Governistas elogiam indicação de Dino ao STF, e aliados de Bolsonaro pedem rejeição no Senado

Política
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A indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repercutiu nesta segunda-feira, 27, entre governistas e opositores nas redes sociais. Parlamentares aliados de Lula e ministros do governo elogiaram a escolha feita pelo petista, enquanto a oposição criticou a postura de Dino perante o Congresso Nacional e lançou um abaixo-assinado contra o nome dele.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), parabenizou Dino. Ele também elogiou a indicação do subprocurador-geral da República Paulo Gonet Filho para o comando do Ministério Público Federal (MPF), também feita por Lula nesta segunda.

"Ambos profundos conhecedores da ciência do Direito e comprometidos com os princípios democráticos e com a boa relação entre os poderes da República", afirmou no X (antigo Twitter).

O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, disse que a decisão de Lula reforçava o compromisso de Dino e Gonet. "Desejo muita sorte e sucesso!"

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que Dino e Gonet possuem uma "grande competência técnica e experiência na vida pública". O ministro afirmou também que vai trabalhar para garantir a aprovação dos nomes na sabatina da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) e no plenário do Senado.

Líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) disse que Dino esteve presente em momentos em que a "democracia esteve sob ameaça". "Tenho certeza de que cumprirá sua missão no Supremo com amor, dedicação e sem medo - atributos indispensáveis aos tempos atuais", disse.

O líder do PT no Senado, senador Fabiano Contarato (PT-ES), classificou Dino como um "ser humano admirável e um importante defensor da democracia" e afirmou que a decisão de Lula foi "uma excelente e acertada escolha". "A indicação dele ao STF é o reconhecimento de um trabalho dedicado ao País e aos princípios constitucionais."

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que Lula fez um "golaço" ao apontar Dino para a cadeira vaga no STF. "Não tenho dúvidas que também dará a sua contribuição na mais alta corte do País", afirmou.

Aliada de Dino, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que foi a relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, citou a carreira jurídica e política do ministro da Justiça e disse que poucos "podem se orgulhar de ter uma carreira tão honrada e de retidão".

Filhos de Bolsonaro se opõem à indicação de Dino

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o Senado tem a "obrigação moral" de rejeitar o nome de Flávio Dino, a quem ele chamou de "perseguidor de políticos". Em uma série de manifestações no X, o senador - titular na CCJ - disse que Dino "desdenha" do Legislativo, citando os confrontos do ministro com os parlamentares ao longo deste ano.

Flávio também citou o caso, revelado pelo Estadão, das reuniões de assessores do Ministério da Justiça com a mulher de um líder do Comando Vermelho na sede da pasta em Brasília. "Dino é a favor do aborto, de liberar drogas, desdenha do Parlamento, entra sem a polícia em local dominado pelo tráfico no RJ, seus assessores receberam a 'dama do tráfico' no MJ. Cabuloso!"

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também filho do ex-presidente, disse que o petista desafiava o Senado ao indicar Dino, a quem chamou de "hipócrita". O deputado também afirmou que deseja que a Casa "faça história" e rejeite o nome do ministro da Justiça para o STF.

"Não se pode privilegiar alguém por ser notório perseguidor de opositores políticos. Alguém hipócrita que desrespeitou o Congresso, o próprio STF e os brasileiros ao negar imagens das câmeras do Ministério da Justiça de 8 de janeiro", disse.

Aliados de Bolsonaro dizem que Dino é 'revanchista' e destrói o Congresso

O ex-vice-presidente e senador, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), questionou a indicação de Dino pelo fato de o ministro ter saído da magistratura e iniciado uma carreira política. "Será capaz de agir de forma justa, imparcial e diligente?", questionou.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também criticou a indicação de Flávio Dino ao STF. Segundo o parlamentar, o ministro do governo Lula representa "a destruição de tudo que o Congresso está construindo".

O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS), presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, disse que a aprovação do ministro da Justiça para o STF seria um "verdadeiro desastre", e chamou Dino de "revanchista e descumpridor reincidente da Constituição".

Novo lança abaixo-assinado contra indicação de Dino

Além das manifestações dos opositores ao governo Lula, o partido Novo lançou um abaixo-assinado virtual contra a indicação de Dino para o STF. Chamado de #DinoNao, a iniciativa colheu sete mil assinaturas até o fim da tarde desta segunda. O presidente do partido, Eduardo Ribeiro, chamou Dino de "omisso" e "ministro autoritário". "Se não bastasse tudo isso, ainda abriu as portas do Ministério da Justiça para ONGs ligadas ao crime organizado fazerem lobby livremente", afirmou, citando o caso revelado pelo Estadão.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) criticou a postura de Dino em faltar a audiências no Congresso Nacional e citou o fato de o Ministério da Justiça não ter entregue um pacote de imagens da sede da pasta no dia 8 de janeiro.

"Já temos um STF tão criticado, tão questionado como um tribunal político, e agora colocar um outro político, que tem a revanche e a vingança como instinto, que faz deboches nas suas entrevistas. É assim que Lula realmente mostra seu espírito de que não quer pacificar o País de maneira alguma. Isso é muito evidente", afirmou, por nota.

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse neste sábado, 3, que o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs enviar tropas americanas ao México para ajudar seu governo a combater o tráfico de drogas, mas que ela rejeitou o plano.

As declarações de Sheinbaum foram feitas a apoiadores no leste do México, em resposta a uma reportagem do Wall Street Journal publicada na sexta, 2, descrevendo uma tensa ligação telefônica no mês passado na qual Trump teria pressionado ela a aceitar um papel maior para o exército dos EUA no combate aos cartéis de drogas no México.

"Ele disse, 'Como podemos ajudá-la a combater o tráfico de drogas? Eu proponho que o exército dos Estados Unidos venha e ajude você'. E você sabe o que eu disse a ele? 'Não, presidente Trump'", relatou a presidente do México. Ela acrescentou: "A soberania não está à venda. A soberania é amada e defendida".

"Podemos trabalhar juntos, mas vocês no território de vocês e nós no nosso", disse Sheinbaum. Com uma explosão de aplausos, ela acrescentou: "Nunca aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território".

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Sheinbaum. A postura firme de Sheinbaum neste sábado sinaliza que a pressão dos EUA por intervenção militar unilateral colocaria ela e Trump em atritos, após meses de cooperação em imigração e comércio. Fonte: Associated Press.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse estar pronto para um cessar-fogo com a Rússia a partir deste sábado, 3, caso o país rival aceite uma trégua de, pelo menos, 30 dias. "Esse é um prazo razoável para preparar os próximos passos. A Rússia precisa parar a guerra - cessar seus ataques e bombardeios", escreveu Zelenski em seu perfil da rede social X.

Na mesma publicação, o mandatário ucraniano disse estar se preparando para importantes reuniões e negociações de política externa. "A questão fundamental é se nossos parceiros conseguirão influenciar a Rússia a aderir a um cessar-fogo total - um silêncio duradouro que nos permitiria buscar uma saída para esta guerra. No momento, ninguém vê tal prontidão por parte da Rússia. Pelo contrário, sua retórica interna é cada vez mais mobilizadora", completou, pedindo sanções à energia e aos bancos russos para pressionar o país a parar os ataques.

Mais cedo neste sábado, 3, Zelenski negou a proposta de uma trégua de 72 horas proposta pela Rússia em virtude das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. Os ucranianos também se negaram a garantir a segurança das autoridades que forem a território russo para as celebrações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 para participar do evento. A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, já está em solo russo.

Na preparação para a eleição parlamentar nacional, o governo interino de Portugal anunciou que planeja expulsar cerca de 18 mil estrangeiros que vivem no país sem autorização.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse, neste sábado, 3, que o governo de centro-direita emitirá aproximadamente 18 mil notificações para que as pessoas que estão no país de maneira ilegal saiam.

O ministro afirmou que, na próxima semana, as autoridades começarão a emitir os pedidos para que cerca de 4,5 mil estrangeiros nesta situação saiam voluntariamente dentro de 20 dias.

A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.

Portugal realizará uma eleição geral antecipada em 18 de maio. O primeiro-ministro, Luis Montenegro, convocou a votação antecipada em março, depois que seu governo minoritário, liderado pelo Partido Social Democrata, conservador, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou.

Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.