Promotoria acusa vereadores de São Sebastião por contratação de 457 apadrinhados

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O juiz Vitor Hugo Aquino de Oliveira, da 1ª Vara Cível de São Sebastião, instou cinco vereadores e três ex-parlamentares da Câmara da cidade do litoral paulista a se defenderem em uma ação de improbidade administrativa que os acusa de usar royalties do petróleo para 'sustentar cabos eleitorais' em cargos de comissão com 'altíssimos salários' na Casa Legislativa municipal.

Segundo o Ministério Público de São Paulo, os parlamentares acionados foram responsáveis pela aprovação de um projeto de lei em 2019 e a consequente criação de 457 cargos em comissão, gerando um acréscimo de R$ 3.082.669,00 por mês ao erário municipal. Multiplicando o valor por 13 - referente ao salário de 12 meses mais o 13º - o órgão chegou a uma despesa anual de mais de 40 milhões, sem contar férias, auxílios transporte e alimentação.

A Promotoria pede que os parlamentares sejam condenados a devolverem aos cofres públicos todas as verbas pagas aos comissionados, fora a multa civil prevista na lei de improbidade, de duas vezes o valor do dano (no mínimo R$ 40.074.697,00). Além disso, a ação pede uma indenização por danos morais coletivos de R$ 1 milhão.

A intimação foi assinada no último dia 10 e endereçada a oito pessoas na mira no processo movido pelo Ministério Público estadual: Daniel Simões da Costa; Edivaldo Pereira Camois, o Teimoso; Elias Rodrigues de Jesus, o Pastor Elias; José Reis de Jesus Silva; Maurício Bardusco Silva; Paulo Matias Filho; Pedro Renato da Silva; e Reinaldo Alves Moreira.

A Promotoria diz que as despesas criadas pelos vereadores acionados são 'inconstitucionais, pois os cargos não servem para chefia, assessoramento ou direção, mas, sim, para mera execução próprias dos cargos de execução'. Para o MP, 'em conluio com o então chefe do Poder Executivo', os vereadores aprovaram o projeto de lei 'com o propósito de causar dano ao Erário Sebastianense'.

"Os cargos servem exclusivamente para pagar salários, tornando os cargos um fim em si mesmo, permitindo que o Chefe de Poder, com a "caneta" para colocar este ou aquele indivíduo na folha de pagamento do orçamento municipal, garantindo uma ou mais reeleições", diz o órgão.

O Ministério Público diz ainda que o texto foi aprovado em 2019 mesmo após o órgão questionar três outras lei anteriores, com teor similar, editadas em Sebastião, criando 'cargos em comissão a esmo, sem que houvesse respaldo fático e jurídico para sustentá-los'.

Nessa linha, a ação de improbidade sustenta 'altíssimo grau de desprezo' dos vereadores pelas das decisões do Tribunal de Justiça que derrubaram normas semelhantes editadas pelo município.

"Os réus se negaram a cumprir a legislação, mesmo após expresso comando decorrente de ação direta de inconstitucionalidade e em ações de improbidade administrativa, ambas precedidas de recomendação administrativa expedida pelo Ministério Público", diz a ação.

O texto argumenta que os vereadores, 'ao invés de substituir os cargos em comissão por cargos efetivos, optaram por outra vez anuir e concorrer para a criança de novos cargos em comissão, eivados do mesmo vício de inconstitucionalidade'. "Propositura dolosa que configura improbidade administrativa e que deve ser sancionada e extirpada", argumenta o MP.

A avaliação da Promotoria é a de que os vereadores causaram 'danos de ordem moral' à sociedade de São Sebastião, uma vez que 'valendo-se de expedientes ilegais, criaram cargos em desrespeito às regras constitucionais com o fito de beneficiar sua base política'. "Tem-se um dano coletivo a toda população sebastianense e adjacências que teve seu direito constitucional à probidade administrativa inteiramente fragilizado", diz o MP.

COM A PALAVRA, OS VEREADORES

Até a publicação deste texto, a reportagem busca contato com os parlamentares, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação.

Em outra categoria

O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou cortar o financiamento federal a "qualquer faculdade, escola ou universidade que permita protestos ilegais". Em sua conta na Truth Social, Trump afirmou que "agitadores serão presos ou enviados permanentemente de volta ao país de onde vieram. Estudantes americanos serão expulsos permanentemente ou, dependendo do crime, presos."

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs nesta terça-feira, 4, um plano de 800 bilhões de euros, nomeado "REARM Europe", para fortalecer as defesas das nações da União Europeia (UE), visando diminuir o impacto de um possível "desengajamento" dos Estados Unidos e fornecer à Ucrânia força militar para negociar com a Rússia, após a pausa da ajuda americana aos ucranianos.

O pacote ainda será apresentado aos 27 líderes da união. Na quinta-feira, 6, os representantes europeus realizarão uma reunião de emergência em Bruxelas para tratar sobre o assunto. "Não preciso descrever a grave natureza das ameaças que enfrentamos", disse von der Leyen. Fonte: Associated Press.

O Ministério das Relações Exteriores, em nota divulgada nesta segunda-feira (3), lamentou a suspensão da entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza por Israel. "O governo brasileiro deplora a decisão israelense de suspender a entrada de ajuda humanitária em Gaza, que exacerba a precária situação humanitária e fragiliza o cessar-fogo em vigor", diz o texto do Itamaraty.

Israel interrompeu a entrada de todos os bens e suprimentos na Faixa de Gaza no domingo (2) e advertiu sobre "consequências adicionais" caso o Hamas não aceite uma nova proposta para estender o cessar-fogo.

O Itamaraty diz que o Brasil pede a "imediata reversão da medida", recordando que "Israel tem obrigação - conforme reconhecido pela Corte Internacional de Justiça em suas medidas provisórias de 2024 - de garantir a prestação de serviços básicos essenciais e assistência humanitária à população de Gaza, sem impedimentos". A nota afirma ainda que a obstrução deliberada e o uso político da ajuda humanitária constituem grave violação do direito internacional humanitário.

O governo brasileiro defende que as partes promovam o estrito cumprimento dos termos do acordo de cessar-fogo e o engajamento nas negociações "a fim de garantir cessação permanente das hostilidades, retirada das forças israelenses de Gaza, libertação de todos os reféns e estabelecimento de mecanismos robustos para ingresso de assistência humanitária desimpedida, previsível e na necessária escala."