Advogada é demitida após revelação de que ela burlou regra da Câmara para atuar como assessora

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A advogada Roberta Gomes Cunha Lima foi demitida da Câmara dos Deputados na última quarta-feira, 8, após o Estadão revelar que ela atuava como secretária parlamentar do deputado federal Ruy Carneiro (Podemos-PB) ao mesmo tempo em que mantém empresa pessoal para trabalhar como consultora em seu Estado de origem, o que viola regras estabelecidas pelo Legislativo. A ex-servidora recebia R$ R$ 7.677,15 brutos na função.

Roberta afirmou que foi ela quem pediu para deixar a Casa (veja abaixo). Antes da exoneração, a advogada negou qualquer irregularidade na contratação e disse que trabalhava de acordo com a demanda. O deputado disse que a então assessora era atuante e que atuava em "assuntos gerais".

A advogada manteve vínculo com a Câmara dos Deputados entre fevereiro de 2019 até a última quarta-feira, segundo dados do Poder Legislativo. Depois de ser contratada junto à Casa, Roberta abriu um escritório unipessoal de advocacia, em 2020, o que esbarra nas exigências da Câmara.

O cargo até então ocupado por Roberta no Poder Legislativo pode ser exercido em Brasília ou no Estado político do parlamentar. No entanto, a regra da Câmara aponta situações que impedem a nomeação do servidor. Entre elas, ser "proprietário de firma individual" ou gerente e administrador de empresas de qualquer tipo.

Em contato com o Estadão, na última semana, Roberta disse que não havia impedimento para atuação na Câmara. "Eu não tenho impedimento de assumir o cargo como secretária parlamentar até porque não presto o serviço jurídico para ele. Assim sendo, para que fique mais claro: Roberta (CPF) é secretária parlamentar e não jurídica do deputado Ruy. Roberta Gomes Advocacia (CNPJ) presta consultoria jurídica. Serviços totalmente diferentes e sem impeditivo legal", afirmou a advogada ao tentar se defender.

Advogada disse que não registrava carga horária

A Câmara dos Deputados exige o cumprimento de 40 horas semanais dos funcionários ocupantes do cargo de secretário parlamentar em Brasília ou no Estado de origem do parlamentar.

Roberta, no entanto, disse não registrar o horário. "Eu trabalho de acordo com o que a demanda requer. Sejam 4, 8, 12, 40, 60 (horas), não importa. E não preciso 'bater ponto'. Esse eu faço no travesseiro, que pouco me encontra e quando encontra, é no sossego da consciência tranquila", afirmou quando questionada pela reportagem sobre que horas trabalha para o deputado.

O Estadão mostrou também que Roberta foi contratada pela Prefeitura de Campina Grande sem licitação. Ela é casada com o secretário de Cultura do município, Ronaldo Cunha Lima Filho, primo do prefeito Bruno Cunha Lima (PSD). O valor do contrato é de R$ 121 mil.

De acordo com o Diário Oficial da Paraíba, o serviço prestado é de treinamentos "técnico jurídico especializado de consultoria" para servidores que atuam no setor de mobilidade urbana do município. Roberta afirmou que o trabalho contratado é para ensinamentos sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), uma legislação em vigor há cinco anos.

O Estadão entrou em contato com Roberta, que disse ter sido ela quem pediu para deixar o Legislativo. "Com a convicção plena da legalidade do meu contrato com a Câmara, solicitei à Mesa Diretora um parecer técnico sobre a questão. Mas, enquanto este parecer não fica pronto, e para evitar qualquer uso político do tema, solicitei, por decisão minha própria, a exoneração do gabinete do deputado. Tenho certeza de que o parecer será favorável e, por isso mesmo, estarei, como estou hoje, apta a desempenhar minhas funções de assessora na Câmara dos Deputados", afirmou a advogada.

O deputado Ruy Carneiro também foi procurado para comentar a demissão da servidora, mas não retornou aos contatos da reportagem.

Em outra categoria

O Departamento do Tesouro americano confirmou nesta quarta-feira, 30, a assinatura de um acordo para estabelecer o Fundo de Investimento para a Reconstrução da Ucrânia.

"Esta parceria econômica posiciona nossos dois países para trabalhar em colaboração e investir juntos para garantir que nossos ativos, talentos e capacidades mútuos possam acelerar a recuperação econômica da Ucrânia", diz o comunicado do departamento americano.

"Como disse o Presidente, os Estados Unidos estão comprometidos em ajudar a facilitar o fim desta guerra cruel e sem sentido. Este acordo sinaliza claramente à Rússia que o Governo Trump está comprometido com um processo de paz centrado em uma Ucrânia livre, soberana e próspera a longo prazo", afirma o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, no comunicado.

"E para deixar claro, nenhum Estado ou pessoa que financiou ou forneceu a máquina de guerra russa poderá se beneficiar da reconstrução da Ucrânia", pontua Bessent.

O Tesouro disse que tanto os Estados Unidos quanto o governo da Ucrânia estão ansiosos para operacionalizar rapidamente a parceria econômica histórica para os povos ucraniano e americano.

O acordo concederá aos EUA acesso privilegiado a novos projetos de investimento para desenvolver os recursos naturais ucranianos, incluindo alumínio, grafite, petróleo e gás natural, segundo informou a Bloomberg.

Acordo ocorre após semanas de negociações e tensões entre Washington e Kiev. Em 28 de fevereiro, o presidente e vice-presidente dos EUA, Donald Trump e JD Vance, discutiram, publicamente e em tom muito duro, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em uma transmissão ao vivo do Salão Oval da Casa Branca. O encontro frustrou a expectativa de assinatura de um acordo na ocasião. Após a discussão, o presidente ucraniano deixou o local.

No último fim de semana, em encontro paralelo ao funeral do papa Francisco, em Roma, Trump e Zelensky tiveram uma reunião.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira, 30, que o chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), Elon Musk, "pode ficar o quanto quiser no governo" e que ele "tem ajudado o país de maneira tremenda, mas quer voltar para casa, para seus carros" na Tesla.

As declarações foram feitas durante uma reunião de gabinete com a equipe do governo republicano.

Trump também afirmou que Musk tem feito "sacrifícios" pelo país e voltou a agradecer ao CEO da Tesla. "Esse cara tem sido tratado de maneira muito maldosa ultimamente. Mas saiba que os americanos estão do seu lado", declarou.

Musk, por sua vez, agradeceu a Trump, mas não comentou se continuará à frente do Doge.

O Paquistão afirmou nesta quarta-feira, 30, que possui "informações confiáveis" de que a Índia planeja realizar um ataque militar no país nas próximas 24 a 36 horas "sob o pretexto de alegações infundadas e inventadas de envolvimento" e prometeu responder "com muita veemência".

Não houve comentários imediatos de autoridades indianas, mas representantes do governo da Índia disseram que o primeiro-ministro do país, Narendra Modi, "deu total liberdade operacional às forças armadas para decidir sobre o modo, os alvos e o momento da resposta da Índia ao massacre de Pahalgam".

A tensões entre Índia e Paquistão têm aumentado, após um ataque mortal a turistas na Caxemira - região que é dividida entre Índia e Paquistão e reivindicada por ambos em sua totalidade - na semana passada. O lado indiano busca punir o Paquistão e acusa-o de apoiar o ataque em Pahalgam, o que o lado paquistanês nega.