Flávio Dino faz livreto com elogios e inclui até Temer para convencer senadores

Política
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Para angariar votos e conseguir ter a sua indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovada pelos senadores da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o ministro da Justiça, Flávio Dino, entregou um livreto com elogios que já recebeu de entidades e políticos, incluindo o ex-presidente Michel Temer (MDB). A publicação fez parte de sua estratégia para tentar convencer a oposição a aprovar seu nome.

Na publicação, Dino pontua que os depoimentos de personalidades políticas e do Direito seriam suficientes para descrever as suas competências para se tornar ministro do STF. "Creio que tais depoimentos e os dados curriculares falam melhor do que quaisquer palavras que possa oferecer", destaca.

O livreto tem 18 páginas e começa com o indicado apresentando o seu currículo acadêmico e a sua carreira jurídica como presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e juiz federal.

Na tentativa de convencer os parlamentares, o ministro da Justiça diz que a sua trajetória política não o afastou do mundo do Direito. Ao longo da sabatina realizada na CCJ nesta quarta-feira, 13, os oposicionistas criticaram a indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmando que Dino possui posições políticas que não serão deixadas de lado caso ele chegue ao Supremo.

"Relevante sublinhar que o desempenho de funções políticas nos últimos 17 anos não implicou o meu afastamento do campo do Direito, já que mantive a ministração de aulas, palestras e a publicação de artigos baseados em argumentações jurídicas", afirma Dino no livreto.

O ministro da Justiça listou ainda os projetos de sua autoria na Câmara dos Deputados - onde esteve entre 2007 e 2011 - que se tornaram lei, como a que estabelece a disciplina processual da ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Dino também listou elogios de ministros do Supremo, de entidades da classe jurídica como o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e dos ministros Bruno Dantas (Tribunal de Contas da União) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), que também tiveram os nomes cotados para a indicação ao STF.

Dino listou elogios de políticos de direita para convencer opositores

No final do livreto, Dino incluiu declarações de políticos alinhados com a direita política para persuadir os oposicionistas. Um dos citados é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), aliado político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que falou sobre a indicação de Lula ao STF durante uma entrevista ao podcast Reconversa.

"Gostar ou não gostar é uma coisa. Agora você não pode desconhecer a inteligência das pessoas, desmerecer a capacidade intelectual, a formação, a inteligência, você não pode. Quantas vezes nós já debatemos dentro do Congresso, sempre fizemos um debate civilizado", afirmou o governador goiano.

Uma manifestação do ex-presidente Michel Temer também aparece no livreto, destacando que recebia auxílios de Dino durante o seu mandato como presidente da Câmara entre 2009 e 2010. "Ele lá do plenário me ajudava com argumentos jurídicos. Sob o foco jurídico, eu não tenho dúvida de que ele está muito bem posto no Supremo", afirmou o ex-presidente.

Durante a sabatina, Dino foi questionado pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), que afirmou que ele não teria as competências necessárias para assumir o cargo no STF. O ministro então sacou o livreto e fez uma leitura das citações feitas por Temer e Caiado. "Não é um quadro da esquerda o Michel Temer", afirmou o indicado sobre o ex-presidente. "Ronaldo Caiado é insuspeito de ser bolchevista e algo desse tipo", disse sobre o mandatário goiano.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) que, apesar de fazer parte de um partido que não integra o governo federal, flerta com a base do petista, também aparece no documento enviado aos senadores elogiando o maranhense. "O ministro Flávio Dino tem uma trajetória anterior que o credencia a ocupar qualquer tipo de cargo, inclusive de ministro do Supremo", destaca o trecho creditado à mandatária.

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De mãe brasileira e pai argentino, Kira Salim (Clara Ganapol Salim) é uma das vítimas do atropelamento que deixou 11 mortos durante um festival de rua em Vancouver, no Canadá.

A vítima tinha 34 anos e há quase três anos morava na Columbia Britânica. Kira era musicista, formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) em 2014, com mestrado em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e Educação na Universidad Europea del Atlántico Universidad Europea del Atlántico, concluído em 2021.

Desde 2024, atuava como conselheira escolar na Fraser River Middle School, na cidade de New Westminster. Anteriormente, trabalhou como professora infantil em outra escola secundária no Canadá e foi professora de música na Escola Americana do Rio de Janeiro. Kira era casada e se identificava como uma pessoa não-binária.

Nas suas redes profissionais, Kira afirmava que sua missão pessoal era "facilitar o desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas e criar um ambiente diverso e equitativo".

A vítima também trabalhava com a adaptação de condições acadêmicas especiais, para estudantes neurodivergentes e estudantes com deficiências.

No Brasil, Kira fundou e cantou no bloco Marcha Nerd, com alguns amigos de faculdade da Unirio, em 2013. O bloco reúne pessoas fantasiadas de cosplay, com foliões fantasiados de personagens de animes, desenhos animados, filmes e histórias em quadrinhos, ao som de aberturas e trilhas de séries, filmes e animes.

"A ideia era tirar de casa as pessoas que frequentavam eventos de anime, cinema e levar elas para o carnaval. Juntar esses dois mundos tão distantes", afirmou Kira em uma entrevista no Youtube.

Em 2022, antes de ir para o Canadá, Kira se despediu com um vídeo publicado nas redes sociais do bloco, e compartilhou a ansiedade em morar no Canadá, principalmente pela forte presença da cultura asiática no país - uma das suas principais paixões.

Além de professora de música, Kira era compositora e pianista.

O governador de Illinois, JB Pritzker, discursou neste domingo, 27, em um evento tradicional do Partido Democrata de New Hampshire, reforçando sua projeção nacional em meio a especulações sobre uma possível candidatura presidencial em 2028. O jantar aconteceu no McIntyre-Shaheen 100 Club, onde Pritzker foi o orador principal. Trata-se de um dos principais eventos do calendário político no Estado, que realiza a primeira primária presidencial dos Estados Unidos.

De acordo com sua assessoria, Pritzker tratou da "ascensão do autoritarismo" e da necessidade de os democratas "lutarem contra isso". O bilionário herdeiro da rede Hyatt já havia chamado atenção nacional em fevereiro, ao comparar parte da retórica do presidente Donald Trump ao discurso da Alemanha nazista.

Pritzker tem feito uma série de discursos de perfil nacional, incluindo participação em um evento da Human Rights Campaign em Los Angeles e outro programado para junho em Minnesota. Ele ainda não confirmou se pretende buscar a reeleição para o governo de Illinois em 2026.

Entre os governadores democratas apontados como potenciais candidatos em 2028, Pritzker tem se posicionado de forma distinta. Gretchen Whitmer, de Michigan, buscou pontos de diálogo com Trump, enquanto Gavin Newsom, da Califórnia, lançou um podcast em que entrevista aliados do ex-presidente, como Steve Bannon.

Lou D'Allesandro, ex-senador estadual de New Hampshire e que conheceu Pritzker em Chicago anos atrás, afirmou que o governador de Illinois "tem todos os ingredientes para chegar ao topo", mas alertou que os democratas precisam reconectar-se com as bases eleitorais. Pritzker já havia sido orador em outro evento democrata em New Hampshire em 2022, o que já havia alimentado especulações sobre suas ambições nacionais.

Kira Salim (Clara Ganapol Salim), musicista brasileira de 34 anos, é uma das 11 vítimas mortas num atropelamento em um festival de rua em Vancouver, no Canadá, na madrugada deste domingo, 27 (pelo horário de Brasília). De identidade de gênero não-binária, Kira vivia no Canadá com o marido há quase três anos.

O Itamaraty confirmou ao Estadão o falecimento de uma cidadã brasileira no ataque e informou prestar todo atendimento consular aos familiares. No Brasil, parentes de Kira confirmaram sua morte à reportagem.

Natural do Rio de Janeiro e com família no Rio Grande do Sul, Kira formou-se em Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), em 2014.

Segundo a família, o marido de Kira não estava presente no momento do incidente e aguarda o contato das autoridades locais para dar celeridade ao processo de sepultamento. A vítima trabalhava em uma escola na cidade de New Westminster, a cerca de 26 quilômetros do centro Vancouver.

A polícia de Vancouver informou que a identificação das vítimas do acidente passa por lentidão, mas deve se normalizar nas próximas horas

No Brasil, Kira organizou e cantou no bloco Marcha Nerd, que reúne pelas ruas do Rio de Janeiro diversas pessoas fantasiadas de personagens de animes, desenhos animados, videogames, filmes e histórias em quadrinhos, ao som de aberturas e trilhas de séries, filmes e animes das décadas de 80 e 90.

Kira se despediu do bloco em julho de 2022 e, em vídeo publicado nas redes sociais, compartilhou a ansiedade em morar no Canadá.

Nas redes sociais, Kira afirmava que sua missão pessoal como profissional da educação era facilitar o desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas, criando um ambiente "diverso e equitativo que valoriza diferentes forças e personalidades, oferecendo soluções personalizadas e inovadoras para apoiar os pacientes".

A polícia de Vancouver confirmou que um homem de 30 anos foi dominado pela multidão e preso em seguida. Ele permanece sob custódia. Durante coletiva, o chefe interino da polícia local, Steve Rai, afirmou que o suspeito sofre com problemas de saúde mental e tinha um histórico significativo de interações com a polícia e profissionais de saúde.

Rai em coletiva também descartou, por enquanto, que o caso tenha algum tipo de motivação terrorista e chamou o ataque de o dia mais sombrio da história da cidade. "Em nome de todos no Departamento de Polícia de Vancouver, quero expressar minhas sinceras condolências às vítimas, suas famílias e entes queridos e a todos que foram afetados por este ato de violência sem sentido e doloroso", disse em nota.

Festival homenageia chefe indígena filipino que lutou contra colonizadores

O Dia de Lapu Lapu comemora Datu Lapu-Lapu, um chefe indígena que enfrentou os colonizadores espanhóis que chegaram às Filipinas no século 16.

Os organizadores do evento em Vancouver disseram que ele "representa a alma da resistência nativa, uma força poderosa que ajudou a moldar a identidade filipina frente à colonização".

Políticos canadenses expressam solidariedade

O primeiro-ministro, Mark Carney, e outros políticos canadenses importantes publicaram mensagens expressando choque pela violência, condolências às vítimas e apoio à comunidade que celebrava sua herança cultural no festival.

"Ofereço minhas mais profundas condolências aos entes queridos dos falecidos e feridos, à comunidade filipino-canadense e a todos em Vancouver. Estamos de luto com vocês. Estamos monitorando a situação de perto e agradecemos aos nossos socorristas pela rápida ação", escreveu Carney.

"Enquanto esperamos para saber mais, nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias, e com a comunidade filipina de Vancouver, que se reunia hoje para celebrar a resiliência", escreveu Jagmeet Singh, líder do Novo Partido Democrático, que havia estado no festival mais cedo naquele dia.

"Meus pensamentos estão com a comunidade filipina e todas as vítimas deste ataque sem sentido. Obrigado aos serviços de emergência que estão na cena enquanto esperamos para saber mais", escreveu Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador.

David Eby, o primeiro-ministro da Colúmbia Britânica, a província onde Vancouver está localizada, disse que estava chocado e com o coração partido. "Estamos em contato com a cidade de Vancouver e forneceremos qualquer apoio necessário", escreveu Eby.