Lula critica Zema: 'Não veio em nenhuma reunião (sobre dívida), só manda o vice'

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pela ausência em reuniões realizadas para discutir a dívida dos Estados com o governo federal. A fala do presidente ocorreu durante encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que apresentou uma proposta diferente da defendida por Zema para solucionar a dívida de R$ 160 bilhões de Minas com a União.

"Eu estou na Presidência há 10 meses e de vez em quando eu ouço o (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad falar que tem tentado discutir a dívida dos Estados com os governadores. É importante lembrar que o governador de Minas Gerais não compareceu a nenhuma reunião. Ele manda o vice", disse Lula em um vídeo gravado durante a reunião.

"Eu espero que daqui para frente o governador compareça para conversar com o ministro da Fazenda. Eu quero ajudar, o governo federal quer ajudar. Nós queremos dialogar e resolver o problema. Eu só espero que haja boa vontade do governador de fazer um acordo que seja razoável aos olhos da sociedade mineira e do povo brasileiro", continuou Lula.

Procurado, o governo Zema ainda não se posicionou sobre as declarações de Lula. O governador é esperado para um encontro com Pacheco na tarde de quarta-feira, 22, no qual será apresentada a proposta do presidente do Senado para a dívida de Minas Gerais

O governador mineiro não se reuniu com o presidente da República até o momento. Na segunda-feira, 20, ele foi até Brasília na expectativa de conseguir uma brecha na agenda de Lula para discutir a situação das contas públicas, mas acabou se encontrando apenas com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT).

"Essa dívida não é só de Minas. Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Goiás também enfrentam problema semelhante. E se fosse fácil, ela já teria sido resolvida há muito tempo. No meu governo, não fizemos um centavo de endividamento. Só temos pagado juros da dívida. Se a dívida, hoje, está grande, é porque ela foi feita lá atrás", disse ele em vídeo gravado após o encontro.

Nas duas vezes que esteve com Lula, Zema estava acompanhado dos demais 26 governadores em agendas institucionais: após os atos golpistas de 8 de janeiro e no final do mesmo mês para apresentar as obras prioritárias de cada Estado. Naquela ocasião, Zema foi convidado para almoçar com o presidente, mas preferiu retornar a Minas Gerais para inaugurar uma biblioteca pública.

Desde então, porém, o governador se reuniu com Fernando Haddad em maio para pedir mudanças nas regras do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) junto com outros governantes estaduais. No início de novembro, o vice-governador Mateus Simões (Novo-MG) se juntou a outros governadores do Sul e do Sudeste e foi à Brasília pedir a Haddad que o governo federal alterasse a fórmula de correção da dívida estadual.

"Vou colocar a equipe para estudar a proposta com a maior diligência possível. É uma proposta séria, formulada por homens sérios que querem o bem de Brasil e de Minas Gerais", disse Haddad no vídeo. "Mas o melhor de tudo é a iniciativa. Vir resolver o problema, enfrentá-lo de forma definitiva, isso que para nós é uma coisa válida", acrescentou o ministro da Fazenda.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), que é aliado de Pacheco, também criticou a proposta do governador. "Queremos que esse novo projeto equacione a dívida do estado de uma vez por todas, e não apenas a empurre para frente, como foi proposto pelo governo mineiro. Vamos recuperar Minas sem privatizar as empresas, sem prejudicar os servidores públicos e os serviços para o povo", escreveu ele nas redes sociais após a reunião com Lula.

Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Tadeu Leite (MDB) elogiou a postura do governo federal e também a intermediação feita por Pacheco. "Não tenho dúvida que o governo do Estado terá boa vontade de se sentar à mesa, não para resolver o Regime de Recuperação Fiscal, mas esse problema histórico da dívida de Minas Gerais", disse ao Estadão.

Pacheco quer federalização de estatais de Minas Gerais

Rodrigo Pacheco tem aproveitado o vácuo na relação entre o governo de Minas e o governo federal para tentar viabilizar uma proposta alternativa à do governador. Zema propõe privatizar a Codemig, estatal que explora nióbio, cortar despesas e conceder apenas duas recomposições salariais até 2032 aos servidores públicos. Mesmo assim, a projeção do próprio governo estadual é que a dívida aumente dos atuais R$ 160 bilhões para R$ 210 bilhões ao final deste período.

A proposta do presidente do Senado é que Minas Gerais repasse sua participação em estatais, como a Cemig (energia elétrica), Copasa (saneamento básico) e Codemig (exploração de nióbio) para abater a dívida. A sugestão é que haja uma cláusula de recompra pelo prazo de até 20 anos. Além disso, o governo do Estado cederia para a União parte do que receberá pela repactuação do acordo com a Samarco pelo rompimento da barragem de Mariana, em 2015. Neste caso, o governo federal se comprometeria a investir os recursos no Estado.

Pacheco não falou publicamente em valores, mas o Estadão apurou que a ideia é que Minas Gerais transfira ao governo federal de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões do que tiver direito pela repactuação. Também seria antecipado o pagamento pela União dos R$ 8,7 bilhões que Minas Gerais tem direito a receber como compensação pela Lei Kandir. O dinheiro seria utilizado no pagamento da dívida. Pelas regras atuais, esse montante só seria pago integralmente em 2037.

Por fim, Pacheco mencionou ainda a apresentação de um projeto de lei complementar para criar um novo programa de renegociação de dívidas, que ele chamou de "REFIS dos Estados". Esse programa seria uma alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), criado no governo Michel Temer (MDB), e por meio do qual Zema tenta renegociar a dívida de Minas Gerais com a União.

O presidente do Senado quer que o percentual da dívida pago pelos Estados seja aplicado também como desconto. No exemplo dado por ele, se Minas quitar 50% da dívida global, receberia 50% de desconto sobre o saldo remanescente. A dívida restante seria parcelada em 12 anos.

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Prestes a completar 100 dias de governo com a aprovação em queda, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou novos decretos com foco na imigração e nas polícias nesta segunda-feira, 28. Uma das ordens do republicano mira nas "cidades santuário", status que limita a cooperação para prisões e deportações de imigrantes sem documentos.

O presidente ordenou que a procuradora-geral, Pam Bondi, e a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, publiquem uma lista com as "cidades santuário" e adotem "todas as medidas legais" contra aquelas que continuarem se opondo às políticas contra imigração. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que essas cidades "obstruem" a aplicação da lei.

Em outro decreto assinado nesta segunda-feira, Trump determinou que o governo forneça apoio jurídico aos policiais acusados de irregularidades. Além de revisar as restrições para atuação das polícias e equipá-las com aparatos militares. Karoline Leavitt, disse que ordem deve "liberar as forças de segurança dos Estados Unidos para perseguir criminosos".

O terceiro decreto reforça as regras já existentes que exigem que os motoristas de caminhão profissionais tenham proficiência em inglês. A ordem de Trump afirma que esse "deve ser um requisito de segurança inegociável para motoristas profissionais."

Trump assinou os decretos um dia antes de completar 100 dias de governo. A Casa Branca programou uma série de eventos ao longo da semana para promover as ações do presidente, começando pela repressão contra imigração.

'Cidades santuário' na mira

À medida que tenta acelerar as deportações, a Casa Branca tem se mostrado cada mais irritada com as cidades que limitam ou bloqueiam a cooperação para a prisão de imigrantes sem documentos.

O governo já processou a cidade de Rochester, em Nova York, acusando as autoridades locais de obstruir ilegalmente a aplicação das leis sobre imigração.

O prefeito Malik Evans e o presidente da Câmara Municipal Miguel Meléndez, ambos democratas, criticaram a ação. "O que se vê na denúncia é mais teatro político do que prática jurídica", disseram em nota na sexta-feira. "A cidade de Rochester está comprometida em investir seus recursos na segurança pública para todos, e não em fazer o trabalho de fiscalização de imigração do governo federal."

O Departamento de Justiça também entrou com ação contra uma juíza de Milwaukee, detida na semana passada, acusada de obstruir a prisão de um imigrante.

Mesmo antes dos novos decretos, o Departamento de Segurança Interna já revisava bilhões de dólares em subsídios a cidades e estados, para garantir que estivessem em acordo com as prioridades do governo em matéria de imigração.

Um juiz federal de San Francisco bloqueou temporariamente a suspensão de verbas federais para cidades e condados que não cooperassem com as autoridades de imigração.

Assessores de Trump veem as "cidades santuário" como um dos principais obstáculos para a deportação em massa que o republicano prometeu em campanha.

Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, acusou governadores e prefeitos democratas de travarem uma "guerra" contra as autoridades federais. Segundo ele, democratas estariam permitindo que "imigrantes ilegais saíssem livres para estuprar e matar".

Tom Homan, o "czar da fronteira", disse mais cedo que o governo já realizou 139 mil deportações - abaixo do ritmo registro no último ano do governo Joe Biden. Ele disse que os números seriam mais altos, mas que havia menos pessoas para deportar porque as travessias na fronteira caíram significativamente.

"Estou satisfeito com o número? Ele é bom", disse. "Eu leio na mídia: 'Ah, as deportações do ICE estão atrás das do governo Biden.' Bem, por quê? Porque eles contavam também as remoções de fronteira."

Homan disse ainda que, a partir de terça-feira, o governo vai começar a exigir que imigrantes sem documentos a partir dos 14 anos se registrem e forneçam impressões digitais, sob pena de possível processo criminal. (Com agências internacionais).

O Partido Liberal do primeiro-ministro Mark Carney venceu a eleição federal do Canadá, encerrando uma reviravolta impulsionada pelas ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à economia e à soberania do Canadá. A disputa opôs o primeiro-ministro ao candidato conservador Pierre Poilievre.

Liderados por Carney, os liberais devem conquistar mais assentos na Câmara dos Comuns que os conservadores. Ainda não está definido se os liberais irão liderar um governo minoritário ou majoritário, já que os votos continuavam sendo contados.

As ameaças de Trump sobre tarifas e suas sugestões de que o Canadá deveria se tornar o 51º Estado dos EUA mudaram o rumo da disputa, já que as pesquisas mostravam Pierre Poilievre e seu Partido Conservador com liderança confortável há apenas alguns meses.

No discurso de vitória diante de apoiadores em Ottawa, Carney enfatizou a importância da unidade canadense diante das ameaças de Washington. "Como venho alertando há meses, os Estados Unidos querem nossa terra, nossos recursos, nossa água, nosso país", disse. "Essas não são ameaças vazias. O presidente Trump está tentando nos destruir para que os Estados Unidos possam nos dominar. Isso nunca... jamais acontecerá", acrescentou.

Quem é Mark Carney?

Mark Carney, ex-governador do Banco Central canadense, se tornou primeiro-ministro do Canadá após a renúncia de Justin Trudeau em janeiro deste ano. Em março, ele venceu com mais de 85% dos votos dos membros do Partido Liberal para assumir a função.

Carney tem 60 anos. Nasceu em Fort Smith, nos Territórios do Noroeste do Canadá, em 16 de março de 1965, e foi criado em Edmonton, Alberta. Sua esposa, Diana, nasceu no Reino Unido, e o casal tem quatro filhas.

Carney comandou o Banco do Canadá de 2008 a 2013 e o Banco da Inglaterra de 2013 a 2020. Após ajudar o Canadá a lidar com os piores impactos da crise financeira de 2008, foi recrutado para se tornar o primeiro não-britânico a chefiar o Banco da Inglaterra desde sua fundação em 1694.

Carney possui cidadania canadense, britânica e irlandesa. Ele está em processo para manter apenas a cidadania canadense - o que não é exigido por lei, mas é considerado uma decisão politicamente prudente.

Em 2020, começou a atuar como enviado especial das Nações Unidas para ação climática e finanças.

Carney é ex-executivo do Goldman Sachs. Trabalhou por 13 anos em Londres, Tóquio, Nova York e Toronto antes de ser nomeado vice-presidente do Banco do Canadá em 2003. Até o momento, ele não tinha experiência em política.

Formação acadêmica

Carney tem bacharelado em Economia pela Universidade de Harvard (1988) e mestrado e doutorado em Economia pela Universidade de Oxford. (Com informações da Associated Press).

O presidente da China, Xi Jinping, defendeu o fortalecimento de políticas para promover o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial (IA) para ampliar a independência do país no setor de maneira "benéfica, segura e justa". O comentário foi realizado em uma reunião do Politburo na tarde de sexta-feira, 25, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira, 29.

O encontro discutiu medidas focadas no desenvolvimento e na regulação de IA.

Em seu discurso, Xi pediu que as autoridades concentrem esforços coordenados para avançar na construção de infraestrutura computacional, promovam o compartilhamento de recursos de dados, façam a integração de políticas sobre direito de propriedade intelectual, encontrem novos talentos na área, entre outros.

O presidente chinês também defendeu o uso de incentivos fiscais e melhor nivelamento financeiro para o campo de ciência e tecnologia.