentuais foi realizada "durante muitos anos", incluindo no primeiro mandato dele, e que mesmo assim houve atrasos nos pagamentos dos fornecedores e servidores públicos estaduais.

"Isso demonstra a gravidade da nossa situação financeira. Sei que há pleitos, os respeito e tenho certeza de que os deputados tomarão uma decisão que atenda às necessidades da população, mas que também não inviabilize o fluxo de caixa do estado. Caso contrário, nós vamos ter seríssimas dificuldades", disse o governador mineiro em entrevista coletiva. Ele apresentou a proposta de aumentar o ICMS no final de agosto, pouco mais de um mês após sancionar a ampliação dos benefícios fiscais para locadoras de veículos no Estado.

Presidente da Fiemg, Flávio Roscoe é um dos empresários mais próximos a Zema, tendo sido responsável por ajudar na aproximação entre o governador e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em vídeo publicado nas redes sociais, ele declara que o "ideal" é que não haja aumento de imposto e pede que, ao menos, o governo revise a lista do que é considerado bem supérfluo, como creme dental e escova de dentes.

"Temos dialogado com nossa base parlamentar", disse, pedindo também para que, se aprovado, o aumento da alíquota vigore apenas até 2026. Pelo texto atual, a cobrança seria permanente. "Entendemos que a elevação da alíquota, e nossos estudos econômicos demonstram isso, no médio e longo prazo compromete a competitividade desses segmentos aqui no Estado, o que viria a reduzir a arrecadação futura", completou Roscoe.

A cobrança adicional de dois pontos percentuais de ICMS para financiar o FEM foi criada em 2011 no governo de Antonio Anastasia, à época no PSDB. Desde então, foi renovada por todos os governadores, inclusive o próprio Zema em 2019. Porém, ele não conseguiu a renovação dentro do prazo necessário no ano passado e a alíquota extra deixou de ser cobrada neste ano.

Nadim Donato, da Fecomércio-MG, afirma que a entidade apoia o governo Zema. "Esse é um momento, não que [a relação] estremeceu, mas não quer dizer que a Federação do Comércio de Minas, porque apoia o governo Zema, vai aceitar todas as propostas que vem do governo", disse. Frank Sinatra, da FCDL-MG, adota linha similar. "Não temos nada contra o governo, temos contra o aumento de tributação", declarou.

Ração para pet será retirada da lista de bens supérfluos

Apesar da pressão, o único ponto que Zema cedeu até o momento foi retirar as rações para pet do texto. Assim, mesmo se o projeto for aprovado, a cobrança de ICMS sobre o item permanecerá com a alíquota atual de 18%. Os demais produtos variam: cervejas passariam de 23% para 25%, enquanto armas, cigarros, perfumes e refrigerantes teriam alíquota de 27%.

"Existem alguns consensos na Casa", disse o presidente da ALMG, Tadeu Martins Leite (MDB), na quinta-feira, 21. "A questão da ração não ser considerada bem supérfluo. Isso (o aumento neste item) será retirado do texto por todos os deputados e deputadas. As outras emendas serão analisadas na comissão para que a gente tente votar esse projeto na semana que vem", acrescentou.

Governador também enfrenta dificuldades na ALMG

Zema corre contra o tempo: a proposta precisa virar lei até o dia 3 de outubro para que o aumento do ICMS possa ser cobrado já a partir de 1º de janeiro de 2024. No limite, o texto precisa ser aprovado e sancionado até o fim do ano. Caso contrário, a cobrança só poderá ser feita a partir de 2025.

Mesmo com o apoio, pelo menos no papel, de 57 dos 77 deputados estaduais, o governador tem enfrentado dificuldades para colocar o projeto em votação. Uma reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária para analisar emendas ao texto foi suspensa na quinta-feira por falta de acordo sobre o texto e remarcada para segunda-feira, 25. Apenas após essa fase o projeto poderá ser votado em 1º turno.

Vice-líder da oposição, Lucas Lasmar (Rede) questiona a destinação que o governo Zema tem dado aos recursos do FEM. Segundo ele, 40% dos recursos do fundo foram direcionados para o transporte escolar, 22% para a categoria "outros serviços e pessoas jurídicas", e 17% com contribuições e contratações na MGS, estatal do governo de Minas. "É um desvio de finalidade sem precedentes", declarou.

Veja os produtos elencados no projeto:

- Cervejas sem álcool e bebidas alcoólicas, exceto aguardentes de cana ou de melaço;

- Cigarros, exceto os embalados em maço, e produtos de tabacaria;

- Armas;

- Refrigerantes, bebidas isotônicas e bebidas energéticas;

- Rações tipo pet; (será retirada)

- Perfumes, águas-de-colônia, cosméticos e produtos de toucador, exceto xampus, preparados antissolares e sabões de toucador de uso pessoal;

- Alimentos para atletas;

- Telefones celulares e smartphones;

- Câmeras fotográficas ou de filmagem e suas partes ou acessórios;

- Equipamentos para pesca esportiva, exceto os de segurança; e

- Equipamentos de som ou de vídeo para uso automotivo, inclusive alto-falantes, amplificadores e transformadores.

Em outra categoria

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou no domingo, 2, que a guerra entre Rússia e Ucrânia "ainda está muito, muito longe de acabar". As declarações de Zelenski ocorreram depois de um bate-boca com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na sexta-feira, 28, sobre o futuro do conflito. O presidente ucraniano também afirmou que está confiante em uma manutenção do relacionamento entre Kiev e Washington.

"Acho que nosso relacionamento com os EUA continuará, porque é mais do que um relacionamento ocasional", disse Zelenski no domingo à noite, referindo-se ao apoio de Washington nos últimos três anos de guerra. "Acredito que a Ucrânia tem uma parceria forte o suficiente com os Estados Unidos para manter a ajuda militar e econômica", disse ele em um briefing em ucraniano.

O presidente ucraniano se mostrou otimista, apesar da briga diplomática entre países ocidentais que têm ajudado a Ucrânia com equipamentos militares e ajuda financeira. A reviravolta dos eventos é indesejável para a Ucrânia, cujo Exército está tendo dificuldade na luta contra os russos.

Zelenski participou de uma cúpula com líderes europeus em Londres no final de semana. O consenso é que a Europa terá que aumentar o seu financiamento militar e econômico a Ucrânia.

A Europa desconfia dos motivos e da estratégia de Trump para acabar o conflito. Friedrich Merz, o provável próximo chanceler da Alemanha, disse nesta segunda-feira, 3, que não acreditava que a discussão no Salão Oval fosse espontânea.

Merz apontou que assistiu à cena repetidamente. "Minha avaliação é que não foi uma reação espontânea às intervenções de Zelenski, mas aparentemente uma escalada induzida nesta reunião no Salão Oval", disse Merz. "Eu defenderia que nos preparássemos para ter que fazer muito, muito mais pela nossa própria segurança nos próximos anos e décadas", disse ele.

O político alemão afirmou que estava "surpreso" com o tom da discussão, mas que houve "uma certa continuidade no que estamos vendo de Washington no momento".

Trump rebate Zelenski

Após a declaração de Zelenski, Trump rebateu o presidente ucraniano. "Esta é a pior declaração que poderia ter sido feita por Zelenski e os EUA não vão tolerar isso por muito mais tempo!", disse o presidente americano em uma publicação em sua plataforma Truth Social.

"É o que eu estava dizendo, esse cara não quer que haja Paz enquanto ele tiver o apoio dos Estados Unidos", destacou Trump. O presidente americano também afirmou que a Europa não tem capacidade de fornecer ajuda militar suficiente para dar uma chance a Kiev em sua luta contra Moscou. "A Europa, na reunião que teve com Zelenski, declarou categoricamente que não pode fazer o trabalho sem os EUA. Está não é uma grande declaração para ser feita em termos de demonstração de força contra a Rússia".

Discussão

O bate-boca entre Trump e Zelenski começou durante uma reunião aberta para a imprensa no Salão Oval na sexta-feira. O republicano cumprimentou o presidente ucraniano com um aperto de mãos antes de fazer uma piada sobre seu traje de estilo militar. Durante o encontro, o presidente dos Estados Unidos pediu que a Ucrânia aceitasse "concessões".

Zelenski, por sua vez, exigiu que não houvesse condescendência com o presidente russo, a quem chamou de "assassino", e mostrou fotos da guerra iniciada há três anos, após a invasão de seu país. De repente, o tom mudou. O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, interveio, defendendo a "diplomacia" - o pontapé da discussão.

Após o diálogo tenso, Trump publicou um comunicado em suas redes sociais no qual disse que o ucraniano Volodmir Zelenski não está pronto para uma paz que envolva a participação americana. "Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje. Aprendemos muito que jamais poderia ser entendido sem uma conversa sob tanto fogo e pressão", escreveu o presidente em sua plataforma de mídia social, o Truth Social.

"É incrível o que se revela por meio da emoção, e determinei que o presidente Zelenski não está pronto para a paz se os Estados Unidos estiverem envolvidos, porque ele acha que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações. Não quero vantagem, quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz."

Em meio à discussão, a planejada assinatura de um acordo entre os Estados Unidos e Ucrânia sobre minerais raros não aconteceu, segundo um assessor de imprensa da Casa Branca. O acordo que seria assinado permitiria que os Estados Unidos tivessem acesso recursos do subsolo ucraniano, como exigiu Trump, em compensação pela ajuda militar e financeira desembolsada nos últimos três anos.(Com AP)

Um motorista invadiu uma zona de pedestres na cidade de Mannhein, no sudoeste da Alemanha, e atropelou dezenas de pessoas que celebravam o carnaval nesta segunda-feira, 3, segundo a polícia. Uma pessoa morreu.

A polícia da cidade, que fica a 80 quilômetros de Frankfurt e perto da fronteira com a França, disse ainda que um suspeito foi preso. A polícia também pediu que os moradores locais permanecessem em casa.

Testemunhas ouvidas pela agência de notícias Reuters disseram que várias pessoas foram vistas caídas no chão após o atropelamento e que duas delas estavam sendo reanimadas pelas equipes de emergência.

A multidão atropelada participava de um desfile de rua de carnaval, que é celebrado em diversas regiões na Alemanha, ainda de acordo com a imprensa local.

O incidente ocorreu quando multidões se reuniam em cidades de várias regiões, incluindo a Renânia, na Alemanha, para desfiles que marcavam a temporada de carnaval.

Este é o segundo ataque como esse na Alemanha em menos de um mês. Em fevereiro, um motorista afegão atropelou dezenas de pessoas em Munique. O ataque, considerado terrorista pelas autoridades alemãs, matou mãe e filha e deixou diversas pessoas feridas.

A polícia estava em alerta máximo para os desfiles de carnaval deste ano depois que contas nas redes sociais ligadas ao grupo terrorista Estado Islâmico fizeram apelos para ataques durante os eventos nas cidades de Colônia e Nuremberg. Não foram registrados incidentes nessas cidades. (Com agências internacionais)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma publicação na Truth Social nesta segunda-feira, 3, e disse que "amanhã à noite será grandioso", sem dar detalhes a que se referia. A publicação acontece em meio a negociações de paz para a guerra entre Rússia e Ucrânia, e às vésperas das tarifas contra Canadá e México entrarem em vigor.

Minutos antes, Trump publicou na sua conta na Truth Social que "o único presidente que não deu nenhuma terra da Ucrânia para a Rússia de Putin é o presidente Donald J. Trump". "Lembre-se disso quando os democratas fracos e ineficazes criticam, e as fake news alegremente divulgam qualquer coisa que eles dizem!", acrescentou.

Na sexta-feira, 28, o republicano recebeu o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, na Casa Branca, porém os líderes tiveram uma discussão que resultou no cancelamento da reunião na qual se previa a assinatura de um acordo envolvendo minerais ucranianos. Após o ocorrido, Zelenski disse que o acordo está pronto para ser assinado e sinalizou que busca retomar as negociações com os EUA. Traders circulam a informação de que o presidente americano pode anunciar investimentos nesta semana.P