Não disputar o Planalto em 2022 foi um 'erro grosseiro' do PSDB, afirma Perillo

Política
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O novo presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, considera que o partido cometeu um "erro grosseiro" ao não lançar candidato à Presidência da República no ano passado. Em entrevista ao programa Papo com Editor, do Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, um dia depois de ter sido eleito pelo partido, ele disse que a sigla precisa ter candidatos a prefeito em 2024 nas principais cidades do País e definir desde agora uma estratégia para as eleições de 2026.

Perillo afirmou ainda que o PSDB já tem nome definido para a disputa ao Planalto em 2026: o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, seu antecessor no comando da legenda. "Erramos por não termos lançado candidato à Presidência da República ano passado. Foi um erro grosseiro. Eu me coloquei à época contra essa ideia de apoiar outras candidaturas, fui voto vencido", disse Perillo.

O presidente do PSDB disse que deve viajar pelo País para debater sobre urbanização das cidades e outros assuntos locais. Ele defende que o partido deve lançar o máximo possível de candidatos a prefeito nas eleições municipais de 2024, sobretudo em cidades com mais de 100 mil habitantes, mas ponderou que é preciso avaliar também a viabilidade das candidaturas.

"Acho que a gente vai precisar, mais do que nunca, trabalhar com essa perspectiva de candidaturas nas mais importantes cidades do País e, ao mesmo tempo, definir já uma estratégia quanto às eleições de 2026, com candidaturas fortes nos Estados e candidatura presidencial. Nesse caso, a gente já tem um nome definido, um pré-candidato, que é o Eduardo Leite", emendou.

Desidratação

A previsão de Perillo é que o PSDB vai manter ou aumentar o número de prefeitos eleitos ano que vem, em comparação com 2020, apesar de esperar uma "desidratação" em São Paulo. Em 2022, a sigla perdeu o governo do Estado, seu principal reduto eleitoral por décadas, o que levou também a uma debandada de prefeitos para legendas mais alinhadas ao Republicanos, partido do agora governador Tarcísio de Freitas.

O novo presidente do PSDB afirmou que é hora de "reunificar" o partido, "sobretudo em São Paulo". Para ele, divisões e brigas na sigla, como as que deixaram "cisões profundas" nas prévias de 2022, devem ficar no passado, mas não é possível "tapar o sol com a peneira".

Escolha

Perillo foi eleito para comandar o PSDB na quinta-feira, 30, após uma breve disputa interna com o ex-senador José Aníbal (SP). Ele chegou à presidência da sigla com o apoio do deputado Aécio Neves (MG), que retomou influência no partido após ser absolvido de acusações de corrupção. "Somos um partido. Se não fosse assim, se não houvesse divisões, interesses regionais, não se chamaria 'partido', seria talvez 'unido'. O próprio nome 'partido' já implica em uma série de discussões que existem e são democráticas", comentou. "Eu, por exemplo, sempre defendi prévias a nível nacional, mas [EM 2022]foi muito traumático, criou cisões profundas", emendou o ex-governador de Goiás.

O ex-governador de São Paulo João Doria, na ocasião, venceu a disputa contra Eduardo Leite, mas depois retirou sua candidatura ao Planalto. Segundo Perillo, há uma demanda pela retomada do protagonismo do PSDB, que já governou o País com Fernando Henrique Cardoso por dois mandatos e foi o principal partido de oposição durante as gestões anteriores de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, do PT.

Ele defendeu que a sigla precisa insistir em um discurso de combate ao que chamou de radicalização no País. "Quero ajudar a reunificar o partido, sobretudo em São Paulo, que é o mais importante Estado da federação. E, ao mesmo tempo, trabalhar para acabar com dualidades, divisões, brigas que tiveram no passado, porque se hoje a gente tem dificuldades, bancadas diminutas [NO CONGRESSO]é porque, de alguma maneira, nós erramos", disse.

"Não vou admitir que a gente fique com hipocrisia, tapando o sol com a peneira, fingindo que está tudo certo, quando não está. A gente tem que chamar a responsabilidade de todo mundo para a necessidade de sairmos dessa inércia", frisou Perillo.

Instituto

O novo presidente do PSDB evitou comentar sobre a disputa pelo comando do Instituto Teotônio Vilela (ITV), ligado ao partido. Como mostrou a Coluna do Estadão, uma ala da bancada de deputados da sigla avalia deixar o partido caso perca a presidência do ITV. Os parlamentares querem que o ex-governador Rodrigo Garcia (SP) assuma a entidade, que recebe mais de 20% do fundo eleitoral da legenda.

Aécio, porém, também quer a presidência do órgão. Perillo afirmou que nunca conversou com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), sobre eventual saída dela do partido, mas disse que dará todas as garantias de liberdade para que ela possa ter relações cordiais e fazer parcerias com o governo Lula.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."