Delegados pedem que Lula não exclua 'nenhum artigo' da Lei Orgânica das Polícias Civis

Política
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Em meio à crise da segurança pública e a violência que predomina nos grandes centros urbanos, com a escalada de facções criminosas, as principais entidades de categorias de policiais civis divulgaram nesta terça-feira, 21, manifesto ao presidente Lula, por meio do qual 'clamam' que 'não haja nenhum veto' a qualquer dispositivo da Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis, aprovado pelo Congresso. O texto promove importantes alterações na estrutura e na organização da instituição à qual cabe o papel de Polícia Judiciária dos Estados.

Também assegura aos policiais civis um conjunto de direitos há muito almejados como, por exemplo, recebimento de hora extra e o direito de se aposentarem com a totalidade da remuneração de seu último cargo, além de reajustes nos mesmos percentuais concedidos ao pessoal na ativa.

Os delegados classificam a aprovação do projeto como um 'marco histórico'. No manifesto ao Planalto, eles ponderam que o conteúdo da lei foi 'objeto de ampla discussão suprapartidária, com a sociedade civil e com o Governo, sendo alinhados e ajustados os pontos que exigiam reformulação'.

O projeto de lei 4503/2023 prevê retoques decisivos no arcabouço jurídico das Polícias Civis e atende reivindicações das categorias que compõem a corporação.

"A Lei Orgânica das Polícias emerge num contexto em que a segurança pública enfrenta desafios complexos e em constante evolução", alerta a delegada Raquel Gallinati, pós-graduada em Ciências Penais, em Direito de Polícia Judiciária e em Processo Penal, mestre em Filosofia e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil.

VEJA O QUE MUDA NA ROTINA DA POLÍCIA CIVIL

Conheça pontos importantes do texto da nova Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis:

- Em situações de morte do policial civil por agressão, doença ocupacional, contaminação por moléstia grave ou em razão da função policial, os dependentes terão direito a pensão (vitalícia, no caso do cônjuge), equivalente à remuneração do cargo da classe mais elevada e nível à época do falecimento.

- Os policiais civis terão direito a indenização por periculosidade, insalubridade em casos de exposição a agentes nocivos ou risco de contágio, atividade em local de difícil acesso, sobreaviso, escalas extraordinárias de serviço, trabalho noturno, uniformes e equipamentos, além de licença de três meses a cada cinco anos de efetivo exercício de atividade policial.

- O projeto estipula que a carga horária será de 8 horas diárias e 40 horas semanais, com direito a recebimento de horas extras.

- Dentre as competências da polícia civil, destacam-se a apuração de crimes, cumprimento de mandados de prisão, busca e apreensão e outras ordens judiciais relacionadas a investigações criminais, execução de atividades de polícia judiciária civil, preservação de locais de ocorrência de crimes, identificação civil e execução de perícias oficiais, caso o órgão central de perícia criminal esteja integrado em sua estrutura.

- O quadro de servidores da Polícia Civil é composto por três cargos efetivos, todos de nível superior, considerados carreiras típicas de Estado e preenchidos por meio de concurso público.

- O texto estabelece diretrizes gerais para os concursos da polícia civil, como a inclusão de etapas de títulos e prova oral para os concursos de delegado, além de parâmetros para pontuação do tempo de serviço como policial. Também determina que as leis estaduais e do Distrito Federal devem prever a realização periódica de concursos.

- A promoção dentro da carreira ocorrerá com base em critérios de antiguidade, tempo de serviço na carreira e merecimento.

- O projeto ainda estabelece princípios e diretrizes institucionais básicos, como a proteção da dignidade humana e dos direitos fundamentais, preservação do sigilo da investigação, respeito à hierarquia e à disciplina, imparcialidade na investigação, uso diferenciado da força para a preservação da vida e redução do sofrimento e dos danos, entre outros. Algumas diretrizes de atuação são definidas, incluindo atuação especializada e qualificada, atendimento imediato e permanente à população, e padronização de procedimentos.

COM A PALAVRA, OS POLICIAIS

"A sanção presidencial das Leis Orgânicas das Polícias Civis e das Polícias Militares e Bombeiros Militares será um marco histórico que significará a maior reforma estruturante da segurança pública do país desde a promulgação da Constituição Federal de 1988", afirmam as entidades de policiais civis.

O documento é subscrito também por uma entidade de caráter militar estadual - a Federação Nacional das Entidades Militares Estaduais. Além dela, assinam a carta a Lula a Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, a Confederação Brasileira dos Trabalhadores Policiais Civis e a Federação Nacional dos Peritos Papiloscópicos.

As principais entidades policiais do Brasil uniram-se em um histórico manifesto, enfatizando a urgência da sanção presidencial para a aprovação da Lei Orgânica das Polícias do Brasil. "Este marco legislativo é ansiado há muito pela comunidade policial, representando não apenas uma atualização nas estruturas organizacionais, mas também um reconhecimento crucial da importância e complexidade do trabalho dos profissionais da segurança pública."

O documento destaca 'a importância da Lei Orgânica, abordando temas como valorização profissional, condições de trabalho dignas e a garantia de direitos e deveres dos policiais'.

Na avaliação das entidades de policiais, a nova legislação 'visa fortalecer a integração entre as diferentes corporações, promovendo uma atuação conjunta e eficiente no combate à criminalidade'.

A delegada Raquel Gallinati considera que 'a modernização das estruturas legais é necessária para atender às demandas da sociedade e fornecer às forças policiais as ferramentas adequadas para realizar seu trabalho com excelência'.

O manifesto à Presidência destaca que a participação ativa das entidades policiais no processo de construção da Lei Orgânica, evidencia o comprometimento da categoria na busca por uma legislação que atenda não apenas aos anseios dos profissionais, mas também promova uma segurança pública eficaz e alinhada aos princípios democráticos'.

"A expectativa das entidades é que o Presidente da República compreenda a relevância dessa legislação para o aprimoramento das instituições policiais e, consequentemente, para a segurança e bem-estar da população", pontua Raquel.

A carta ressalta a 'confiança na sensibilidade do Poder Executivo para sancionar esse projeto tão aguardado, marcando assim um capítulo fundamental na história das polícias brasileiras'.

LEIA O MANIFESTO DOS POLICIAIS A LULA

Sua Excelência Sr. Luís Inácio Lula da Silva

Exmo. Presidente da República

As entidades de classe de âmbito nacional, subscritoras do presente manifesto respeitosamente dirigido a V.Exa., clamam para que não haja nenhum veto a qualquer dispositivo da Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis, diante de seu conteúdo ter sido objeto de ampla discussão suprapartidária, com a sociedade civil e com o Governo, sendo alinhados e ajustados os pontos que exigiam reformulação.

Justamente pelo consenso exaustivamente angariado e consolidado, o texto do projeto da Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis não teve qualquer alteração de mérito no Senado, sendo aprovado à unanimidade com apoio do Governo.

A sanção presidencial das Leis Orgânicas das Polícias Civis e das Polícias Militares e Bombeiros Militares será um marco histórico que significará a maior reforma estruturante da segurança pública do país desde a promulgação da Constituição Federal de 1988.

Por todo o exposto e na certeza de que será um reconhecimento da dignidade de centenas de milhares de policiais civis de todo país, conclamamos pela sanção do Projeto de lei 4503/2023 na sua inteireza.

Manifestamos por derradeiro nossa confiança, estima e respeito.

Brasília, novembro de 2023.

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Prestes a completar 100 dias de governo com a aprovação em queda, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou novos decretos com foco na imigração e nas polícias nesta segunda-feira, 28. Uma das ordens do republicano mira nas "cidades santuário", status que limita a cooperação para prisões e deportações de imigrantes sem documentos.

O presidente ordenou que a procuradora-geral, Pam Bondi, e a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, publiquem uma lista com as "cidades santuário" e adotem "todas as medidas legais" contra aquelas que continuarem se opondo às políticas contra imigração. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que essas cidades "obstruem" a aplicação da lei.

Em outro decreto assinado nesta segunda-feira, Trump determinou que o governo forneça apoio jurídico aos policiais acusados de irregularidades. Além de revisar as restrições para atuação das polícias e equipá-las com aparatos militares. Karoline Leavitt, disse que ordem deve "liberar as forças de segurança dos Estados Unidos para perseguir criminosos".

O terceiro decreto reforça as regras já existentes que exigem que os motoristas de caminhão profissionais tenham proficiência em inglês. A ordem de Trump afirma que esse "deve ser um requisito de segurança inegociável para motoristas profissionais."

Trump assinou os decretos um dia antes de completar 100 dias de governo. A Casa Branca programou uma série de eventos ao longo da semana para promover as ações do presidente, começando pela repressão contra imigração.

'Cidades santuário' na mira

À medida que tenta acelerar as deportações, a Casa Branca tem se mostrado cada mais irritada com as cidades que limitam ou bloqueiam a cooperação para a prisão de imigrantes sem documentos.

O governo já processou a cidade de Rochester, em Nova York, acusando as autoridades locais de obstruir ilegalmente a aplicação das leis sobre imigração.

O prefeito Malik Evans e o presidente da Câmara Municipal Miguel Meléndez, ambos democratas, criticaram a ação. "O que se vê na denúncia é mais teatro político do que prática jurídica", disseram em nota na sexta-feira. "A cidade de Rochester está comprometida em investir seus recursos na segurança pública para todos, e não em fazer o trabalho de fiscalização de imigração do governo federal."

O Departamento de Justiça também entrou com ação contra uma juíza de Milwaukee, detida na semana passada, acusada de obstruir a prisão de um imigrante.

Mesmo antes dos novos decretos, o Departamento de Segurança Interna já revisava bilhões de dólares em subsídios a cidades e estados, para garantir que estivessem em acordo com as prioridades do governo em matéria de imigração.

Um juiz federal de San Francisco bloqueou temporariamente a suspensão de verbas federais para cidades e condados que não cooperassem com as autoridades de imigração.

Assessores de Trump veem as "cidades santuário" como um dos principais obstáculos para a deportação em massa que o republicano prometeu em campanha.

Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, acusou governadores e prefeitos democratas de travarem uma "guerra" contra as autoridades federais. Segundo ele, democratas estariam permitindo que "imigrantes ilegais saíssem livres para estuprar e matar".

Tom Homan, o "czar da fronteira", disse mais cedo que o governo já realizou 139 mil deportações - abaixo do ritmo registro no último ano do governo Joe Biden. Ele disse que os números seriam mais altos, mas que havia menos pessoas para deportar porque as travessias na fronteira caíram significativamente.

"Estou satisfeito com o número? Ele é bom", disse. "Eu leio na mídia: 'Ah, as deportações do ICE estão atrás das do governo Biden.' Bem, por quê? Porque eles contavam também as remoções de fronteira."

Homan disse ainda que, a partir de terça-feira, o governo vai começar a exigir que imigrantes sem documentos a partir dos 14 anos se registrem e forneçam impressões digitais, sob pena de possível processo criminal. (Com agências internacionais).

O Partido Liberal do primeiro-ministro Mark Carney venceu a eleição federal do Canadá, encerrando uma reviravolta impulsionada pelas ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à economia e à soberania do Canadá. A disputa opôs o primeiro-ministro ao candidato conservador Pierre Poilievre.

Liderados por Carney, os liberais devem conquistar mais assentos na Câmara dos Comuns que os conservadores. Ainda não está definido se os liberais irão liderar um governo minoritário ou majoritário, já que os votos continuavam sendo contados.

As ameaças de Trump sobre tarifas e suas sugestões de que o Canadá deveria se tornar o 51º Estado dos EUA mudaram o rumo da disputa, já que as pesquisas mostravam Pierre Poilievre e seu Partido Conservador com liderança confortável há apenas alguns meses.

No discurso de vitória diante de apoiadores em Ottawa, Carney enfatizou a importância da unidade canadense diante das ameaças de Washington. "Como venho alertando há meses, os Estados Unidos querem nossa terra, nossos recursos, nossa água, nosso país", disse. "Essas não são ameaças vazias. O presidente Trump está tentando nos destruir para que os Estados Unidos possam nos dominar. Isso nunca... jamais acontecerá", acrescentou.

Quem é Mark Carney?

Mark Carney, ex-governador do Banco Central canadense, se tornou primeiro-ministro do Canadá após a renúncia de Justin Trudeau em janeiro deste ano. Em março, ele venceu com mais de 85% dos votos dos membros do Partido Liberal para assumir a função.

Carney tem 60 anos. Nasceu em Fort Smith, nos Territórios do Noroeste do Canadá, em 16 de março de 1965, e foi criado em Edmonton, Alberta. Sua esposa, Diana, nasceu no Reino Unido, e o casal tem quatro filhas.

Carney comandou o Banco do Canadá de 2008 a 2013 e o Banco da Inglaterra de 2013 a 2020. Após ajudar o Canadá a lidar com os piores impactos da crise financeira de 2008, foi recrutado para se tornar o primeiro não-britânico a chefiar o Banco da Inglaterra desde sua fundação em 1694.

Carney possui cidadania canadense, britânica e irlandesa. Ele está em processo para manter apenas a cidadania canadense - o que não é exigido por lei, mas é considerado uma decisão politicamente prudente.

Em 2020, começou a atuar como enviado especial das Nações Unidas para ação climática e finanças.

Carney é ex-executivo do Goldman Sachs. Trabalhou por 13 anos em Londres, Tóquio, Nova York e Toronto antes de ser nomeado vice-presidente do Banco do Canadá em 2003. Até o momento, ele não tinha experiência em política.

Formação acadêmica

Carney tem bacharelado em Economia pela Universidade de Harvard (1988) e mestrado e doutorado em Economia pela Universidade de Oxford. (Com informações da Associated Press).

O presidente da China, Xi Jinping, defendeu o fortalecimento de políticas para promover o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial (IA) para ampliar a independência do país no setor de maneira "benéfica, segura e justa". O comentário foi realizado em uma reunião do Politburo na tarde de sexta-feira, 25, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira, 29.

O encontro discutiu medidas focadas no desenvolvimento e na regulação de IA.

Em seu discurso, Xi pediu que as autoridades concentrem esforços coordenados para avançar na construção de infraestrutura computacional, promovam o compartilhamento de recursos de dados, façam a integração de políticas sobre direito de propriedade intelectual, encontrem novos talentos na área, entre outros.

O presidente chinês também defendeu o uso de incentivos fiscais e melhor nivelamento financeiro para o campo de ciência e tecnologia.